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POLÍTICA

Fui ameaçado de perder o mandato se não acatasse o pedido do partido de ser oposição, diz João Martins

Em visita a redação da Casa de Notícias o vereador pedetista, João Martins falou dos acontecimentos políticos no último período, disse sentir-se insatisfeito com os rumos que o PDT tem tomado e  se o quadro político não se reverter está disposto a abandonar a sigla. Comentou sobre a eleição da mesa diretora da Câmara e o apoio do PDT e do PP ao nome de Adelar Holsbach. Lamentou a perda de espaço do PDT na administração municipal e, segundo ele, nada é feito.

13/01/2011 - 15:06


João Martins revelou que no último período o PDT perdeu um cargo de primeiro escalão e dois diretores e que o partido está perdido e fragilizado, por isso, não consegue atuar na defesa dos cargos e espaço político que já teve. “Quando foi divulgado que o PDT tinha perdido três cargos na administração eu fiquei muito preocupado e imediatamente liguei para o presidente eleito da Câmara, Adelar Holsbach e perguntei se ele tinha conhecimento dos motivos pelos quais a administração tirou estes líderes do partido destes cargos. Num primeiro momento o Adelar me convidou para fazermos uma reunião com o prefeito para discutirmos o assunto, um segundo momento disse que iria aguardar a Câmara retomar os trabalhos para saber a razão do afastamento destes líderes”.

Mesa diretora

O vereador pedetista revelou que o projeto de ser presidente da mesa diretora da Câmara foi um diálogo estabelecido com os grupos de oposição e também de situação. “O presidente que deixou o cargo (Renato Reimann) era de situação, mas compunha a mesa com a oposição que era o vice-presidente e o secretário, então eu não estava preocupado com esta relação, pois eu vinha conversando com eles há um ano, estava tranquilo em assumir esta campanha e ser eleito, até no domingo (anterior a eleição da mesa diretora), era certo a minha eleição. Na segunda-feira, às 11h31 o vereador Gasolina, depois de um ano que eu o Adriano, Paulinho, Ademar, Bisognin e o próprio Expedito – o Gasolina – vínhamos negociando , o Expedito disse de última hora que não votaria em mim. Ele disse que o governador do Estado, Beto Richa, ligou para ele pedindo para ele votar com o grupo. Eu não acredito que o governador do Estado iria ligar para o vereador Expedito, para ele mudar seu voto num projeto de um ano de conversas e negociações e votar para um candidato do PDT, do meu partido. Isso é muito estranho e certamente a dúvida deve ficar por muito tempo, do o porquê desta mudança de posição, tão rápida, do Expedito (Gasolina)”.

João Martins afirmou que o PDT não fez nenhum balanço para avaliar o ocorrido pelo PDT. “Após as eleições tive informações que alguns líderes do PDT estavam trabalhando nos bastidores para que eu não fosse o presidente e trabalharam para que o Pelanca fosse o presidente. Acho muito estranho esta atitude de algumas lideranças do PDT, porque eu sempre fui muito parceiro do PDT e da Administração Pública, nunca fugi, nunca menti para não participar de uma sessão ordinária ou extraordinária da Câmara, para votar em Projetos polêmicos da administração. Por isso acredito mais que foi uma decisão pessoal, algo contra a minha pessoa”.

O PDT tem que estar ao lado da administração

“O PDT tem que estar ao lado da administração pública e a administração deve ter confiança nisso, caso contrário não teria apoiado o nome do Adelar Holsbach como presidente da Casa. O então senador Osmar Dias, na época da eleição, pediu para que eu e o vereador Adelar passássemos a ser oposição na primeira sessão da Câmara, mas eu avalio que a administra do Zé (José Carlos Schiavinato) é muito boa e diante do que se vê, até o momento, é uma pessoa bastante honesta, então eu me mantive na posição firme de apoio a situação. Se dependesse do partido, do Osmar Dias, do Mosconi, então eu seria oposição há mais de 90 dias. Oposição mesmo - fazer o papel que o Paulinho faz. Era ser oposição, bater de frente com a administração. Houve momentos que eu fui ameaçado de perder minha legislatura se eu não obedecesse ao pedido do partido, mas eu me mantive firme. Por isso eu acho estranha essa eleição da Câmara, Por eu ter esta fidelidade tão grande junto a administração e ter essa surpresa”.

Quanto ao pedido feito pelo PDT aos vereadores de comporem a oposição João Martins afirmou que ele foi o único vereador que combateu a ideia. “De forma muito tranquila eu analisei que não era o momento que, por enquanto, nós deveríamos nos manter junto a administração”.

Deixar o PDT

João Martins disse estar triste com os rumos políticos tomados, em especial nos últimos 90 dias, e considera a possibilidade no prazo legal deixar o PDT. “Se a coisa continuar desta forma, você pode ter certeza que deixo o partido”.

O vereador disse que tem recebido convite de vários partidos entre eles o PMDB, o PSDB, mas foi o PSC que o João Martins demonstrou-se mais interessado. “O deputado federal que eu ajudei eleger, o Nelson Padovani, colocou o PSC a minha disposição, no momento que eu quiser pegar o partido e formar um novo partido que tem crescido em nível nacional, está aí a minha disposição”.

Martins disse que até o PP já o convidou, mas ele avalia que, embora já tenha passado pelo partido ele teria um espaço muito pequeno. “Não digo que não volte nunca, mas hoje seria muito difícil, os admiro, mas tem muito partido novo que está crescendo e não tem aquelas raposas que querem ser os donos do partido e partido não tem dono ”.

Ao ser questionado sobre o que João Martins espera do PDT para não deixar a sigla ele afirmou: “espero que o partido volte a se reorganizar, porque você sabe da situação do PDT hoje em Toledo, entre o ex-presidente, o atual presidente, entre eu  e o Pelanca (Adelar Holsbach), que fomos os dois do PDT candidatos a presidência da Casa... isso já dá para perceber que não existe uma união forte entre o partido, porque se existisse – o Pelanca sabia que eu era candidato há mais de seis meses e se houvesse uma consideração entre colegas de partido Adelar teria aberto mão, por mais que houvesse uma pressão muito grande de deputados do executivo, ele teria dito que o candidato era seu colega de partido, mas eu acredito que diante do diálogo, do prejuízo que o PDT tem tomado junto a administração pública que perdeu três cargos de confiança, eu acredito que o partido deve voltar a forma que era antes”.

Por Selma Becker

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