Segundo Zenaide, a meritocracia neste caso, pode ser prejudicial, porque pode não levar em conta, dificuldades que algumas escolas tem e outras não tem. Essas dificuldades podem aparecer na localização geográfica (em bairros mais conflituosos que outros), por exemplo. "Não podemos tratar todos como iguais, por que cada escola tem uma característica diferente, que por vezes impede dela sozinha conseguir chegar em um bom nível", argumenta. Segundo ela, "professor não faz milagre" e mais do que premiar, é necessário incentivar a escola que obteve a menor nota. "Deveria-se tentar entender os motivos para a última colocada estar na posição que está", e arremata: "O prêmio pode até ajudar a enfraquecer a classe".
Outra especialista, a Professora do curso de química na Unioeste e Doutora em Educação, Marcia Borin da Cunha, também é contra a ideia do prêmio. Para ela, o município deveria investir na formação do professor e no aparelhamento da escola, ao invés de prêmios. "Eu particularmente sou contra este tipo de prêmio, porque isso é pontual e passageiro. É necessário sempre se investir em educação", completa.
A Lei que rege o prêmio é a Lei Municipal nº 190/2011, que além de promover o 14º salário em regime de meritocracia, dá para os funcionários da escola que obteve a segunda posição no Ideb, 80% do total de um salário também no final do ano. Além disso a escola vencedora recebe prêmios da prefeitura como televisores e retroprojetares pela vitória.
Premiadas
Para vencer, as escolas premiadas apresentam quase sempre a mesma fórmula. A grande bicampeã, a escola municipal Washington Luís, busca na equipe de funcionários e no diálogo com os pais uma fórmula para sua excelência. O diretor da escola, Clóvis Scarton, garante que a união escola e família é essencial para o sucesso. "Nós buscamos sempre a ajuda da comunidade para melhorar cada vez mais", destacou.
Para o diretor o prêmio é um incentivo para os funcionários continuarem o bom trabalho. "Eu vejo como uma competição saudável (entre as escolas para conseguir as melhores notas no Ideb), faz com que as escolas não se acomodem", defende.
A escola Washington Luiz fica localizada no distrito de Nova Sobradinho, e possuí 139 alunos.
Outras duas escolas ficaram empatadas em segundo lugar, ambas com a nota 7,4. A Escola Municipal Borges de Medeiros e a Escola Municipal Arsênio Heiss. A primeira, além do trabalho próximos dos pais, desenvolve atendimento psicossocial, aulas de reforço e até avaliações diferenciadas para quem tem dificuldades na escola. "Fazemos o investimento no aluno, discutimos a situação de cada aluno no conselho de classe", explica a diretora do colégio Neusi do Nascimento Santos.
A escola tem 380 alunos e sobre a avaliação a diretora concorda que é uma situação polêmica. "A realidade de cada escola deve ser analisada de maneira diferenciada. Todas as escolas tem seu mérito na melhoria da nota do município", comenta.
Já a diretora da escola Arsênio Heiss, empatada com a Borges de Medeiros na segunda colocação, Tereza Matos, disse que a fórmula do sucesso passa por "muito trabalho e seriedade". Além da união entre professores, equipe e pais. Ela lembrou que a escola de 400 alunos ficou pela segunda vez consecutiva na segunda posição e disse que "o prêmio serve como motivação". "Também queremos um incentivo para a nossa escola", afirmou.
Por Maurício de Olinda
EDUCAÇÃO
Lei municipal que premia melhores no Ideb é contestado por educadoras
Um prêmio em dinheiro, em forma de 14º salários, será dado pela segunda vez consecutiva, para a Escola Municipal Washington Luís, localizada no distrito de Nova Sobradinho, em Toledo. A congratulação por parte da Prefeitura, será concedida por causa da qualificação da escola no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O colégio alcançou a nota de 7,9 na avaliação nacional. Por isso, todos os funcionários da escola vão receber um 14º salário no final do ano. Os provimentos iniciais de um professor que atua 20 horas em sala de aula em Toledo é de R$1154,32. Bom para os professores da escola vencedora, ruim para o ensino púbico municipal da cidade na visão da Historiadora e Doutora em Educação Zenaide Gatti, que também é professora de ensino fundamental e médio pelo Estado do Paraná.
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