Casos
Para Denise a maior surpresa foi os dois registros de homossexuais. Para ela, esta era uma categoria que estava se cuidando muito. “Neste ano, pensaremos uma forma de trabalhar esta categoria. Mas teremos o cuidado de não os enquadrar como grupo de risco - como eles foram colocados na descoberta da doença -, mas uma categoria que precisa de uma proposta de prevenção de HIV/Aids e DST’s”. Ela ainda comenta que em conversas com homossexuais, ela os aconselha a estruturarem um grupo para auxiliar na busca de direitos e melhor qualidade de vida. “Acredito que a categoria deveria formar uma ONG ou um grupo fortalecido. Tivemos as Conferências Municipais, Estaduais e Nacionais de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais, sem a participação do Município. Em 2009 até procuramos levar alguém do grupo, porém a exposição ainda é muito difícil em função das famílias, do preconceito e retaliação no local de trabalho”.
Para Denise, o homossexual é ‘ser’, ou seja, ele nasceu assim. Quando ele começa a se descobrir hoje, ele não se descobre como um homossexual, mas ele se percebe como diferente. “Até estamos acompanhando jovens em suas famílias, porque muitas delas não conseguem aceitar esta decisão e tem medo da discriminação, principalmente do homem. A mulher não se tem isto muito visível. Exemplo: É muito mais comum ver duas mulheres andando de mãos dados, do que dois homens”.
Também faz parte dos casos de março, o diagnóstico tardio no hospital de uma jovem de 20 anos que durante o pré-parto foi constado que ela não tinha feito nenhum pré-natal. Conforme Denise, a equipe perdeu a etapa do tratamento durante a gestação. Diante desta situação, a equipe realiza um tratamento de profilaxia, onde em 40 dias é ofertada uma medicação a criança para evitar a contaminação. Denise argumenta que neste período a criança produz as suas células de defesa, sendo assim pode eliminar as células contaminadas da mãe. De acordo com o protocolo do Ministério da Saúde, o resultado se uma criança possui ou não o vírus do HIV/Aids é apresentado quando ela completa dois anos. “Realizamos o tratamento de profilaxia durante 40 dias e logo após entramos com Sulfa para proteger o pulmão, caso ela seja positiva e tiver alguma infecção pulmonar para evitar outras complicações”.
Denise ainda comenta que 95% deste tipo de caso, o resultado final é negativo. “A decisão desta mãe não fazer os pré-natais é um absurdo, pois o Sistema Público oferta estes exames e premia as mulheres que efetuarem mais de sete consultas. Neste ano intensificaremos as campanhas, porque é preciso lembrar que para a saúde pública o tratamento com a gestante é mais barato do que na criança, após o nascimento”.
Denise afirma que atualmente no momento do parto é obrigatório fazer o teste do HIV, porque a mulher continua se relacionando e ela pode adquirir o vírus durante a gestação, por isso, neste ano, será implantado em Toledo o exame pré-natal para o homem.
Denise relata que muitas pessoas procuram o CTA para fazer os exames, porém não os buscam quando completa o tempo determinado. “Estamos com três pessoas que optaram por este serviço e não buscaram o resultado. A partir do momento que se decide fazer um teste tem que buscar o resultado. Apesar do teste ser sigiloso a grande maioria passa o endereço. Caso a pessoa não busque no prazo de 60 dias realizamos uma busca ativa. Pela busca ativa ele entende que tem o vírus. Em dois casos nos preocupamos que o resultado de sífilis foi muito alto. Teriam que fazer imediatamente o tratamento”. Denise ainda lembra que a equipe optou por não fazer o teste rápido em campanhas em lugares abertos, porque ainda é algo complexo para um resultado positivo.
Por Graciela Souza