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Agricultura familiar enfrenta o drama da sucessão nas propriedades; Sine oferta vagas que não são preenchidas na maioria das vezes

No Paraná, a agricultura familiar representa mais de 302 mil estabelecimentos rurais e 81,63% das propriedades agropecuárias. Em uma área de apenas 27,8% do total de estabelecimentos existentes, a agricultura familiar responde pelo emprego de 70% da mão-de-obra ocupada na agricultura e por 43% do Valor Bruto da Produção (VBP), que indicador de geração de renda e incremento à economia do estado. Diante deste cenário que evidencia a importância da atividade, uma questão vem se acentuando no círculo dos debates do setor: a sucessão nas propriedades rurais. Estudos acadêmicos e das próprias entidades de classe como a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (FETRAF-Sul) já indicam que a problemática vem se acentuando e que muitas famílias vêm seus filhos migrando para as cidades e abrindo mão da continuidade da atividade familiar.

07/05/2011 - 09:24


Um indicativo desta realidade é abertura cada vez mais crescente de vagas para trabalhadores rurais abertas nas Agências de Trabalhador. De acordo com Jozimar Polasso, gerente da agência de Toledo, em 2010 foram abertas 62 vagas para trabalhadores rurais, sendo que foram encaminhados 259, mas somente 10 foram colocados em propriedades rurais. Polasso explica que há definido um perfil desse trabalhador e que é essa é grande dificuldade, encontrar pessoas que se adéqüem aquilo que as propriedades rurais necessitam, bem como que os candidatos se sintam atraídos a morar em propriedades rurais. Ele informa que essa demanda vem crescendo paulatinamente, entretanto, é muito difícil suprir a necessidade de profissionais para a área rural. “Temos observado que o número de vagas vem crescendo mês a mês para trabalhadores rurais. O número de colocações é baixo de colocações para suprir a demanda”, diz Polasso. Ele relata ainda que um dos problemas que interfere na colocação é o fato de que os candidatos muitas vezes não se adéquam ao que a expectativa do empregador, como por exemplo experiência na atividade rural. Ele cita ocaso do segmento da avicultura, no qual é preciso um mínimo de preparo para administrar uma granja, no caso de um erro uma produção inteira pode ser comprometida.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Toledo, Luis Schaefer existem diversos fatores que contribuíram na problemática da sucessão da propriedade rural. “Um dos aspectos é de que existem produtores que não diversificaram sua produção e  não conseguiram mais sobreviver com essa atividade. Por exemplo, um casal que tem quatro ou cinco filhos, em uma propriedade rural que não diversifucou e aumentou a renda, não consegue gerar emprego para todos os filhos. Então eles acabam migrando para em busca de emprego”, relata Schaefer que destaca ainda que muitos jovens migram para a cidade em busca do acesso ao estudo e de novas oportunidades. Outro fator apontado pelo presidente do Sindicato é a questão do endividamento. “O endividamento do passado, os juros muitos altos, fez com que o agricultor tivesse que vender a propriedade”, argumenta Schaefer sobre as dificuldades dos pequenos agricultores.
O presidente da presidente da Cooperativa de Agricultores Familiares de Toledo (COFATOL) Delvo Baldin, afirma que a questão da sucessão na propriedade rural  “é um problema sério”. Segundo ele um fator que desencadeou este processo foi a mecanização. “Nem todos conseguiram comprar maquinários, e isso contribui para que as pessoas deixassem a atividade rural”.  Baldin relata que ele mesmo não terá sucessor em sua propriedade. “Eu não vou ter sucessor para aquilo que o meu pai deixou para mim. O meu filho já é formado e mora em Curitiba”, conta.
Fetraf- Sul
A Fetraf-Sul/CUT – Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar – realizou no fim do mês de abril o Encontro da Agricultura Familiar, no Centro de eventos de Concórdia - SC. Mais de 8 mil agricultores dos três estados do Sul estiveram presentes lotando a arena do Centro de Eventos de Concórdia, no oeste de Santa Catarina. O principal objetivo do encontro foi a entrega da pauta de reivindicações a representantes do poder público como o Presidente da Câmara dos Deputados Federais Marco Maia, a Ministra da Pesca Ideli Salvati e o Secretário Nacional da Agricultura Familiar Laudemir Muller.
 No encontro foi entregue a pauta de reivindicações 2011. O coordenador da Fetraf-Sul Celso Ludwig, explica que este é um dos encontros mais representativos da história da Agricultura Familiar porque a pauta foi construída à muitas mãos. A pauta de reivindicações 2011 levanta temas como renda e o endividamento, mas a sucessão da propriedade é o que mais preocupa os agricultores.
 
Confira reportagem em vídeo.
 
Por Rosselane Giordani
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