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GERAL

Mais de 90% dos casos de violência contra menores o agressor é a família

Neste mês, a Secretaria de Assistência Social e o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (CMCD) estão realizando uma reflexão sobre a violência e o abuso sexual infantil. Nesta quarta-feira (18) é o Dia Nacional de Combate. Infelizmente, as estatísticas em Toledo mostram que mais de 90% dos casos de violência contra crianças e adolescentes acontecem dentro da família. Em entrevista a Casa de Notícias, a secretária Ires Damian Scuzziato explicou que muitas crianças ou adolescentes não conseguem entender esta violência, pois o pai e a mãe são as pessoas que os jovens mais amam. Em 2010, a Secretaria registrou 159 casos de violência. Neste ano, já foram registrados 87 casos. As violências mais reincidentes são negligência, abuso sexual e psicológica. Em 2010 foram 69 casos de negligência contra 27 deste ano. No ano passado 30 jovens sofreram abuso sexual, em 2011 este número já chega a 22, e 20 crianças ou adolescentes sofreram violência psicológica em 2010;  e neste ano foram 12.

15/05/2011 - 08:00


Casa de Notícias - 18 de maio é o Dia Nacional do Combate a Violência e ao Abuso Sexual infantil. Quais são os trabalhos desenvolvidos pela Secretaria de Assistência Social de Toledo no município?
Há anos, a Secretaria juntamente com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e a Unioeste têm desenvolvido um trabalho de reflexão em relação às violências cometidas contra as nossas crianças e adolescentes. Não é um dia, mas um mês de reflexão. 18 de maio é um dia para repensarmos em nossas atitudes com as nossas crianças. Estamos com várias ações sendo realizadas neste mês.

Quais são as ações desenvolvidas pela Secretaria?
Em relação ao atendimento a criança e o adolescente - vítimas de violência – e, também da família deste jovem, atualmente, a Secretaria tem um serviço chamado CREAS, onde trabalhamos com a criança (vítima) e a família (muitas vezes a parte agressora). No CREAS, há uma equipe formada por psicólogo, assistente social, psicopedagogo e advogado que vai atender as vítimas. As denúncias que recebemos são das escolas, do Conselho Tutelar e da sociedade. A equipe verifica a veracidade da denúncia e, na sequência, realiza um acompanhamento com este jovem. Caso a violência não seja minimizada ou estagnada, a equipe informa ao Ministério Público e o juiz pode até retirar as crianças da família. A Secretaria possui duas casas abrigos e uma para adolescente com problemas mentais. O Município possui várias ações que são desenvolvidas para as crianças e os adolescentes vítimas de violência.

Qual o trabalho preventivo desenvolvido pela Secretaria?
A Secretaria desenvolve um trabalho com as mães-gestantes chamado Programa Cegonha Feliz, onde duas psicólogas trabalham a afetividade, do como receber e cuidar desta criança. É um passo que estamos dando na gestação para quando esta criança nascer, elas estar em um ambiente acolhedor, porque infelizmente hoje quem deveria proteger a criança é o agressor, porque mais de 90% dos casos de violência contra crianças e adolescentes acontecem dentro da família. Também temos os CRAS, onde trabalha-se os vínculos familiares. Observamos que as famílias estão bastante desgastadas com muitas brigas dentro das próprias famílias. A família vem até o CRAS e a equipe começa a trabalhar a questão do restabelecimento de vínculos com esta família, porque as vezes é necessário a interferência de um profissional (...).

Quais são as formas de violência registradas contra a criança pela Secretaria?
Estamos tendo muita demanda de negligência, o não cuidar da criança; deixá-la sozinha em casa; não levar para o médico quando está doente; crianças vítimas de quedas dentro de casa que se machucam muito, estas são algumas negligências. Temos ainda a violência psicológica que é aquela denegri a imagem da criança. Às vezes, pensamos que é algo banal, mas a criança acaba absorvendo (...). Sempre comentamos se a mãe e o pai são as pessoas que a criança mais ama e estas pessoas falam que estas crianças não prestam e que não serve para nada, a criança cresce com isso na cabeça. Outra questão é a violência física - está possui mais denúncias - porque ela deixa marcas. Enfim, todas as violências deixam marcas, sejam elas psicológicas, na pele ou afetivas. A criança apresenta hematomas e sinais de objetos mostrando que ela foi agredida com calçados ou cintos. Por ela ser mais visível as pessoas denunciam este tipo de violência. Temos outro tipo de violência que é a sexual. Esta é mais velada e a mais escondida, porque ela acontece no seio da família. O abuso sexual não se dá somente no ato sexual, e sim, quando o adulto sente prazer em manipular os órgãos da criança. Para a criança é difícil perceber que é um abuso, porque ela não entende ainda o que é ato de carinho e o que é um abuso sexual. Este tipo de violência é o mais difícil de detectar a veracidade dos fatos e o que menos tem denúncias.

A partir das estatísticas da Secretaria, quais são os números registrados no ano passado?
Na negligência foram atendidos 69 casos; de abuso sexual 30 casos; violência psicológica 20 casos. Nas estatísticas percebemos a pouca denúncia de pessoas em relação à agressão física. Com os dados observamos que vivemos uma cultura que só se educa uma criança agredindo; que o adulto só vai se tornar um adulto bom se tiver sido agredido quando criança. Sabemos que devemos sentar e dialogar com os nossos filhos. Se a criança recebe muita agressão física em casa com certeza será um agressor de seus colegas e assim sucessivamente (...). Infelizmente devido a rotina das famílias, elas têm pouco tempo para cuidar de seus filhos. Nas palestras que realizamos com as mães falamos para deixar um pouco serviço da casa e dar mais atenção aos filhos, que conversem (...), cuidem e se dediquem mais a eles (...).

**Programação**
No dia 18 de maio, no período da manhã, será realizada uma panfletagem nas proximidades da praça Willy Barth. A tarde será realizada a palestra sobre “A realidade da violência contra a criança e o adolescente no município de Toledo e as possibilidades de atendimento na rede de proteção”, no Centro Cultural Ondy Niederauer.

Confira a matéria completa em vídeo.

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