A editora Vieira & Lent anunciou que vai encerras as atividades na virada do ano. Até o dia 30 de novembro, os livros que sobraram da divisão que a editora fez com seus autores serão vendidos pelo site com 50% de desconto. Criada em 2002, a editora já publicou 130 títulos com a tiragem média de dois mil exemplares entre divulgação científica para adultos e pequenos leitores.
A editora e responsável, Cilene Vieira, diz que o mercado editorial entrou em uma situação complicada. “Eu não gosto do rumo que as coisas estão tomando, como por exemplo, vender diretamente para o leitor, algo que considero um desrespeito à cadeia de livro”. Ela ainda faa que não quer mudar a linha editorial, fazer livros pagos, trabalhar com pequenas tiragens ou depender de compras governamentais.
“Nossa linha editorial gerou a criação da editora. Ocupo um nicho único no mercado, com livros escritos, em sua maioria, por jovens autores nacionais. Editar por editar é fácil e tem milhares de editoras por aí. O desafio é se manter firme em sua linha editorial e não se trata de um negócio com corrida desenfreada para gerar lucro.”
Ela explica ainda que gerar receita se tornou uma necessidade. Cilene já experimentou publicar ficção para sentir a receptividade do mercado. "O mercado já não atua ou responde como antes", comenta. Os infantis seguem a linha da Vieira & Lent e são da área de educação científica. “Mas editar infantil é apenas uma seção, um selo, nunca foi meu desejo ter uma editora de livros infantis. Não é minha vocação”.
Além da questão da diminuição das vendas, ela cita outros entraves, como o abrupto cancelamento do cartão BNDES usado para financiamento de produção (papel e gráfica). “Isso aconteceu comigo justamente num período em que eu lançava quatro novos títulos e oito reimpressões. Foi um baque e comecei a pensar em encerrar. O Brasil que se desenhava não seria receptivo a pequenos empreendedores”, contou. Isso ocorreu no segundo semestre de 2013. “Minha independência, no sentido rigoroso do termo, sempre foi muito preciosa. A única coisa que não consigo abrir mão.”