Também, no Brasil há 1,4 doutor para cada 1.000 habitantes, enquanto que nos EUA há 6,4 e na Suíça 23,0 doutores por habitantes. Estatísticas à parte, nota-se também que o melhor de nossa ciência e tecnologia ainda não é totalmente refletido no desenvolvimento econômico nacional. De acordo com o Presidente do CNPQ, Glacius Oliva, há um aumento do déficit na balança comercial brasileira com tendência ao crescimento da dependência externa. Há uma tradição ainda colonial em nosso país de valorizarmos as commodities (mercadoria em inglês), oriundos de processos extrativistas ou de produção primária. As commodities se caracterizam por não passaram por processo industrial, sendo basicamente matérias primas. O Brasil é um grande produtor e exportador de commodities. As principais commodities produzidas e exportadas por nosso país são: petróleo, café, suco de laranja, minério de ferro, soja e alumínio. Se por um lado o país se beneficia do comércio destas mercadorias, por outro o torna dependente dos preços estabelecidos internacionalmente. Quando há alta demanda internacional, os preços sobem e as empresas produtoras lucram muito. Porém, num quadro de recessão mundial, as commodities se desvalorizam, prejudicando os lucros das empresas e o valor de suas ações negociadas em bolsa de valores. Nossa tradição não é de agregar valor a estes produtos. Assim, para comprarmos uma tonelada de componentes impressos para a informática temos que vender cerca de 1,75 tonelada de soja. Somos dependentes da produção externa. O setor produtivo e a Ciência brasileira ainda não têm tradição inovadora. Podemos possuir o jeitinho brasileiro, mas não criamos com qualidade. A participação brasileira no mercado de patentes mundial não passa de 0,1 %. Por que isto? Ainda há falta de profissionais qualificados de engenheiros e da área das ciências duras (Química, Física, Matemática...). Somente em torno de 6 % dos egressos dos cursos superiores se formam nestas áreas. O setor produtivo não contrata mestres e doutores e poucas indústrias têm departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento. Apenas 1,39 % de doutores estão na indústria de transformação. Muitas empresas preferem “fazer do mesmo jeito” ou importar a tecnologia externa (apesar de haver excelentes ideias nacionais). A burocracia pública e a falta de incentivos emperram a absorção destes profissionais pelas empresas. A comunicação universidade-setor produtivo é falha e cheia de melindres. Finalizo com a frase de Fernando Ferreira Costa, reitor da Unicamp:” É importante ressaltar que muitos países desenvolvidos, em meio à crise econômica de 2008, optaram por aumentar os investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação como forma de obter crescimento sustentável em longo prazo.” (Jornal da Ciência - SBPC, ano XXIV, nº 688 de 29 de abril de 2011).
Cientistas no setor produtivo
Diversas publicações dão conta que o Brasil deu um salto na produção científica nos últimos anos. O Relatório Mundial de Ciência 2010, da UNESCO, revela que o número nacional de publicações científicas subiu 110 %, ocupando a 13ª posição mundial. Em 2009 foram 11.400 doutores titulados e o Brasil investiu 24,2 bilhões de dólares. Acha muito? A China investiu no mesmo ano 120,6 bilhões e os EUA 398,2 bilhões de dólares. Apesar das promessas do governo federal de aumentar o investimento em Ciência e Tecnologia para 2 % do PIB, este valor não passa hoje de 1,19 %, sujeito a cortes.
Mais lidas
- 1Esporte Cidadão: equipe de Toledo é premiada no Mato Grosso do Sul
- 2Let’s Dance 2025 terá mostras de dança e workshops para o público
- 3Estudo da Fiocruz revela mecanismo associado à gravidade da COVID-19
- 4Toledo lidera geração de empregos no Paraná no 1º trimestre
- 5Produtos com potencial de Indicação Geográfica são apresentados em encontro, no Sebrae/PR
Últimas notícias
- 1Dia D de multivacinação no Paraná será no sábado; meta é atingir 300 mil doses aplicadas
- 2Aeroporto Municipal passa por vistoria da Força Aérea Brasileira
- 3Disciplina
- 4Prefeituras devem enviar documentação para construção de novas creches até 30 de maio
- 5Em 2025 o mundo volta a olhar para o Cooperativismo