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EDUCAÇÃO

Comunidade da UFPR protesta contra risco de cortes no orçamento da ciência e alerta que situação ameaça o futuro do Brasil

Manifestação nas escadarias do Prédio Histórico reuniu cerca de mil pessoas, entre professores, estudantes e servidores técnico-administrativos

09/08/2018 - 16:46


Professores, estudantes e servidores técnico-administrativos da Universidade Federal do Paraná participaram nesta quinta-feira (9) de uma manifestação contra a ameaça de cortes no orçamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes), responsável pelo pagamento de bolsas de pesquisa no País. O ato “Luto pela ciência, pela universidade pública, pelo futuro” reuniu cerca de mil pessoas nas escadarias do Prédio Histórico, na Praça Santos Andrade, logo após a sessão do Conselho Universitário (Coun) que aprovou moção contra os cortes (veja abaixo o texto da moção).

O ato foi aberto pelo reitor Ricardo Marcelo Fonseca, que destacou a importância do engajamento não apenas da comunidade universitária, mas de toda a sociedade, na defesa da educação, da ciência e da tecnologia brasileiras. "O que está em jogo é o futuro do Brasil. Se forem efetivados os dramáticos cortes pretendidos pelo Ministério do Planejamento, o que ocorrerá na prática será uma descontinuidade nos processos de geração de conhecimento que talvez não sejamos capazes de recuperar depois”, afirmou o reitor.

A manifestação foi organizada pela UFPR com o apoio das entidades representativas de professores, servidores técnico-administrativos e estudantes: Associação dos Professores da UFPR (APUFPR), Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior no Paraná (Sinditest-PR), Diretório Central dos Estudantes (DCE) e Associação dos Servidores da UFPR (Asufepar).

A moção aprovada pelo Conselho Universitário (texto abaixo) foi lida para os participantes pela  diretora do Setor de Ciências Jurídicas, Vera Karam de Chueiri. A vice-reitora Graciela Bolzón de Muniz e professores de todos os  setores da UFPR também participaram do ato.

O professor e pesquisador Francisco de Assis Marques, do Departamento de Química, enfatizou como é frustrante perceber a necessidade de, cada vez mais, envidar esforços para que o governo seja sensibilizado para a importância do desenvolvimento científico e tecnológico e de um investimento expressivo em educação. “Não existe uma nação verdadeiramente soberana e democrática sem um expressivo investimento no desenvolvimento científico tecnológico e na educação em todos os níveis”, afirmou.

Um eventual corte nessa área do orçamento refletiria no presente e levaria grandes impactos negativos ao futuro. Edvaldo Trindade é diretor do Setor de Ciências Biológicas, no qual são desenvolvidas pesquisas em biodiversidade, conservação, meio ambiente, indicadores de poluição, estudo de doenças, buscas de novos compostos que podem atuar em doenças, entre outras. “Essas pesquisas são fundamentais para a sociedade em geral, pois reduzem importação, aumentam a produtividade no campo, geram divisas, reduzem o gasto com saúde pública e melhoram o bem-estar da população”, destaca.

Além de atingir a geração de conhecimento, a formação dos profissionais de educação básica, o funcionamento da Universidade Aberta do Brasil (UAB), e programas de fomento à internacionalização, a medida também afetaria a permanência de estudantes e pesquisadores no meio acadêmico e científico. “Em muitos casos as bolsas são o que garante a continuidade dos alunos em ambiente acadêmico. Não queremos apenas aumentar o número de pessoas formadas em universidades, mas sim garantir a permanência delas nesse meio”, disse a presidente da União Paranaense de Estudantes, Izabela Marinho.

Para a pós-doutoranda em Bioquímica Elizabeth Cunha, que há 13 anos se dedica à pesquisa, o recurso proveniente da bolsa que recebe é fundamental para que continue seu trabalho: “Preciso manter dedicação integral à pesquisa, inclusive nos finais de semana. Por isso, para que a ciência exista, precisamos dessa receita para nos manter”.

Elizabeth trabalha com estudos de melanoma - câncer de pele mais invasivo -, tentando entender os mecanismos de resistência – como os fármacos - e melhorar os mecanismos de terapia fotodinâmica. Suas pesquisais atuais influenciarão, no futuro, em questões farmacológicas e em tratamentos para a doença.  “Caso o corte se concretize, infelizmente terei que parar os estudos e acabaria indo trabalhar na área social, como enfermeira – que é minha formação. É triste, pois foram anos de estudo, iniciação científica, mestrado e doutorado”, lamenta.

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