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CIDADANIA

Unioeste sedia Seminário sobre relações étnico-raciais

A proposta do evento é construir um espaço de formação e de troca de experiências para os profissionais da Educação

25/11/2018 - 16:51


A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Cascavel, recebeu, nesta sexta-feira (23), o “Seminário de Formação sobre as relações étnico-raciais: Desnaturalizar Representações Naturalizadas”, organizado pela Secretaria Municipal de Educação, pelo Núcleo Regional de Educação, pelo Coletivo Afrovida e pela Unioeste.

A proposta do evento é construir um espaço de formação e de troca de experiências para os profissionais da Educação para refletir e discutir sobre o racismo e as estratégias de branqueamento utilizadas nas escolas e fora delas. Além disso, o seminário busca estimular o cumprimento da Lei 10.639/03, alterada pela Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura africana, afro-brasileira e indígena em todas as escolas, públicas e privadas, do Ensino Fundamental até o Ensino Médio. O seminário foi destinado a professores(as), funcionários(as), membros das Equipes Multidisciplinares das Instituições Públicas Estaduais de Ensino, acadêmicos de graduação e de pós-graduação, estudantes da Educação Básica das redes públicas e privadas e comunidade em geral.

 

Para a coordenadora do evento e do curso de Letras da Unioeste, Valdeci Batista de Melo Oliveira, o evento é um importante espaço de discussão e formação docente. “Os nossos alunos serão professores e a Lei 10.639 de 2003 deve ser cumprida por professores e pela escola, então, é importante que eles participem desse evento, uma vez que isso é pouco debatido no currículo do curso. Nós não temos uma disciplina de literatura afro-brasileira. São esses os momentos que nós temos para que os alunos vejam que devem, enquanto professores, levar esse conteúdo para sala de aula e ao mesmo tempo vejam como isso pode ficar bonito e rico”, afirma.

        

Contando com uma ampla programação, o evento teve início ontem (22), por meio de atividades de reflexão à distância: foram disponibilizados textos sobre a temática para preparar os participantes para as discussões do Seminário.

Hoje, o evento teve início às 8 horas e contou com apresentações culturais e palestras. A primeira atividade foi a fala da mãe de santo Laurita, que discutiu aspectos das religiões de matriz africana ligados à história da escravidão. Em seguida, o evento contou com a palestra da professora Aparecida de Jesus Ferreira (UEPG) que apresentou os resultados de sua pesquisa sobre livros didáticos. Ao comparar livros utilizados no Brasil e em Camarões, a pesquisadora comprova como as representações da população negra são estereotipadas e restringem negros e negras a posições marginalizadas. Após a palestra, o grupo Afrovida realizou uma apresentação cultural.

À tarde, as atividades tiveram inicio com a apresentação cultural do Grupo Ginga. Em seguida, foi ministrada, pela professora Claudia Monteiro (UNIOESTE/MCR), a palestra “Os 15 anos da lei 10.639/03: avaliações e perspectivas” que buscou discutir os impactos de uma educação que não discuta a cultura afro-brasileira conforme exige a lei.

Segundo a professora e pesquisadora Claudia Monteiro, a lei 10.639 foi uma das primeiras ações do governo Lula em 2003, porém, a reivindicação por uma educação que trabalhasse também a história dos povos africanos e suas contribuições para a construção do Brasil é anterior a isso, já que os movimentos negros lutavam por isso desde a década de 80. A palestrante também explica que existem muitos professores que não atendem à lei por não terem formação ou disposição para conhecer os conteúdos que devem ser trabalhados. “Depois que a lei foi promulgada, teve todo um esforço do governo, de militantes do movimento negro e de profissionais da Educação para que fosse efetivada a lei. No entanto, ficou muito restrito à boa vontade dos professores colocar a lei em prática. Até hoje, 15 anos depois, ela só é trabalhada se o professor quer. Às vezes, não há o interesse”, afirma.

Para Claudia, a realização do evento é importante para que os professores estejam preparados para enfrentar as situações de racismo que acontecem no contexto de sala de aula. “é sempre importante que os professores estejam pensando essa questão do negro no Brasil, do racismo com que ele se depara nas escolas, do preconceito racial entre as crianças que são coisas que estão na nossa sociedade, se refletindo na escola. Os professores precisam ter mecanismos para saber como lidar com isso”, explica.   

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