Rizoma: pensamento filosófico que atribui o conceito de que “um todo se articula socialmente por meio de várias raízes e cresce tanto verticalmente quanto horizontalmente, de modo que contemple todas as necessidades e perspectivas. Essa é a missão do Grupo Rizoma Cultura, projeto resultante do “Fortalecendo Redes Culturais”, ação desenvolvida em Toledo no fim do ano passado com o intuito de mapear os agentes culturais da cidade.
O projeto foi organizado pelos pesquisadores Ana Paula do Val e Danilo Oliveira, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP) São Paulo e, financiado pelo IFCD (International Fund for Cultural Diversity) da Unesco. A identidade rizoma se baseia na necessidade de observar e conceber uma união de forças voltadas para o mesmo objetivo e, portanto, pertencentes à uma mesma raiz. “O diferencial é que não existem hierarquias neste todo organizado, pois todos atuarão em dois eixos principais e paralelos: da autonomia e da coletividade”, conta a agente multiplicadora do Mapeamento Cultural e apresentadora de rádio, Cristiane Candido.
Ela diz ainda que a intenção do grupo é intensificar as ações culturais que já existentes em Toledo, além de solidificar as que possam surgir. “A ideia é unir o pessoal do artesanato, da música, das práticas socioculturais, o segmento da arte em geral, como teatro, dança, circo, audiovisuais, fotografia, desenho, pintura, literatura e etc, para organizar atividades em que todos possam mostrar seus trabalhos”.
O fator preponderante é englobar todos os eixos e segmentos socioculturais, como Coletivos, Projetos de educação e cultura em instituições de ensino, práticas, socioambientais e de cultura popular. De acordo com Cristiane, o rizoma será uma espécie de intercâmbio cultural com os outros municípios. “Serão organizadas inicialmente reuniões com todos os interessados e, posteriormente, a elaboração de atividades tanto no âmbito local quanto regional”.
Andrea Flach é professora de dança do ventre em Toledo. Para ela, o curso desenvolvido pelo projeto ampliou a sua visão acerca de políticas culturais. “Eles trouxeram depoimentos de artistas locais que souberam bem como usar a política ao seu favor e ficou claro para mim como conhecimento é verdadeiramente poder. Sem saber como funcionam as leis, pedidos, encaminhamentos, editais, quais esferas classificam, aprovam ou direcionam os projetos fica mais difícil conseguir que o projeto aconteça”.
Para a dança do ventre o mapeamento figura como um reforço positivo de um trabalho que foi iniciado em 2001 para mostrar a naturalidade de se dançar e buscar desenvolvimento pessoal. “Hoje sou referência no assunto. Desenvolvi um método de ensino próprio trazendo para a dança do ventre o meu conhecimento pedagógico. Com isso lancei um curso online e com alunas do mundo todo, como Suécia, Alemanha, Portugal, Estados Unidos e Japão”.
O curso ainda aproximou artistas de áreas antagônicas. “Serviu para trocarmos informações sobre nossas áreas e aumentarmos nosso leque de opções para projetos e trabalhos futuros. Olhar nos olhos de quem faz determinada arte aumenta nossa afinidade não só com o artista, mas também cria respeito pela arte dele”.
Capacitação de artistas
Uma faz propostas do Rizoma Cultural é realizar oficinas de capacitação para artistas e o público geral. “Ainda buscaremos fortalecer a utilização e apropriação dos equipamentos públicos municipais destinados à realização das atividades artísticas e socioculturais na cidade”, relata a agente cultural Cristiane.
A profissional revela que por meio do mapeamento foi verificado que muitos artistas locais desconhecem a existência de equipamentos culturais disponíveis na cidade, como é o caso do CEU das Artes. “É um espaço que possui estúdio de gravação, salas de ensaio de forma gratuita e que muitos artistas que atuam de forma independente não sabem que podem usufruir”.
Cenário artístico-cultural de Toledo
Não é nenhum segredo que Toledo é uma das cidades pólo do Paraná quando o assunto e cultura. Toledo é o cenário do 3° maior Teatro do Paraná e o 1° CEU das Artes do Brasil.
A diversidade cultural também é gigante. Por isso, o Rizoma Cultural vai dar “a voz” dos artistas junto ao poder público, além de oferecer ao município maior visibilidade dos artistas da casa e fortalecer a economia e o desenvolvimento sustentável.
O Rizoma Cultural traz a proposta de organização da sociedade civil artística em parceria com o poder público. “Assim, levaremos em consideração um quesito muito importante que foi tratado nos questionários do mapeamento que se referia às dificuldades encontradas pelos artistas na realização de suas atividades no município”, fala Cristiane.
Tais informações serão levadas ao Conselho Municipal de Cultura para serem debatidas e consideradas na elaboração do Plano Municipal de Cultura. “Sabemos que neste ano este plano será debatido e redigido pelo Conselho. Considerando que o mesmo terá uma duração de 10 anos, torna-se fundamental essa articulação do grupo Rizoma Cultural com o poder público em prol de políticas públicas culturais que contemplem todos os segmentos culturais”, conclui.
Por: Redação/Daniel Felício
