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CIÊNCIA

E-book “Mulher Faz Ciência” reúne histórias de cientistas brasileiras

Objetivo é inspirar meninas e mulheres que desejam de seguir a carreira científica

18/02/2019 - 14:51


No mundo inteiro apenas um terço dos cientistas são mulheres. Somente 10% das mulheres ocupam cargos mais elevados dentro das empresas. Entre tantos vencedores do Prêmio Nobel, só 3% foram entregues para mulheres. É com estes números que o Projeto Minas Faz Ciência lançou um e-book que reúne histórias de cientistas brasileiras.

O objetivo foi marcar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado em 11 de fevereiro, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2016, além de servir como inspiração para meninas e mulheres que tenham o desejo de seguir a carreira científica. “Ao analisarmos estes números, vemos sim que existe um problema de desigualdade e temos que buscar entender o porquê”, comenta a bióloga Rafaela Salgado, uma das 15 jovens cientistas de todo o mundo que receberam um prêmio international para talentos promissores da ciência, o International Rising Talents, em 2018.

No e-book, Rafaela relembra sua trajetória, iniciada como aluna do Colégio Técnico da UFMG, Coltec, depois como participante do programa de vocação científica do Centro de Pesquisas René Rachou, ligado à Fundação Oswaldo Cruz, em Belo Horizonte, até se tornar professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG.

Segundo Rafaela, não é mais tão comum o preconceito explícito, mas sim o preconceito implícito, como é citado em várias pesquisas. “Foi dado a várias pessoas exatamente o mesmo currículo para elas avaliarem. A única diferença era que em um currículo foi colocado o nome de um homem e, no outro, o nome de uma mulher. O currículo do homem foi melhor avaliado e o salário proposto para o homem foi mais alto”, revela.

Dez Cientistas, muitas histórias

O e-book Mulher faz ciência: dez cientistas, muitas histórias traz também os depoimentos da historiadora e escritora indígena Aline Pachamama; da bióloga Fernanda Staniscuaski, fundadora do projeto Parent in Science ; da cientista da computação Ingrid Splangler; da física Márcia Barbosa; da técnica em Meio Ambiente Myllena Crystina da Silva; da bióloga Natália Oliveira; da arquiteta e urbanista Priscila Gama; da astrônoma e vulcanóloga Rosaly Lopes e da professora de Física Experimental Sônia Guimarães.

Primeira mulher negra a obter o título de doutora em Física no Brasil, Sônia Guimarães avalia que a política de cotas, recentemente instituída no País, foi um importante avanço para ampliar o acesso de estudantes negros às instituições públicas de ensino superior. “Quando eu entrei na Universidade Federal de São Carlos éramos 1500 estudantes e apenas cinco negros. Eu era a única mulher negra. Hoje os estudantes ocupam 20% das vagas disponíveis pela Universidade”.

O racismo é outro obstáculo para mulheres negras na carreira científica. O apagamento das narrativas indígenas é outro equívoco histórico que a escritora Aline Pachamama, fundadora da Pachamama Editora, busca contornar com seu trabalho acadêmico. “Cada etnia tem sua história. Na minha já encontrei relatos de que a documentação indígena foi destruída em alguns locais e que os nomes indígenas também foram modificados. Para escrever meu trabalho precisei ouvir pessoas da etnia e os anciões do meu povo”, conclui.

 

 

Por: Redação/Daniel Felício

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