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SAÚDE

Água imprópria para o consumo: como evitar isso

O objetivo é evitar que o surto de diarréria que tomou Cascavel recentemente, não se espalha para outras cidades da Região

27/03/2019 - 18:17


Recentemente a cidade de Cascavel foi tomada por um surto de diarreia, cuja causa as autoridades atrelaram à água consumida diretamente da torneira de casa. A recomendação para evitar problemas é ferver a água antes do consumo. Antes dos laudos definitivos do que efetivamente assolou a saúde de pelo menos seis mil municípios, a preocupação é impedir que o surto se espalha para outras cidades da Região Oeste.

Mas como se dá a qualidade da água? Qual é a contribuição da Engenharia para que casos como esse não venham a acontecer novamente? Como antever problemas e sanar situações que venham a prejudicar a população?

“Há uma má cultura, antiga, em eliminar resíduos urbanos e rurais de maneira errada. É preciso uma estruturação, desde a mata ciliar, passando pelo saneamento, coleta e chegando à distribuição da água. Cada uma dessas etapas é importante e não deve ser descartada”, avisa o Engenheiro Químico Rodrigo Manso Vieira. “Existem casos de propriedades rurais, por exemplo, onde simplesmente os dejetos são jogados num buraco, sem todo um sistema de filtragem estabelecido por uma série de normativas. O grande problema é que isso contamina todo o solo e se agrava se estiver próximo a poços artesianos ou ao lençol freático. Isso invariavelmente cairá num rio que vai desaguar lá na cidade, onde existe a coleta da água para abastecimento da população”, esclarece Vieira.

Outra preocupação que deve ser recorrente, segundo ele, é a fiscalização constante de instalação e de empresas constituídas perto de nascentes. “Temos casos de postos de gasolina, de oficinas mecânicas ou empresas cujos dejetos devem passar por todo um processo para não contaminar a água. É algo que não se pode fechar os olhos”, diz. “Todo empresário ou cidadão que esteja construindo deve ter em mente que um projeto de dispensa de dejetos, como as fossas, se for o caso, ou a ligação na rede de esgoto,precisa ser feito por um Engenheiro qualificado, o que evita uma série de dores de cabeça no futuro, como multas, embargos da obra ou mesmo fechamento da empresa”, avisa.

Ciclos da água

Para o Engenheiro Químico Camilo Freddy Mendoza, professor da Unioeste – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, a qualidade da água também se dá desde o início da captação. “Uma coisa que devemos ter claro é de que a água é a mesma desde o início da vida na Terra e vive de ciclos, com a evaporação, formação de nuvens e chuvas e assim por diante. O que fazemos nesse meio é que interfere. Por isso a estruturação de um plano correto desde o começo da captação da água, com a eliminação dos efluentes (dejetos) rurais e industriais nos rios, é de suma importância”, avisa ele.

Segundo o professor, ele trabalha em sala de aula com seus alunos na Engenharia Química a importância do processo que envolve a qualidade da água potável. “Temos, enquanto Engenheiros, papel vital nesse trabalho, como planejamento, dimensionamento das estruturas e, principalmente, desenvolvimento de novas tecnologias para esse setor”, explica Mendoza.

Ilegalidade

A extração de água mineral subterrânea é atividade que envolve diretamente os profissionais da Geologia e Engenharia de Minas e não deve ser executada de forma clandestina, pois requer conhecimento técnico e precisa seguir padrões de qualidade.

“Mesmo no processo de captação de água de poços artesianos para consumo humano deve ser realizada a análise e monitoramento por um profissional e por laboratórios habilitados e registrados. Essas atividades são fiscalizadas pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná

- Crea-PR, e pretendemos ampliar ações específicas de fiscalização de poços artesianos e de empresas que realizam captação de água mineral”, comenta o Engenheiro Civil e gerente da Regional do Crea-PR em Cascavel, Geraldo Canci.

 

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