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AMBIENTE

Carta da Terra propõe um recomeço em busca do equilíbrio

A Carta da Terra será um dos temas a serem discutidos durante o sétimo evento Mãe Terra, de 18 a 22 de abril, na Aldeia Por do Sol

11/04/2019 - 15:39


A socióloga Moema Viezzer fez uma exposição nesta segunda-feira, 7, aos funcionários da Kahena Espaço Natural, da Carta da Terra, um documento que ajudou a elaborar e que trata de diversas questões que visam garantir a preservação da terra, visando a sua proteção e a sua manutenção para as gerações futuras. A Carta da Terra será um dos temas a serem discutidos durante o sétimo evento Mãe Terra, de 18 a 22 de abril, na Aldeia Por do Sol, área anexa a Kahena Espaço Natural. Serão diversas atividades durante o período, incluindo debates, reflexões, vivências, terapias e demais atividades culturais, de lazer e espiritualidade que buscam uma verdadeira reflexão sobre o sentido da Terra e a sua preservação para a saúde do homem e do meio ambiente. A programação abre com um debate sobre o tema, nesta quinta-feira, 18, às 20h.

O auge da programação será com a presença do índio lakota, Moses Brings Plenty, ator e líder espiritual do povo indígena. “Apesar de não nos conhecermos pessoalmente, comungamos da mesma ideia. Será um momento maravilhoso e estamos muito felizes com a vinda do Moses e sua esposa Sarah. Ele vem trazer para as pessoas a consciência de que para curar o meio ambiente é necessário curar a humanidade. Fazer as pessoas perceber um outro ponto de vista em relação a vida”, destacou Selma Fernandes Cavalli, sócia proprietária da Kahena, promotora do evento. Segundo ela, o Mãe Terra, desde que nasceu, há sete anos, tem o propósito de resgatar a sua ancestralidade, através das crenças e costumes indígenas, da valorização e do resgate da natureza, da busca de uma forma de vida mais simples, equilibrada, natural e saudável, que sempre foi a essência do seu trabalho.

Para ela, que sempre desenvolveu o seu trabalho baseada na cultura indígena, reconhecer as suas origens foi fundamental para solidificar o trabalho que desenvolve, de forma integrada com a natureza, e dentro que uma visão diferente da vida. “Desde o primeiro Mãe Terra, a missão que me foi confiada é de resgate das minhas origens. Ao invés de negar, decidi assumir de corpo, alma e coração as minhas origens, promover o resgate da natureza e da visão indígena de vida. Minha bisavó foi assassinada por ser mulher e indígena. Reconhecer a minha ancestralidade é honrar a sua memória”, afirma.

Durante o evento serão realizadas palestras e discussões em torno da Carta da Terra e da evolução espontânea, com a participação da psicoterapeuta Beth Holstein, que também ministrará um curso de Pysch-k, terapias e atendimentos gratuitos, além de uma programação voltada aos jovens, no dia 20, com um festival de música e cores. Aberto a todas as idades, o evento não prevê a venda ou o consumo de bebidas alcóolicas no local. “Queremos mostrar que é possível se divertir sem entorpecer a mente”, comenta Selma, acrescentando que ela considera um dos momentos mais especiais as cerimônias de cura, realizadas pelos indígenas durante a programação. Ela cita um acontecimento no ano passado que a deixou muito feliz. Uma gestante, que aguardava o nascimento do seu filho teve o bebê virado no ventre materno e nasceu de parto natural. A gestante já tinha cesárea marcada, pois o bebê estava sentado, em posição inadequada para o parto natural.

Carta da Terra

 

A Carta da Terra foi um documento criado pela sociedade civil e trazido durante a II Conferência Nacional das Nações Unidas, no Rio de Janeiro, em 1992, a Rio 92. Conforme Moema, novas conferências tem acontecido frente a situações muito urgentes de serem resolvidas, principalmente em uma sociedade pós revolução industrial, de incentivo exagerado ao consumo. “Os seres humanos estão sendo convidados a rever os seus posicionamentos e como estão se comportando em relação aos demais seres humanos, em relação a mãe natureza, que engloba não somente os seres humanos, mas o ar, o solo, as florestas, a todos os seres vivos e o que necessitamos para viver”.

Segundo ela, hoje temos uma visão curta dos benefícios, na visão de poucos, o que está aumentando a pobreza no mundo e as catástrofes naturais pela falta de cuidado e proteção ao meio ambiente. “É muito triste esta desigualdade. Ao mesmo tempo que temos pessoas extremamente ricas, meia dúzia de pessoas com capacidade de ter tanto, outros estão na extrema pobreza”. Ela destaca que a Carta da Terra nos coloca frente a um novo desafio, propõe um novo recomeço frente ao que está  acontecendo na história da humanidade e a busca de uma consciência coletiva em rever estes problemas.

A Carta da Terra foi produzida com a participação de representantes de cinco continentes, preocupados em pensar um outro mundo, onde os seres humanos se respeitem como tal, sem discriminações e agressões à natureza. “Alguns países foram sistematicamente destruídos graças a ganância de alguns. É muito triste ver que o homem conseguiu chegar a lua, está pensando em chegar a Marte, mas não dá conta do lixo que produz”.

Princípios básicos

A Carta da Terra, reforça Moema Viezzer, apresenta quatro princípios básicos que precisam ser respeitados em busca de um mundo melhor e mais equilibrado. O primeiro deles é do respeito à comunidade de vida como um todo, não abrangendo apenas os seres humanos, mas tudo o que tem vida na Terra. O segundo é a necessidade de integridade ecológica, que compreende uma ética em relação ao meio ambiente e que nos faz pensar bem antes de atuar com e sobre ele e repensar padrões de consumo. “Se não temos certeza sobre os riscos e benefícios de uma nova ação tecnológica ou científica devemos respeitar o princípio da precaução e aguardar a conclusão de todos os estudos para ter uma certeza”, explica.

O terceiro princípio é da justiça social e econômica, com a erradicação da pobreza, garantindo a todos o direito à água potável, ar puro, segurança alimentar, moradia, não contaminação do solo e saneamento básico. “Precisamos repensar a nossa economia, fazendo justiça social e garantindo uma distribuição mais equitativa das riquezas entre as nações”.

Por fim, o quarto e último princípio trata da democracia, da não violência e da cultura da paz através do respeito entre as pessoas e suas culturas, a desmilitarização dos países investindo em ações que promovam a paz, não a guerra. “O destino nos conclama para um recomeço. Não vamos viver como nossos ancestrais. Temos um novo tipo de organização e tecnologias, que devem ser aproveitados. O nosso tempo precisa ser lembrado de uma nova referência frente a vida, com o compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, intensificação da luta pela justiça e pela paz, para ser uma alegre celebração da vida”.

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