Toledo é bandeira vermelha na matriz de risco Covid

No balanço epidemiológico apresentado pelo porta voz do Centro de Operações Emergenciais – COE, Dr. Fernando Pedrotti e pela Secretária Municipal de Saúde, Denise Liel, Toledo subiu na matriz de risco Covid. A média móvel dos últimos 14 dias aponta crescimento de 38,6%, na incidência de novos casos. No comparativo da semana epidemiológica 35 (23 a 28/8) e a 36 (29 a 5/9), a taxa de positividade dos exames saiu de 29,38% para 45,03%. Estes e outros indicadores fizeram Toledo passar de bandeira laranja para a vermelha, o que requer medidas mais duras de isolamento social, inclusive de suspensão de atividades econômicas. Os técnicos em vigilância sanitária repassaram o relatório com as recomendações ao Prefeito Lúcio de Marchi, e caberá a ele tomar as medidas de segurança epidemiológicas.

Se considerar a incidência de casos por cem mil, Toledo tem 2.6 vezes maior que a incidência do Estado, 3258 casos contra 1253. A taxa de positividade dos exames, que é outro indicador importante para avaliar o quadro epidemiológico, também cresceu. Na Semana 35 (23 a 29/8), a taxa de positividade dos exames era de 29,38%, na Semana 36 (30/8 a 5/9), a taxa saltou para 45,03%. A última taxa maior que esta foi registrada na Semana 25 (7 a 13/6) que foi 50,35%.

Outro indicador que revela a ascensão da Covid no município é o fator “R”, que é o índice de transmissibilidade que está em 1,48 (considerando apenas os exames RT-PCR realizados no SUS). A Pandemia pode ser considerada sob controle quando este fator é menor que 1. “As pessoas precisam compreender que quanto maior for a circulação de pessoas, maior será a incidência de casos, maior a positividade e consequentemente maior o número de pessoas que podem adoecer, e também, ir a óbito”, advertiu o Dr. Fernando Pedrotti.

O elevado número de óbitos também preocupa, em especial, a população idosa que é a maior vítima. “Os idosos acima de 70 anos representam 70% dos óbitos e nas internações a taxa é a mesma, porém no público a partir dos 60 anos de idade. Já são seis meses de Pandemia e as pessoas não se deram conta que não dá para reunir a família, os amigos no churrasco, na festa ou no bar. Isso é levar o vírus para casa, por em risco a vida dos avós”, alertou Pedrotti.

Bandeira Vermelha

A matriz de risco Covid do CONASS/CONASEMS avalia seis indicadores, três deles sobre a capacidade de atendimento e três sobre o quadro epidemiológico. Cada indicador pontua um grau de risco, a depender dos pontos indica uma bandeira onde o menor risco está em verde e o maior em roxo. Toledo saiu da laranja e entrou para a bandeira vermelha, uma antes da roxa que indica situação extrema.

Quando comparado as semanas epidemiológicas 34 e 35, o município fez 11 pontos o que o manteve na bandeira laranja. No comparativo das semanas epidemiológicas 35 e 36, esta pontuação quase dobrou, Toledo somou 20 pontos. E o mais alarmante é que estes pontos foram relativos aos três indicadores referentes a situação epidemiológica, já que a capacidade de atendimento se mantém devido o número de leitos de UTI exclusivos de Covid, que saíram de 71 em março e passaram para 156 agosto. O que demonstra que não basta ampliar os leitos para conter a Pandemia.

Medidas Recomendadas

Para Bandeira Vermelha as medidas recomendadas pela matriz de risco são:

• Medidas Básicas Transversais – que vai do isolamento domiciliar, monitoramento de casos suspeitos, orientações de cuidados preventivos e sanitários...
• Medidas de distanciamento social seletivo 1 e 2 (validas para bandeira verde e amarela)
• Medidas de distanciamento social ampliado – valido desde a bandeira laranja – que inclui a suspensão de qualquer evento que pode provocar aglomerações
• Suspensão de atividades econômicas não essenciais definidas pelo território, avaliando cada uma delas e,
• Definir horários diferenciados nos setores econômicos para reduzir as aglomerações no sistema de transporte público.

Estas recomendações estão previstas nacionalmente e foram apresentadas ao gestor municipal, Lúcio de Marchi. “Caberá ao gestor, como sempre foi, tomar as medidas necessárias, os técnicos apresentam a situação epidemiológica e, naturalmente, fazem recomendações, mas a decisão final é do gestor”, afirmou Pedrotti.

O médico alertou que o impacto deste aumento de casos será sentido nos próximos dias. “Geralmente quando ocorre um aumento de casos, a busca pelo sistema de saúde e consequentemente, a necessidade de internação ocorre em torno de 14 dias e a incidência de óbitos, geralmente, em torno de três semanas. O que vimos na semana passada (seis óbitos) é reflexo do dia dos pais”.

O prefeito Lúcio de Marchi não é obrigado a seguir as recomendações, mas diante da notificação do risco, pelas autoridades sanitárias, ele passa a responder pelo o que acontecer na sequência.

Opinião

As autoridades sanitárias durante o pronunciamento na Rede, enfatizaram muito a falta de adesão da sociedade aos protocolos de distanciamento social, uso de máscara, e a não adesão as medidas para evitar aglomerações. A ausência de consciência e empatia comunitária tem colocado em risco a vida de pessoas, em especial idosos que são 70% dos óbitos e internações, por isso não pode ser negligenciada. Cabe as autoridades zelarem pela vida e bem-estar da coletividade, em especial, as populações mais frágeis e assim, tomar as medidas necessárias e de fato fiscalizá-las.

Tomar medidas de flexibilização para além de sua capacidade de fiscalização e que, contrariam os protocolos nacionais de segurança sanitária, é uma forma de negligenciar.  Quando a sociedade, seja por qual for a razão, não compreende o risco sanitário colocado, o Estado tem a obrigação de regrar e fazer valer o comportamento social, para preservar vidas e a economia, antes que medidas mais duras sejam necessárias.

Esperar a próxima semana, para tomar medidas, na esperança da bandeira voltar a ser laranja (medidas um pouco mais flexíveis), é apostar na sorte ou ainda, revelar a face burocrática da negligência.

Faça sua parte

É preciso resgatar o espírito comunitário, onde nos importamos, com o vizinho, o amigo ou familiar. O bem-estar individual numa emergência sanitária, não pode estar acima do coletivo. A sua confraternização pode ser o passaporte para morte de um amigo ou um familiar.

Sim, estamos todos cansados, mas nosso cansaço não é a maior que a dor de perder um familiar e nem ao menos poder se despedir dele; o cansaço não é maior que o medo da pessoa que está em um leito de enfermaria ou UTI, sem saber se irá vencer a Covid ou será vencido; o cansaço não é maior que o medo da pessoa do grupo de risco ou idoso que teme ser alcançado pelo vírus.

Sejamos fortes, empáticos e solidários, por isso:

• Em qualquer fila ou ao dialogar com qualquer pessoa, mantenha a distância entre um metro e meio ou dois;
• No ambiente do trabalho vale a mesma regra de distanciamento;
• Neste momento não abrace as pessoas (juntos logo vamos abraçar todos os nossos amores);
• Não é hora de aperto de mãos;
• Use sempre a máscara cobrindo nariz e boca (não pode deixar nenhum de fora, baixar para dar uma respiradinha, porque ficou sozinho no ambiente, nem tão pouco para conversar com as pessoas;
• Enquanto estiver trabalhando, você tem contato com outras pessoas que tem outras redes de contato, por isso, nunca tire a máscara, não importa qual é o seu trabalho.
• Lave as mãos vigorosamente com água e sabão, muitas vezes ao dia, em especial quando manuseou qualquer objeto;
• Quando não for possível lavar use álcool 70º
• Não toque a boca e os olhos com suas mãos, antes de higienizá-las;
• Não compartilhe objetos (canetas, celulares...) com outras pessoas;
• Não entre em casa com calçados que veio da rua e procure trocar sua roupa que usou na rua, ao ficar em casa;
• Não é hora de visitar familiares, amigos ou vizinhos;
• Higienize suas compras seja do supermercado, farmácia ou lojas em geral;
• E ainda, só saia de casa se for muito importante e, se sair, obedeça todas as regras acima.
• E lembre-se: a Pandemia vai passar e queremos todos estar aqui, para muitos abraços, muitas confraternizações e juntos trabalharmos por uma sociedade mais humana, fraterna e sustentável.