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CIÊNCIA

Bebês de mães com Covid-19 estão suscetíveis a doenças cardiometabólicas, indica estudo da UEM

Estudo aponta que bebês são mais suscetíveis, ao longo da vida, a desenvolver doenças cardiometabólicas, como doenças do coração, aterosclerose, câncer, colesterol alto, obesidade e diabetes. O risco também atingiria adolescentes afetados pelo novo coronavírus.
07/05/2021 - 14:27
Por Assessoria


Um artigo científico de pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (PBC) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), publicado internacionalmente, cogita que os organismos de grávidas e lactantes que contraíram Covid-19 possam tornar seus bebês suscetíveis, ao longo da vida, a desenvolver doenças cardiometabólicas, como doenças do coração, aterosclerose, câncer, colesterol alto, obesidade e diabetes. O risco também atingiria adolescentes afetados pelo novo coronavírus.

De acordo com Lucas Paulo Jacinto Saavedra, doutorando do PBC, em outras infecções virais, por exemplo, zika e influenza, há evidências de que quando ocorrem durante a gestação favorecem um parto prematuro e baixo ganho de peso pela criança, situações preditoras para desenvolvimento de doenças cardiometabólicas.

“Discutimos que, de forma similar, a infecção pelo Sars-CoV-2 em grávidas e lactantes pode gerar danos nos metabolismos dos bebês, aumentando o risco do surgimento, num futuro próximo, dessas doenças, e o mesmo pode acontecer com adolescentes que tiveram Covid-19”, explica Saavedra.

O estudo da UEM revisa a fisiopatogênese da Covid-19, ou seja, os mecanismos pelos quais ela ocorre. Discute, ainda, como essa doença pode provocar, nos próximos anos, “elevação da incidência de doenças cardiometabólicas, aumentando os gastos com saúde pública para tratamento destas disfunções”, preocupa-se Saavedra, orientando do professor Paulo Cezar de Freitas Mathias.

Os pesquisadores se basearam no conceito de origens desenvolvimentistas da saúde e da doença (DOHaD, na sigla em inglês), com investigação de artigos experimentais e epidemiológicos.

Saavedra diz que o grupo da UEM atua no Laboratório de Biologia Celular da Secreção (LBCS), coordenado por Mathias, onde investiga como os impactos sofridos durante as fases do desenvolvimento humano – por exemplo, desnutrição durante a gestação – são capazes de gerar consequências ruins à saúde do filho para o resto da vida.

Mathias é um dos mais renomados pesquisadores da UEM, bolsista 1A de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

ARTIGO – Além de Saavedra e Mathias, são autores do artigo intitulado “COVID-19 During Development: A Matter of Concern” (“Covid-19 durante o desenvolvimento: uma questão de preocupação”, em tradução livre): Kelly Valério Prates, Gessica Dutra Gonçalves e Silvano Piovan, egressos do doutorado do PBC da UEM; e Paulo Nuno Centeio Matafome, pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, em Portugal.

O artigo de revisão/hipótese está publicado em inglês na revista Frontiers in Cell and Developmental Biology (Fronteiras na Biologia Celular e do Desenvolvimento) – revista com fator de impacto científico de valor 5,18, o que a coloca como a sexta mais relevante do mundo na área da Biologia do Desenvolvimento, de acordo com dados do Journal Citation Reports (Relatórios de Citações de Periódicos).