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CIDADANIA

Toledo registra aumento de 384% nos atendimentos a mulheres vitimas de violência em um ano

Ao todo, foram registrados 3.881 atendimentos entre 2020 e 2021

08/03/2022 - 17:59
Por Redação


Menos renda, mais trabalho doméstico e aumento de violência dentro de casa. Neste dia 08 de Março – Dia Internacional das Mulheres, não há tanto o que comemorar. Apesar de serem os pilares fundamentais de uma sociedade, a realidade das mulheres está longe de ser algo celebrado, ainda mais no contexto da pandemia. A desigualdade e o desrespeito marcados em seus rostos foram intensificados desde 2020.

É o que aponta o Atlas da Violência 2021. O documento, que mede os impactos da violência contra o sexo feminino, registrou que 3.737 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil em 2019. Desse total, 66% das vítimas eram negras. Enquanto a taxa de homicídios de mulheres não negras foi de 2,5, a mesma taxa para as mulheres negras foi de 4,1. Ainda segundo o Atlas, em 2009 a taxa de mortalidade de mulheres negras era 48,5% superior à de mulheres não negras. Onze anos depois a taxa de mortalidade de mulheres negras é 65,8% superior à de não negras.

De acordo com o Tribunal de Justiça do Paraná, desde 2019 já foram abertos mais de 20 mil processos por feminicídio, no Estado. Em 2019 foram 6.292 ações; já em 2020, 9.654. Em Toledo, segundo os dados da Secretaria Municipal de Política para Mulheres, entre 2020 e 2021, houve o aumento de 384% nos atendimentos a mulheres vítimas de violência. “Ao todo, foram registrados 3.881 atendimentos. Dez mulheres em situação de violência foram atendidas com o benefício que contempla Bolsa Auxílio e o Aluguel Social. Em 2020 foram apenas quatro”, relata a secretária da pasta, Jennifer Teixeira.

O caso recente mais notável de feminicídio em Toledo foi o da mulher mantida em cárcere privado pelo namorado, em 2021. Após um ano vivendo agressões e torturas, a vítima conseguiu fugir de casa com o filho e foi acolhida por uma família. A secretária de Política para Mulheres, Jennifer Teixeira, alega que quase 100% dos casos têm violência psicológica e grande parte tem violência física. “Já a violência sexual normalmente não é percebida no início, pois quando acontece dentro dos relacionamentos é naturalizada, então a pessoa precisa ter uma compreensão primeiro”, explica.

Ela salienta a importância da denúncia. “Pode ser a possibilidade de salvar uma vida. Aliás, pode ser a última oportunidade de viver”, comenta. Além disso, as políticas públicas precisam de informações para que sejam elaboradas. “Sem as denúncias fica mais difícil elaborar estratégias para construir formas de qualificar o atendimento e prevenir os diversos tipos de violência”, completa a secretária.

Políticas Públicas

Apesar de muitos problemas estarem no ambiente doméstico, as soluções estão nas políticas públicas. Entretanto, conforme dados de transparência, a Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres, ministrada pela pastora Damares Alves, investiu apenas 2,6% da verba autorizada pelo Governo Federal para o combate à violência de gênero em 2021. Este é o menor investimento em programas destinados a esse grupo social desde 2015. 

A secretaria municipal desenvolve ações de conscientização, prevenção, campanhas educativas sobre violência doméstica, relacionamentos abusivos e promoção de direitos e qualidade de vida das mulheres. “Após realizado o boletim de ocorrência, a vítima é encaminhada para a rede de proteção, acompanhamento da família e acolhimento institucional quando necessário”, salienta Jennifer Teixeira.

Mercado de Trabalho

Outra tragédia que acompanhou as mulheres nesta pandemia foi o desemprego. Ainda que representem 52% da população brasileira, são as que menos progridem em suas carreiras profissionais. Durante a pandemia, elas são as primeiras a perderem o emprego. 

Em uma análise feita pelo PNAD 2021, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego entre as mulheres é superior a dos homens. Ano passado, o índice de desemprego entre elas era de 16,45%. Ou seja, mais de 7,5 milhões de mulheres. 

Também de acordo com o levantamento, entre 2014 e 2019 a taxa de participação feminina no mercado de trabalho cresceu 54,34%. No entanto, a pandemia fez com que o índice recuasse para 49,45%. Ainda assim, em 2021 houve uma leve melhora para 51,56%. Os números são, ao menos, 20% inferiores aos dos homens.

Neste cenário, uma das saídas é criar o próprio negócio. Em Toledo, por exemplo, a Sala do Empreendedor registrou, presencialmente, a abertura de 204 CNPJ’s ao longo do ano passado, uma queda se comparado ao índice de 2020, quando foram registrados 257.

Neste primeiro trimestre de 2022, foram 47 CNPJs abertos por mulheres. “Em um total de 10.485, 43% dos CNPJ's ativos em Toledo pertencem a mulheres”, comenta a coordenadora da Sala do Empreendedor de Toledo, Fernanda Moreira. As principais atividades são comércio de vestuário perfumaria, salão de beleza e mercearias. “Temos também identificado um aumento considerável na atividade de diarista”, destaca.

Por Daniel Felício
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