Casa de not%c3%adcias 1144x150

GERAL

Toledo é o primeiro município do Paraná a implantar Central de Libras

Ferramenta já é utilizada por várias empresas privadas e órgãos públicos do país e consiste no atendimento remoto, por meio de dispositivos móveis conectados à internet
27/09/2022 - 13:42
Por Prefeitura de Toledo


Toledo escreveu, na manhã desta segunda-feira (26), mais um importante capítulo na execução de políticas voltadas à inclusão de pessoas com deficiência (PCD). O município tornou-se o primeiro do Paraná a implantar a Central de Libras, serviço que visa facilitar o atendimento da população surda ou com deficiência auditiva que recorre aos serviços públicos municipais cujo lançamento ocorreu em ato realizado no Auditório Acary Oliveira e prestigiado por várias autoridades e lideranças da sociedade civil organizada.

A data para apresentar esta novidade não poderia ser melhor: 26 de setembro, Dia Nacional do Surdo. Denominada Icom, ferramenta desenvolvida pela Associação Amigos Metroviários dos Excepcionais (AME), de São Paulo, que é referência nacional na tradução simultânea na Língua Brasileira de Sinais, já é utilizada por várias empresas privadas e órgãos públicos do país e consiste no atendimento remoto, por meio de dispositivos móveis conectados à internet, no qual um intérprete facilita a comunicação entre o servidor público e o cidadão que só sabe se expressar por sinais.

A novidade já está em funcionamento no Paço Municipal Alcides Donin, no Pronto Atendimento Municipal (PAM) Dr. Jorge Milton Nunes e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Dr. José Ivo Alves da Rocha, e, até o fim do ano, estará em todos os órgãos públicos municipais. Os servidores destes espaços estão participando de uma capacitação promovida pela Secretaria de Políticas para Infância, Juventude, Mulher, Família e Desenvolvimento Humano (SMDH).

Emoção

A solenidade de lançamento da Central de Libras de Toledo foi marcada pela emoção, pois este serviço representa muito para um segmento da sociedade que sempre teve sua autonomia e sua dignidade afetadas pelas dificuldades de comunicação que havia entre ouvintes e surdos ou pessoas com deficiência auditiva. Este histórico de lutas por mais inclusão norteou os discursos das pessoas que compuseram a mesa de honra do evento: o prefeito Beto Lunitti; o presidente da Câmara de Vereadores, Leoclides Bisognin; o promotor da 2ª Promotoria de Justiça de Toledo, José Roberto Moreira; a presidente do Conselho Deliberativo da Associação dos Pais e Amigos de Deficientes Auditivos e Surdos de Toledo (Apada), Marli Wagner; do assessor de projetos da Icom, Joanderson Floriano; a titular da SDMH, Jennifer Thays Chagas Teixeira e o coordenador de Políticas para Pessoa com Deficiência da pasta, Junior Rasbolt.

 Diretamente envolvidos no planejamento e execução do projeto que implementou a Central de Libras, Jennifer e Junior foram os donos dos discursos mais emocionados. “Estou com o coração transbordando de felicidade por esta conquista. Se lá fora, a chuva não para de cair; aqui dentro, eu vejo o sol da inclusão iluminando todos nós. Trata-se de um dia histórico, pois marca a entrega de um serviço que confere autonomia e dignidade àqueles que se expressam na língua brasileira de sinais e recorrem aos órgãos públicos municipais. Meu agradecimento a todos que ajudaram a tornar realidade o sonho de tanta gente, pois só cercado de pessoas dispostas a fazer a diferença na vida das pessoas que mais precisam de políticas públicas é que grandes coisas como estas acontecem”, avalia a secretária. “Além de parabéns pelo Dia Nacional do Surdo, hoje é um dia de celebrarmos a instalação da Central de Libras. Afinal, estamos superando, pouco a pouco, séculos de lutas, preconceitos e incompreensões em um país cujas leis chegaram ao absurdo de nos proibir de nos expressarmos por sinais, obrigando surdos e deficientes auditivos a falarem mesmo sem poderem. Até hoje, poucas gestões públicas tiveram a sensibilidade de levar esta questão a sério e, felizmente, Toledo é exceção e peço à comunidade que mais precisa deste serviço para que aproveite e o use sempre que precisar”, recomenda o coordenador, que é surdo.

 Outro ponto importante para a implantação da primeira Central de Libras do Paraná foi o diálogo do governo municipal com a sociedade civil, representada pela Apada, e com outras instâncias do poder público, como Ministério Público e Câmara de Vereadores. “Hoje é um dia para lembrarmos uma luta de décadas e cujos avanços se deram só muito recentemente. Para ter uma ideia, a lei que institui a Libras é de 2002 e, desde então, celebramos pequenas conquistas que estamos tendo no sentido de incluir as pessoas que não escutam ou que escutam pouco no mercado de trabalho e no ambiente escolar, mas a luta continua e há um longo caminho por trilhar e, neste momento, devemos focar na formação de intérpretes da língua brasileira de sinais. Para quem vive esta realidade, comunicação é sinônimo de dignidade”, pontua Marli. 

“O Ministério Público, por meio da Promotoria que está sob minha responsabilidade, tem contribuído na implantação de políticas públicas de inclusão. Além da Central de Libras, orientamos Executivo e Legislativo em questões como a lei que reduz a jornada de servidores públicos municipais que são pais ou responsáveis por pessoas com deficiência e a instalação da Residência Inclusiva. Representamos uma fração bem pequena de todo este esforço, mas participamos do diálogo que permitiu o atendimento a esta demanda, o que só foi possível porque contou com o envolvimento de pessoas sensíveis a esta causa. Esperamos que este serviço transforme Toledo em referência no assunto, sendo motivo de orgulho para todos nós”, salienta José Roberto. 

O prefeito Beto Lunitti fez um breve relato de como a Central de Libras e outras propostas de inclusão foram inseridas no plano de governo apresentado à população nas eleições municipais de 2020 e como esta conquista coloca os surdos e pessoas com deficiência auditiva no papel de protagonistas. “O modelo de gestão proposto e implantado por mim e pelo meu vice, Ademar Dorfschmidt, é pautado numa Toledo que seja para todos. Todos mesmo. Aqui, inclusão não é discurso, é prática cotidiana representada neste e em outros projetos como o Lote Social, o Passe Social, o cartão ‘Toledo é + Dignidade!’, o Atleta na Universidade, o AMI [Ambulatório Materno Infantil] e o Aluno Conectado”, exemplifica. “Tomamos recentemente a decisão de criar mais uma casa abrigo para acolher crianças que estão sofrendo com violação de direitos. Já atendemos 70 e há um número considerável na fila e não podemos deixá-las desamparadas”, acrescenta.

Simulação

Após os discursos, a mesa de honra foi desfeita e Joanderson explicou como será o processo de atendimento pela plataforma digital Icom e, em seguida, uma simulação foi feita entre um cidadão com surdez, uma servidora pública e um intérprete de Libras que atendeu a ambos desde a central da Icom, localizada na capital paulista. “É uma ferramenta que tem o objetivo de dar autonomia às pessoas surdas, permitindo que elas tenham acesso aos serviços públicos com maior grau de clareza da informação que o servidor está repassando por meio de uma linguagem triangular mediada por profissionais capacitados nos dois lados da tela”, observa o assessor de projetos. “O contrato firmado entre nós e a Prefeitura de Toledo prevê tempo máximo de 90 segundos para a chamada ser atendida pela nossa equipe, mas a média tem sido de 20 segundos. É um serviço rápido e eficiente”, destaca.
Sem nome %281144 x 250 px%29