A XVI Mostra de Circo Social e a IX Mostra Nacional de Circo tem um motivo extra neste ano para a sua realização. Além da integração dos grupos, troca de experiências e conhecimentos, difusão da arte circense e proporcionar ao público acesso a espetáculos de renome, o evento tem por objetivo comemorar os 30 anos do Circo da Alegria. Neste período, centenas de crianças e adolescentes receberam orientações sobre cidadania, responsabilidade, disciplina e técnicas circenses, que servirão não apenas para apresentações no picadeiro, como também para o palco da vida.
“Nós acreditamos muito que fazemos a diferença na vida destas pessoas. A gente pensa no circo como um todo, não apenas como no aprendizado de técnicas circenses. A gente quer fazer com que as crianças e adolescentes entendam os valores éticos, a cidadania, o que elas podem fazer para melhorar a sociedade. Se elas continuarem fazendo circo, ok. Se não, que as lições e as vivências que foram compartilhadas sejam levadas para o convívio em sociedade. Este é o grande espetáculo da vida”, afirma o coordenador do Circo da Alegria e da Mostra e Festival, Dado Guerra.
Os 30 anos do Circo devem ser lembrados em fragmentos de histórias, ações, projetos e espetáculos realizados neste período e registrados na imprensa local e regional. Recortes de revistas e jornais, fotos e demais registros serão expostos no hall do Teatro Municipal, sob a curadoria da instrutora de circo Paula Bombonatto. O material ficará exposto durante toda a Mostra e Festival, de 3 a 8 de novembro.
Segundo Dado, o Circo da Alegria começou em 1992, através de uma oficina de circo. O objetivo, na época, era envolver e tentar resolver problemas existentes com relação a depredação de espaços públicos, disciplina, falta de responsabilidade e evasão escolar. As atividades foram feitas e deram resultados, mas os alunos e professores envolvidos no projeto na época manifestaram o desejo de continuar este trabalho. Graças a este envolvimento e o apoio da comunidade o projeto teve sequência embora também tenha passado por alguns percalços ao longo de sua trajetória.
O maior desafio, relata Dado, foi com o fim da lei de incentivo à cultura ao esporte . De 1992 ao ano 2000 o projeto manteve-se com recursos desta lei, mas ao seu fim, a perspectiva era de que o Circo da Alegria fosse fechado. Mais uma vez com o envolvimento dos alunos e professores da escola, e o apoio da comunidade, foram buscadas lideranças locais, mostrando a importância e a necessidade do trabalho, o possibilitou a continuidade.
Foi nesta época que um dos instrutores – Ademir Iung , coordenador atual do Circo da Magia – cunhou uma frase que se tornou lema do grupo. “O sonho não pode acabar porque outros virão com o mesmo desejo de sonhar”.
Dado ainda elenca alguns marcos na trajetória do projeto, entre eles a construção do picadeiro do Circo da Alegria, com capacidade para 400 pessoas sentadas, em 2000. O local substituiu o antigo barracão usado para os treinos e também é utilizado hoje para apresentações na comunidade. Em 2011 o Circo da Alegria venceu o prêmio nacional Itaú Unicef, tornando-se conhecido nacionalmente, e em 2015 entrou para a Rede Circo Mundo, fazendo parte de um grupo seleto de 20 projetos que discutem a pedagogia do circo social.
Segundo Dado Guerra, o Circo da Alegria de Toledo tem uma das melhores estruturas do país, entre os projetos sociais, e conseguiu diversos avanços ao longo dos anos. O município é um dos poucos que contrata instrutores de circo através de concurso público e reúne duas unidades em funcionamento – o Circo da Alegria e o Circo da Magia, no Jardim Coopagro. “Avançamos, mas precisamos cada vez mais melhorar a nossa estrutura de profissionais para atendimento, mas entendemos que isso também é algo que vai se construindo no andamento do processo”.
Hoje, crianças de adolescentes participam sem qualquer restrição. “Se ele não estiver estudando, uma das limitações antes existente, ele ingressa no projeto para depois resolver esta questão”, explica Dado.
Além disso, a implantação do programa Respeitável Público pela Secretaria da Educação possibilitou a formação de profissionais visando o ingresso no mercado de trabalho. O programa beneficia 10 alunos do Circo da Alegria e 10 do Circo da Magia que desejam ser instrutores de circo com uma bolsa auxílio mensal de R$ 500,00. Com isso eles tem melhores condições de estudar e de investir na sua formação profissional. O município de Toledo foi pioneiro na abertura de vagas para instrutor circense através de concurso público.
Atualmente o projeto atende uma média de 100 crianças, de segunda a sexta-feira, a partir dos seis anos de idade, no contraturno escolar. A nova sistemática de atendimento adequa-se a necessidade da comunidade, permitindo que as crianças sejam bem assistidas enquanto os pais trabalham. Como as atividades são realizadas durante toda a semana, além das atividades circenses, as crianças participam de outros projetos, como informática, artes, cidadania, recreação entre outras atividades.
