Na platéia além dos futuros contabilistas participaram estudantes do ensino médio da Escola Atílio Fontana. Beto Lunitti contou aos jovens um pouco da história da empresa e falou do que era empreender quando a empresa surgiu e hoje.
Ele disse que o empreender de ontem se sustentava em dois principais fundamentos: a experiência e a intuição. “O que contava era o conhecimento do ramo, as competências do empreendedor naquela área e o que ele intuía. Não existia um profissionalismo ou um estudo mais aprofundado sobre as decisões tomadas”.
Beto lembrou que o ambiente para empreender na época que a empresa surgiu tinha aspectos positivos e negativos. “O consumidor era menos exigente, os órgãos de fiscalização não dispunham de tecnologias e não faltava mão-de-obra, por outro lado, vivíamos numa economia instável, com juros altíssimos e o acesso ao crédito era quase impossível”.
Outro aspecto que atuou como força contrária ao empreendedorismo no início da década de 1990 foi o confisco da poupança feito pelo então presidente da República, Fernando Collor de Mello. “Na época nosso negócio foi atingido diretamente pela medida, pois tínhamos construído com recursos próprios a loja do Jardim e para garantirmos capital de giro abrimos a sociedade para mais uma pessoa que depositou sua cota na poupança e no dia seguinte Collor confiscou o nosso dinheiro e de muitos brasileiros. Mas nós não desistimos e graças a Deus deu certo”.
O empreendedorismo hoje, na avaliação do Beto Lunitti, tem ambientes favoráveis e desfavoráveis, como algumas décadas atrás, no entanto requer mais velocidade em todas as ações. Beto aponta como fundamentos centrais do empreender hoje a informação e a inovação. “O ambiente do empreender hoje tem coisas positivas e negativas como tínhamos quando começamos com a empresa. Hoje temos mais concorrentes, o consumidor é muito mais informado, logo requer mais informação e mais qualidade naquilo que vai comprar. A carga tributária sempre foi muito elevada, mas hoje a eficiência tecnológica garante que os governos arrecadem mais. Por outro lado, temos informações mais rápidas o que nos permite inovar mais. Temos maior acesso ao crédito e que com juros menores”.
O dado preocupante apresentado por Beto Lunitti é o apagão de mão-de-obra. “Se antes o empresário tinha a sua disposição mão-de-obra excedente, hoje falta. Temos vagas para padeiro, açougueiro, confeiteiro... mas não temos o capital humano”.
A grande vantagem do empreender hoje, apontada por Beto, é que o momento econômico social vivido no país é bastante propício. “A inserção de um grande número de brasileiros no mercado consumidor é devido o momento vivido pela economia brasileira e isso é bom para o empreendedorismo, pois temos mais gente querendo comprar, consumir”.
Beto resumiu os desafios do empreendedor hoje. “Primeiro deve conhecer muito bem a atividade que vai trabalhar, segundo é preciso ter visão sistêmica do negócio, ou seja, meu negócio depende da economia, das ações do diretor, do gerente, do encarregado até do empacotador. A maneira que cada um fizer sua parte vai influenciar o todo e se uma parte não funcionar o todo pode estar comprometido. E é preciso entender que o negócio não é algo frio ou sem vontades, ao contrário os negócios são feitos por pessoas e estas tem histórias próprias e quando vão trabalhar ou consumir precisam ser vistas e respeitadas como seres humanos”.
Outro desafio lembrado pelo diretor geral da Rede de Supermercados Lunitti é a profissionalização do negócio. “A nossa empresa é familiar e entendemos que para crescer é necessário profissionalizar. O primeiro passo foi organizar o departamento de recursos humanos, com isso zeramos o passivo trabalhista e em seguida fomos reestruturando cada departamento e isso tem feito a diferença”.
Beto Lunitti encerrou sua palestra dizendo que a sua receita de sucesso no empreender é, em primeiro lugar, acreditar e dedicar um tempo do seu dia a Deus, segundo ser honesto, terceiro as ações do seu negócio, assim como da sua vida devem promover o bem.
Na mesma noite Nereu Machielo proferiu palestra sobre: Mudar é preciso e na noite de quinta-feira (25), o professor Pery Francisco Assis Shikida falou sobre: A importância da economia no âmbito contábil e João Paulo Kolovski que tratou sobre Balanço Social.
