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Opinião: Analfabetismo científico

Um cientista norte americano, o astrônomo Chris Impey, realizou recentemente uma pesquisa em seu país entrevistando cerca de 10 mil estudantes de graduação com questões elementares sobre assuntos relacionados à Ciência. O resultado foi aterrador: a maioria não soube responder às perguntas ou apresentou respostas pseudocientíficas.

04/11/2010 - 07:35


Cerca de 65 %, por exemplo, acreditam que ETs teriam ajudado a construir monumentos como as pirâmides do Egito Antigo. Vinte e dois por cento disseram que a astrologia é uma ciência (confusão tremenda com a astronomia, esta sim, uma ciência) e 40 % acreditam em números da sorte. Pior: mais de 40 % dos entrevistados disseram que antibióticos matam tanto bactérias quanto vírus! Ora, só as bactérias são vulneráveis aos antibióticos.

Segundo o autor da pesquisa, os universitários daquele país não conseguem emitir opinião sobre questões de políticas cientificas e rumos da Ciência em seu país. O ensino médio norte americano é forte em história, conhecimentos gerais, esportes, computação, mas muito fraco em ciências. O que mais chama atenção é que mesmo questões elementares poderiam ter sido respondidas por alguém minimamente informado.

No Brasil não é diferente. E, segundo Renato Sabbatini, educador da Unicamp “cerca de 70% dos brasileiros só conseguem ler textos curtos e tirar informações esparsas deles. Têm letramento insuficiente. É impossível serem bem informados sobre a ciência moderna." Isto é um problema político. “Esses conhecimentos são importantes para avaliar posições políticas sobre mudança climática ou células-tronco" diz Impey.

 As questões científicas e tecnológicas estão ganhando importância cada vez maior no quadro mundial, desde o efeito estufa até as ameaças econômicas representadas pelas tecnologias estrangeiras. A conscientização do impacto dos progressos científicos e tecnológicos nas crenças e sentimentos humanos deveria fazer parte da educação cientifica de todos. É necessário encorajar a desenvolver visões novas, ao reconhecerem que estas visões os ajudam a compreender melhor o mundo, para a participação consciente com outros cidadãos na construção de uma sociedade aberta, decente e vital.

O conhecimento científico deve ser uma conquista de todos. É preciso ampliar a possibilidade de seu entendimento a um número cada vez maior de pessoas, não de forma imposta ou condicionada, mas estimulada. É preciso, portanto, estimular e ampliar a educação científica. Esta educação cientifica deve ser o conjunto de conhecimentos que facilitam aos cidadãos fazer uma leitura do mundo onde vivem, entendendo a necessidade de transformá-lo. Ser capaz de entender tais debates é hoje tão importante quanto ler e escrever.

Esta coluna irá propor tratar de assuntos relevantes na área das Ciências, estimulando a reflexão. E ela é aberta a discussões para participação. Só assim faremos a educação cientifica para todos.

Sugestões de leitura

HAZEN, R. M.; TREFIL, J. Alfabetização científica: o que é, por que é importante e por que faz falta. In: Saber Ciência. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1995.

TATSCH, F. G. Mediação e Ciência. Scientific American Brasil. Vol. 1 (10): 2003, p. 27.

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