É ao redor de uma mesa que se compartilha histórias e muito afeto, além de bons pratos, é claro. E assim será, a partir de dezembro na sede da Embaixada Solidária Toledo, que agora é também a Central Regional do Migrante. O novo projeto da instituição chamado Cozinha Mundo será inaugurado nos próximos dias e conta com uma estrutura de cozinha industrial e um canteiro de horta para cultivo de ervas e hortaliças orgânicas, que são utilizadas na culinária de diversas culturas diferentes. A OSC atua desde 2014 na Região Oeste do Estado em um trabalho humanitário necessário e ampliado para importantes necessidades locais e globais.
O projeto foi idealizado em 2023 para concorrer na Chamada Semeia da Fundação Cargill, no qual foi aprovado para execução no ano de 2024.
Para a instituição, o edital soou como uma oportunidade e uma grande esperança, já que ela não tinha nenhuma possibilidade de executar o projeto com recursos próprios. O passo seguinte foi transformar uma das principais necessidades da instituição em um projeto que vai impactar milhares de vidas. Um levantamento detalhado do impacto foi realizado pelos voluntários e pelos migrantes envolvidos no processo.
O Projeto Cozinha Mundo nasceu com suas diretrizes alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), como por exemplo, o Combate à Fome, Agricultura Sustentável, Trabalho Decente, Crescimento Econômico e Redução das Desigualdade. O projeto visa oportunizar ferramentas de geração de renda e intercâmbio sociocultural dos diferentes povos, inclusive brasileiros, atendidos pela organização para o ensino sobre os alimentos e a gastronomia cultural e regional, através de horta e cozinha comunitárias, de modo a garantir a segurança alimentar dessas pessoas e capacitação profissional e empreendedora. Os três pilares que fundamentam e integram o projeto são fundamentais dentro da política de atendimento da organização.
Segurança Alimentar
A Embaixada Solidária recebe migrantes de mais de 40 países e de todos os estados Brasileiros. Neste contexto, muitos dos países em crises econômicas severas contam com pessoas com agravamento nutricional e que são impactadas pela escassez alimentar. Muitos migrantes se deparam com o abandono do poder público em seus países de origem relação ao que corresponde à segurança alimentar chegando no Brasil em precárias condições. O projeto alivia não só o sistema público de saúde Toledano bem como a assistência social e suas políticas como um todo, com o devido acompanhamento nutricional destas pessoas. Países como o Haiti e a Venezuela são alguns dos mais atingidos por essa realidade. A missão do centro de segurança alimentar é oportunizar o maior aproveitamento possível dos alimentos, convênios com indústrias e universidades e outros atores que possam por meio de parcerias colaborarem com a causa e promover a Segurança Alimentar da população migrante.
Profissionalização
Outro ponto importante que ancora o Projeto Cozinha Mundo é a profissionalização dos migrantes e refugiados. Em pesquisa recente do Programa Oeste em Desenvolvimento (POD), consta que mais de 12 mil vagas de trabalho estão abertas na Região Oeste do Estado do Paraná, mostrando uma dificuldade absoluta na contratação e manutenção de pessoas nas funções laborais. Centenas destas vagas estão também no setor gastronômico, que possui o agravo de necessitar sempre de mão de obra treinada e especializada. A função da Cozinha Mundo será também de formação destes profissionais que além de conhecimento técnico, vão emprestar seu toque cultural único para cada um dos preparos que estarão à disposição do público já nos próximos meses.
Empreendedorismo Social
A terceira missão do Projeto Cozinha Mundo é abrir as portas da gastronomia internacional para a comunidade de uma forma afetiva e sustentável. O empreendimento gastronômico é uma forma de diminuir distâncias culturais, aproximando os povos e ao mesmo tempo promovendo o empreendedorismo solidário que terá a missão de gerar recursos que serão totalmente reinvestidos no atendimento aos Migrantes e Refugiados.
Vencidos os trâmites legais de autorização para a construção do anexo que receberá a Cozinha Mundo, as obras começaram no final do primeiro semestre de 2024 e seguem a todo vapor em fase final. O processo de construção não impediu que o projeto já ganhasse movimento através de atividades de oficinas gastronômicas e encontros culinários durante o ano de 2024 na Embaixada Solidária, reforçando o objetivo do projeto. Foram cinco atividades oficiais que contaram com jantares e almoços brasileiros e das culturas dos países atendidos, como: Haiti, Angola, Venezuela e Cuba, durante a II Semana do Migrante. “Para além do espaço de horta e cozinha, nosso objetivo era fomentar atividades que garantissem a utilização da cozinha como ferramenta de intercâmbio cultural e fortalecimento, o que foi possível acontecer mesmo antes da entrega oficial da cozinha”, explica Mariana Gouveia, responsável pela elaboração do projeto e gestão de apoio entre a Embaixada Solidária e Fundação Cargill.
Contagem Regressiva
O projeto e seu espaço poderá ser visitado a partir de dezembro na sede da Embaixada Solidária e está aceitando doações de utensílios de cozinha, jardinagem e mudas de ervas e hortaliças, que contribuirão com o novo projeto.