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EDUCAÇÃO

Pais passam a noite na fila para garantirem vaga na pré-escola na rede municipal; Secretária afirma que Lei obriga oferta a partir de 2016

Desde as 16h de terça-feira (8), um grupo de pais se concentrava em frente a escola Shirley M. Lorandi, na região central da cidade. O objetivo era garantir uma vaga para suas crianças que ingressam no Pré I e II, na rede municipal. A queixa dos pais era de que o número de vagas ofertas é insuficiente para atender a demanda, além da situação precária que precisaram se submeter, pois ao término do expediente a escola foi fechada e nem mesmo acesso a banheiros eles tiveram.

09/11/2011 - 20:50


Eles foram para frente da escola com cadeiras, redes e colchonetes para enfrentar a longa noite em busca de uma vaga. No grupo tinha pais, avós e até as próprias crianças, pois muitos pais não tinham com quem deixá-las. Alguns passariam a noite na fila e no dia seguinte trabalhariam normalmente.

Aqueles homens e mulheres do seu jeito buscavam resguardar sua cidadania organizando a fila. Eles diziam: “não queremos que ocorra brigas, ou que as pessoas que chegaram aqui às 4h da tarde, passem a noite na fila e não consigam a vaga”.

Uma pessoa na fila anotava o horário que cada um chegava, o nome e se buscava vaga para Pré I ou Pré II.

Josiane Cristina é uma das mães que passou a noite na fila. “Nós estamos desde às 16h para conseguir vaga para o Pré I e II. É uma falta de respeito com o ser humano, porque estamos sem banheiro, sem água, estava chuviscando e tem criança na fila e ninguém abriu o Colégio para entrarmos. Estamos aqui sem escolha de horário. É o horário que tiver disponível e há somente 20 vagas para cada turma”.

Os pais que buscaram informações sobre as vagas disponíveis na escola foram informados que a escola dispunha de 20 vagas para o Pré I e 21 para o Pré II e todas eram para crianças residentes na região central. “Moramos no centro, mas no ano passado já não conseguimos a vaga. Todo o ano é a mesma coisa. No ano passado dizem que deu briga”, relata Josiane.

Josiane disse que foi até a Secretaria de Educação ela disseram que não há obrigatoriedade do município ofertar as vagas para o Pré. “Hoje fui à Secretaria me informaram que crianças de Pré I e II não tem necessidade de estudar, mas sim a primeira série. Se a creche não pega, porque está indo para o Pré, o Pré tem que pegar porque não temos condições de pagar uma pessoa para cuidar ou deixar sozinha. Eu e mais duas mães estávamos na Secretaria de Educação e ouvimos isto: Se quiser vaga terá que ficar na fila, porque não somos obrigados a fornecer vaga para o Pré, porque apenas a primeira série é obrigação”.

Rosa Maria da Silva é outra mãe que estava na fila e lamentou a situação. “É a primeira vez que venho pra a fila. Acho isso um absurdo, Toledo é uma cidade tão bonita e temos que passar por isso na frente dos colégios. Está certo que é em todas as cidades, mas como o Prefeito é bom, deveria ser diferente. Deveria abrir a escola para pelos menos usar o banheiro, porque para os Jogos Abertos, eles abrem e tem segurança e agora estamos expostos a chuva. Tem criança com fome e frio, esperando para conseguir uma vaga, além das vagas serem poucas. Acho que isso não é cidadania”.

O vereador Adriano Remonti (PT), esteve na escola conversou com alguns pais e disse à reportagem que lamentava aquela situação. “É triste ver que nossa cidade que recentemente comemorou o bilhão ( ou quase bilhão) no agronegócio, as famílias precisam passar a noite numa fila e deixarem seus lares para garantir uma vaga na pré-escola”.

Remonti disse que a situação é reflexo das escolhas da administração municipal. “Veja bem, se temos filas nas escolas, se temos crianças que ficam fora da escola é porque foi feito uma escolha, ao invés de investirmos os recursos públicos em educação, a administração investiu em outras coisas que considerou mais prioritária. Então precisamos começar pensar como esta a educação, a saúde e a cultura. Elas são prioritárias de fato”?

O vereador ligou para a Secretária Municipal de Educação, Janice Salvador e solicitou que a escola fosse aberta, para que os pais pudessem minimamente usar o banheiro da escola. A meia noite a escola foi aberta e os pais puderam se abrigar na área interna da escola.

A reportagem conversou com a secretária que confirmou que as vagas não são suficientes para atender a demanda. “Temos um planejamento para ampliarmos o número de vagas, mas a implantação do ensino de nove anos acabou atrapalhando um pouco este planejamento. Realmente hoje não temos condições de atender 100% da demanda. No entanto, a Lei nos obriga a ofertar vagas para o pré a partir de 2016”.

Janice disse que as escolas só receberão matrícula de crianças que comprovadamente moram próximas as escolas. “Caso sobre alguma vaga, receberemos a matrícula de crianças que moram em outras regiões em fevereiro de 2012”.

 

Por Selma Becker

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