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Opinião: O que esperar da próxima safra

Em meio à crise financeira na Europa e a incapacidade dos líderes mundiais em contorná-la – pelo menos até o momento -, a safra 2011/12 já está no campo, a espera de uma boa produtividade e, sobretudo, bons preços. Pelo andar da “carroça”, as negociações na zona do euro devem avançar para o ano de 2012, afetando é claro o comércio mundial e, nesse contexto, a volatilidade dos preços deve continuar, inclusive dos alimentos, destacando aí os grãos em geral.

10/11/2011 - 18:13


É bom, nesse momento, em que os produtores rurais depositam muitas esperanças na produção especialmente de grão em 2012 -  haja visto crescimento nos investimentos, se compararmos com o ocorrido no ano passado -, perceber que grande parte da liquidez alcançada por estes produtos ao longo do último ano, se deu em boa parte pela atuação dos fundos de investimentos nas bolsas ao redor do mundo. A tendência é de que este cenário deva prevalecer durante o próximo ano, pois aparentemente, líderes do mundo todo parecem encontrar muitas dificuldades para solução da crise na Europa no curto prazo, o que aumenta o nervosismo nos mercados, onde as commodities são extremamente sensíveis pelo risco que representam. Nestes momentos, a moeda americana sempre será um “porto seguro”, assim como em 2011.

Outro fato a ser considerado e que deve afetar o mercado em 2012, é o esperado crescimento mais modesto principalmente dos países que têm impulsionado o consumo de alimentos ao redor do mundo, destacando-se a China e o Brasil. Isto deve acontecer mais em função de uma ameaça inflacionária nesses países, com conseqüentes medidas dos governos no sentido de restringir principalmente o crédito – o aumento nos preços dos alimentos constitui hoje na maior preocupação do governo Chinês quando o assunto é inflação. Mesmo assim, a demanda deve continuar robusta e dando suporte aos preços agrícolas, todos os indicadores que tratam deste assunto, ou seja, oferta e demanda de alimentos (soja, milho, trigo, frango, suínos, etc...), apontam para esta direção. Reside aí a melhor notícia para todo o setor ligado ao Agronegócio: a crise cria incertezas sobre como pode ser a conjuntura que envolve os negócios da agricultura num futuro próximo, no entanto, as últimas experiências, como por exemplo o rombo do mercado imobiliário em 2008 nos EUA, deixou transparecer um certo descolamento do setor agrícola, por estar alicerçado em fatos como melhoria de renda em países potencialmente grandes consumidores e , certamente, muito menos em derivativos.

 

Estas razões devem permanecer durante o próximo ano, e tudo indica, acompanhado de uma boa produção. Este otimismo tem sua origem num clima extremamente favorável para a semeadura da safra atual, ao contrário do que aconteceu no último ano. Temos também que levar em conta maiores investimentos por parte dos produtores, possibilitados por um ano de bons preços na agricultura e porque não dizer, apesar de alguns problemas, boa produtividade. Para que tudo se encerre com chave de ouro, nossos “amigos do primeiro mundo”, devem  ajustar o mais breve possível suas economias, se não, vamos ter que arcar também com este custo, apesar de  todo subsídio no setor rural que eles já possuem, e deve continuar afetando a competitividade do Agronegócio brasileiro.

 

João Luis Raimundo Nogueira

DERAL/SEAB/TOLEDO

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