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SAÚDE

Credenciamento em alta complexidade em neurologia depende da boa vontade de muita gente, afirma superintendente do HOESP

 O Hospital Bom Jesus (HOESP) já está realizando procedimentos em neurologia de baixa e média complexidade. No entanto, um fator primordial preocupa: um único neurocirurgião estará à disposição 24h para atender a demanda de Toledo e região.  A expectativa de credenciar o HOESP para procedimentos em alta complexidade, mais uma vez, ficou para depois. A razão é simples: quem vai pagar a conta? O Hospital alega que sua contrapartida seria a retaguarda, a estrutura física do Hospital e corpo clínico habilitado, isto é o que estaria disposto a investir, mas equipamentos, que podem ter um custo aproximado de R$ 500mil, o Hospital diz não ter condições de arcar com este investimento. A expectativa para a solução do problema é vaga. Nas palavras da superintendente do HOESP, Michele Okana o prazo depende da boa vontade de muita gente. A secretária municipal de Saúde, Denise Liell rebate dizendo que este custo o Hospital deverá arcar, pois se trata de uma empresa privada, o que impede que municípios, estado ou união façam este tipo de investimento.

16/02/2012 - 20:44


Estas informações foram repassadas durante uma coletiva à imprensa, na manhã desta quinta-feira (16), convocada pela direção do Hospital Bom Jesus – HOESP. Michele apresentou um histórico das ações para viabilizar o atendimento em baixa e média complexidade, o que segundo ela, já está acontecendo desde o dia 14 de janeiro e em alguns casos utilizando equipamentos emprestados de outros hospitais, uma vez que a entrega dos equipamentos adquiridos em parceria através de convênios e com as empresas Sadia e Unimed, só foram entregues no dia 6 de fevereiro.

Já não era sem tempo a retomada do atendimento de baixa e média complexidade, mas um dos problemas alegados pelo Hospital para não realização dos serviços persiste: a ausência de capital humano. O médico neurocirurgião, Carlos Rocha Júnior é o único profissional habilitado que dará plantão à distância 24h.  

Este mesmo problema vai refletir no credenciamento do Hospital em alta complexidade. “O Estado gostaria que credenciássemos em alta complexidade em neurocirurgia, porém para que haja este credenciamento é preciso de novos investimentos, ou seja, novos equipamentos de alta complexidade e mais dois profissionais neurocirurgiões”, comenta Michele.

Este não é o único problema, pois o Hospital Bom Jesus é uma empresa privada que ao se credenciar receberá pelos serviços, portanto órgãos públicos legalmente são impedidos de investir, embora esta seja a vontade do HOESP. Para isso o Hospital busca a certificação de Instituição Filantrópica. “Como há o interesse do Estado, nós buscamos a Certificação de Filantropia do Hospital. Nós esperamos contar também com a ajuda do Estado para a aquisição dos equipamentos, pois o hospital atende 18 municípios. Se foi difícil ter um investimento básico para atender esta necessidade mínima imagina para atender uma alta complexidade. Se para atender a necessidade mínima precisamos contar com o auxílio dos convênios e com o aporte do Ciscopar, com um repasse de valores para iniciar o atendimento, eu te coloco que o hospital gostaria de credenciar, mas vai precisar de novo do auxílio tanto da Secretaria Estadual de Saúde ou talvez dos Municípios para que façamos um credenciamento para frente, porque o hospital para fazer este investimento tem suas dificuldades”.

Sobre a expectativa do tempo para acontecer o credenciamento em alta complexidade Michele foi enfática. “Depende da boa vontade de muita gente, porque muitas coisas acontecem em curto prazo, mas depende de muita boa vontade”.

Em 24 de setembro do ano passado o neurocirurgião Carlos Rocha Júnior apresentou a Promotoria Pública um Projeto básico para viabilizar do serviço em neurologia em alta complexidade, nele o médico previa um investimento próximo a R$ 500 mil (isto se alguns equipamentos do HOESP pudessem ser aproveitados, dependeria de uma avaliação do estado dos equipamentos).

Além de equipamentos para credenciar em alta complexidade o Hospital precisa de leitos de UTI, mais médicos especialistas e efetivar a UTI Pediátrica. Em Toledo não existe nenhum Hospital que possui este tipo de UTI.

A secretária de saúde, Denise Liell, que acompanhou a coletiva disse em entrevista que a possibilidade de credenciamento é positiva, mas depende do Hospital. “Está em processo, porque havia uma caminhada com relação a este processo. Ela ( Michele Okano) solicitou de volta o processo e assim que devolver para a 20ª Regional de Saúde, o processo será encaminhado para Curitiba e o secretário estadual de saúde levará para o Ministério da Saúde. É questão de tempo, porém para efetivamente credenciar todos os passos do processo devem estar corretos”.

Quanto à possibilidade dos municípios contribuírem com a aquisição de equipamentos, Denise afirmou que isto só é possível se o Hospital se tornar filantrópico. “Somente será possível a participação dos Municípios a partir do momento em que o hospital tiver o CEPAS, que é uma Certidão que qualifica como hospital filantrópico e que isso também passa pelo Governo Federal. Este processo está lá aguardando deliberação. A partir deste momento o Estado e os Municípios poderão investir diferentemente do que é hoje”.

A secretária afirmou que os Municípios estão sendo parceiros do Hospital por meio do Ciscopar. “Além do que já vínhamos subsidiando, agora estamos também colaborando com os exames em alta complexidade, mas para credenciar o hospital deve ter uma referência SUS para estes exames e os Municípios estão pagando esta conta também”.

Denise foi enfática ao afirmar que os municípios não podem pagar a conta de todos os serviços. “O hospital terá que investir nos equipamentos de alta complexidade para tê-lo aprovado. Isso terá que ser feito pelo hospital”.

A superintendente do HOESP, Michele Okano defende que a compra dos equipamentos seja feita pelo estado. “Sendo uma necessidade do Estado e o hospital sendo uma referência regional, acho que seria de competência do Estado ajudar este hospital para que possa atender a população nestes 18 municípios, porque o hospital foi nomeado e referenciado para a região Oeste. Nada mais justo do que termos uma ajuda, porque diversos hospitais menores de porte do que o nosso hospital tem a doação de equipamentos por parte do Estado. Acho que nada mais certo do que este hospital ter esta necessidade e atender a demanda da população que são 358 mil habitantes que recorrem a essa instituição. Acho que está próximo de conseguirmos este auxílio”.

 

 

Michele Okano diz que entende que a conta dos municípios está alta, mas a do Hospital enquanto empresa, segundo ela também está grande. “Por muitas vezes, temos atraso de pagamento, de repasse de verba por conta do governo do estado, o que dificulta que o hospital tenha o seu giro. Não é algo que tem acontecido frequentemente, mas neste início de ano nós que estamos participando do Programa do Governo HOSPSUS, estamos com duas parcelas do Programa atrasadas, isto representa R$ 340 mil. Para quem tem empresa sabe o impacto financeiro que isto significa. Contamos sempre com este planejamento orçamentário. Então não adianta só cobrar para termos o serviço. Acho que cada um deve cumprir com a sua parte, se eu me comprometo a fazer uma atividade eu devo ter a contrapartida. Não é só que o hospital tem que fazer investimento. Se eu estou ofertando o atendimento SUS para toda a população qual a contrapartida tanto dos Municípios, Estado e Governo Federal?”.

O problema de credenciamento de neurologia foi discutido praticamente durante boa parte de 2011. O Ministério Público realizou diversas reuniões na sua sede, no intuito de sensibilizar os agentes públicos para a solução do problema. Você pode relembrar o caso nas matérias da Casa de Notícias.

 

 

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Vídeo da Coletiva

 

 

 

 

Por Selma Becker

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