Participaram do debate prefeitos e secretários de saúde dos 18 municípios que compõem o Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná (Ciscopar), juntamente com representantes do Hospital Bom Jesus (HBJ), da Associação Médica, Promotorias entre outros.
O encaminhamento apontado pelo Promotor de Justiça da Comarca de Toledo reafirmou sua posição de que todos os municípios precisam fazer “sua tarefa de casa” e ao mesmo tempo construir uma solução a médio e longo prazo. “Parece-me que os municípios tomaram consciência do problema e isso já é muito bom. Acho que eles devem se organizar para atender a essa demanda. Penso eu que é necessário ter um profissional em cada município para fazer a classificação de risco, sendo ideal que isso fosse implantado em todos os municípios. Com essa classificação de risco as coisas tendem a se resolver, pois os encaminhamentos deixarão de ser como hoje, sem nenhuma avaliação técnica”. O promotor cobrou também do Hospital que seja feita a contrareferência dos encaminhamentos levados ao hospital, e que conforme avaliação técnica não são considerados casos de urgência e emergência e poderiam ser reencaminhados para os municípios. “Se não for urgência ou emergência o hospital tem que fazer a contrareferência para o município”. A promotora de Justiça de Palotina Cristiane Aparecida Ramos reiterou a posição do promotor José Roberto. “Nós promotores temos trabalhado para que os prefeitos entendam a necessidade de se fortalecer a atenção básica e oferecer qualidade no atendimento à população. Temos que trabalhar principalmente na prevenção”.
Conforme a superintendente do Hospital Bom Jesus, Michelle Okano Anzanello, a adesão da entidade ao sistema de classificação de risco foi debatida em reunião na última semana. “Pretendemos em breve iniciar essa classificação de risco, e inclusive já nos reunimos com o corpo médico para tratar do assunto. Além disso, vamos implantar um formulário próprio de contrareferência”, prometeu.
Sobre as sugestões, a secretária de saúde de Toledo, Denise Campos, salientou que o município tem cumprido com o dever de casa. “Estamos investindo em Atenção Básica para que toda a demanda referente seja atendida com qualidade na própria rede municipal, porém ainda temos gargalos com dificuldade de contratação de profissionais, por exemplo, na pediatria e obstetrícia”.
Segundo Denise, o município reduziu significativamente os encaminhamentos para o Hospital Bom Jesus, chegando a 10% dos atendimentos. “Dos mais de nove mil pacientes que atendemos mensalmente no Núcleo Integrado de Saúde (NIS), conseguimos chegar a apenas 10% de encaminhamento para o HBJ, e a nossa meta é que por meio do Protocolo de Manchester (Sistema de Classificação de Risco) possamos chegar ao parâmetro do Ministério da Saúde, que é de 6%”, afirmou.
O prefeito Beto Lunitti afirmou que o problema está instalado e que os prefeitos terão que ter coragem e vontade política para buscar soluções. “Assumimos a administração desse município que era considerado o 2º pior IDSU do Paraná. Os prefeitos anteriores não tiveram a clareza de implantar e fortalecer o Programa Estratégia Saúde da Família que nasceu lá na década de 90 e permaneceu insipiente em Toledo. Queremos fazer em 4 anos o que não foi em 20 anos. Já ampliamos de cinco para dez Equipes Estratégia Saúde da Família (ESF’s) desde o início de 2013 e a meta é chegar a pelo menos 15 ainda em 2014 e até o fim de 2016 a 30 equipes”, afirmou o prefeito.
Beto argumentou ainda que Toledo está investindo no fortalecimento da Atenção Básica e na saúde preventiva. “Nosso foco é esse, porque acreditamos que esse é o caminho para que futuramente não tenhamos que voltar a debater o que estamos hoje discutindo.” Além disso, Toledo aderiu a programas como o Programa de Valorização dos Profissionais da Atenção Básica (PROVAB) e o Mais Médicos, como também, contratou novos profissionais via Prefeitura. O prefeito relatou ainda que o município está trabalhando para concluir as obras do Hospital Regional. “Estamos em fase final das obras, mas tivemos que realizar vários aditivos ao contrato da obra, devido a inconformidades dos projetos complementares ao arquitetônico, que não previa, por exemplo, a climatização do hospital”.
O presidente do Ciscopar, prefeito de Palotina, Jucenir Stentzler, destacou que novos debates deverão ser realizados para solução do problema, mas que os apontamentos já tem surtido efeito positivo. “Cada município vai rever o que é, e o que não é possível absorver da demanda no próprio território. Também chegamos a conclusão de que o problema não se trata apenas de infraestrutura, mas também de profissionais. Acho que cada prefeito e secretário deve agora se reunir com suas equipes e discutir possibilidades. A adesão ao sistema de classificação de risco é um dos desafios, assim como a agenda com o Governo do Estado e Governo Federal para mais avanços na saúde pública dos 18 municípios”, finalizou.
UPA
Outro ponto, que segundo o Promotor de Justiça de Defesa da Saúde Pública da Comarca de Toledo, José Roberto Moreira, deverá auxiliar a solucionar o problema, principalmente de Toledo, será a inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Doutor José Ivo Alves da Rocha, na Vila Becker. “O município terá capacidade de atender aos casos de urgência e emergência na UPA, o que possibilita que a população seja atendida quase que por completo, pelo menos, nessas demandas de maior urgência”.