O primeiro objetivo que era acabar com a fome e a miséria, reduzindo pela metade a população abaixo da linha da pobreza e a população que sofre de fome, Toledo cumpriu e superou a meta em 143%.
Embora tendo cumprido com o objetivo a concentração de renda no município, ainda é elevada, o que requer um olhar mais amplo da sociedade.
Segundo relatório do Observatório dos Objetivos do Milênio, a participação dos 20% mais pobres da população na renda, isto é, o percentual da riqueza produzida no município com que ficam os 20% mais pobres, passou de 3,5%, em 1991, para 5,1%, em 2010, diminuindo os níveis de desigualdade. Ainda assim, em 2010, analisando o oposto, a participação dos 20% mais ricos era de 52,5%, ou 10,3 vezes superior à dos 20% mais pobres. O que impactará no cumprimento dos demais objetivos, uma vez que a formação de renda é fundamental nos objetivos como educação, mortalidade infantil e gravidez na adolescência.
O Censo Demográfico de 2010 apontou que dos 39.003 domicílios toledanos, 44,06% deles tem renda domiciliar per capita de um quarto de salário mínimo (R$ 127,50) até um salário mínimo (R$ 510). E ainda, 665 domicílios, 1,7% do total declararam não ter nenhum rendimento. A base do Censo é de 31 de julho de 2010 e o salário mínimo considerado na época foi de R$ 510.
O rendimento médio mensal dos jovens de 15 a 17 anos era de R$ 713,1, em 2.012, enquanto que entre jovens de 18 a 24 anos o rendimento era de R$ 1.029,4.
O município, no segundo objetivo, que é educação básica de qualidade para todos, garantindo que todas as crianças terminem o ensino fundamental, ainda está no amarelo. Toledo atingiu somente 65,47%.
Para entender melhor o relatório do Observatório dos Objetivos do Milênio, aponta que em 1991, 11% das crianças de 7 a 14 anos não estavam cursando o ensino fundamental. Em 2010, verificou-se que 13,9% destas crianças não estavam na escola.
Nas últimas décadas, a frequência de jovens de 15 a 17 anos no ensino médio melhorou. Mesmo assim, em 2.010, 44,3% estavam fora da escola.
Apesar de ainda precisarmos avançar em relação à frequência escolar, o maior desafio está na conclusão do ensino fundamental (hoje 9º ano).
A taxa de conclusão do fundamental, entre jovens de 15 a 17 anos, era de 26,6% em 1.991. Em 2000, ano da pactuação dos objetivos era de 69% e em 2010 reduziu para 65,5% dos jovens que concluíram o ensino fundamental.
Quando analisado o ensino médio, os percentuais de conclusão são menores que do ensino fundamental. Em 1991, dos jovens de 18 a 24 anos, apenas 20,7% acabavam o ensino médio. Em 2000, o número amplia para 39,2% e em 2010, este valor aumenta para 55,7%. Apesar da ampliação, este número ainda deixa a desejar e impactará no desenvolvimento humano e econômico do município.
Outro fator que se percebe é a distorção idade-série, que se eleva à medida que se avança nos níveis de ensino. Em 2013, entre alunos do ensino fundamental, 6,7% estão com idade superior à recomendada nos anos iniciais e 23,2% nos anos finais. A defasagem chega a 22,1% entre os que alcançam o ensino médio.
O IDEB é um índice que combina o rendimento escolar às notas do exame Prova Brasil, aplicado no último ano das séries iniciais (rede municipal) e finais do ensino fundamental (rede estadual), podendo variar de 0 a 10.
Na avaliação das séries iniciais, ou seja, nas escolas municipais em 2005 o IDEB foi de 4,8, em 2007, de 5,5, em 2009 foi de 5,9 e em 2011 o rendimento atingiu nota 6,4 na escala de 0 a 10 pontos. Ao avaliar o rendimento escolar dos alunos ao término do ensino fundamental na rede estadual o desempenho é ainda menor, em 2005 foi de 3,6 pontos, em 2007 foi de 4,2, em 2009 foi de 4,6 e em 2011 o rendimento escolar decresceu, obtendo nota de 4,4, na escala de 0 a 10 pontos.
Toledo, em 2011, ocupou a 218ª posição, entre os 5.565 municípios do Brasil, quando avaliados os alunos dos anos iniciais, e na 1.424ª, no caso dos alunos dos anos finais. Quando analisada a sua posição entre os 399 Municípios de seu Estado, Toledo está na 21ª posição nos anos iniciais e na 91ª, nos anos finais.
O IDEB nacional, em 2.011, foi de 4,7 para os anos iniciais em escolas públicas e de 3,9 para os anos finais. Nas escolas particulares, as notas médias foram, respectivamente, 6,5 e 6,0 pontos.
Ainda considerando o IDEB de 2011, nos anos iniciais, somente 711 municípios brasileiros obtiveram nota acima de 6,0; a situação é ainda mais crítica quando se verificam os anos finais: apenas 10 municípios brasileiros conseguiram nota acima de 6,0. Ao analisar apenas os municípios do Estado, 58 deles nos anos iniciais e 0 nos anos finais obtiveram nota igual ou superior a 6,0.
Muitos jovens preocupam-se em conciliar estudos e trabalho. Ao analisar os jovens de 15 a 17 anos que estavam trabalhando, percebe-se que, em 2012, 69,0% deles trabalhavam de 41 a 44 horas semanais, o que pode influenciar negativamente nas horas disponíveis aos estudos. Quando analisada a faixa etária de 18 a 24 anos, esse percentual vai para 90,0%.
No terceiro objetivo, que é a igualdade de sexos e valorização da mulher, eliminando a disparidade de gênero no ensino, Toledo cumpriu 91,75% da meta.
Conforme o censo IBGE Em 2010, em Toledo, o percentual de pessoas de 18 a 24 anos sem instrução ou com ensino fundamental incompleto, do sexo feminino, era de 13,8% e do sexo masculino 22,3%; com ensino fundamental completo e médio incompleto, 23,5% feminino e 28,0% masculino; ensino médio completo e superior incompleto, 52,0% feminino e 43,9% masculino; com ensino superior completo, 10,2% feminino e 5,4% masculino.
Os números demonstram que as mulheres têm mais anos de estudos que os homens, no entanto com relação à inserção no mercado de trabalho, havia menor representação das mulheres. A participação da mulher no mercado de trabalho formal era de 45,2% em 2012.
O percentual do rendimento feminino em relação ao masculino era de 83,3% em 2012, independentemente da escolaridade. Entre os de nível superior, a desigualdade salarial aumenta: o percentual passa para 61,7%.
A participação feminina na política é muito restrita. No município, apenas 31,4% dos candidatos para a Câmara de Vereadores, em 2012, eram mulheres. E apenas uma se elegeu. No executivo municipal, das 25 pastas, entre secretarias e assessorias, a participação feminina nos cargos ampliou, ocupando nove cargos de primeiro escalão, totalizando 36% de todas as pastas.
No quarto objetivo, que é reduzir a mortalidade infantil em 2/3 de crianças menores de cinco anos, Toledo atingiu a meta em 66,9%, até 2012.
A taxa de mortalidade de crianças menores de 5 anos, em 1995, era de 24,9 óbitos a cada mil nascidos vivos; em 2011 foram registrados 28 óbitos de crianças de 0 a 5 anos de idade e em 2012 foram 25 óbitos e uma taxa de 13,7 óbitos a cada mil nascidos vivos, representando redução de 44,8% da mortalidade. O número total de óbitos de crianças menores de cinco anos no município, de 1995 a 2012, foi 475.
Em 2013, entre crianças de 0 a 5 anos, o número de óbitos reduziu para 22 e a taxa ficou em 12,38 óbitos por cada mil nascidos vivos. A vacinação que é um fator importante no controle da mortalidade infantil tem registrado indicadores positivos, cobrindo mais de 95% do público infantil, em especial, até um ano de idade.
A gravidez na adolescência é fator de risco para a mãe e também o bebê, o que muitas vezes, causa a prematuridade e aumenta os riscos de mortalidade infantil. O percentual de mães com idades inferiores a 20 anos é preocupante. Em 2001, 19,9% das crianças que nasceram no município eram de mães adolescentes; este percentual passou para 14,4%, em 2012, o que representa um a cada sete nascidos vivos.
O acompanhamento das gestantes contribui para a redução da mortalidade infantil. Em Toledo, mais de 86% das gestantes realizam de sete ou mais consultas de pré-natal. O Ministério da Saúde recomenda, no mínimo, seis consultas pré-natais durante a gravidez.
Segundo a secretária de Saúde de Toledo, Denise Campos, o município tem ampliado as ações de atenção as gestantes, inclusive para obter redução nos partos prematuros. “Já estamos realizando ações para que esses números diminuam. Ações de planejamento familiar, fortalecimento do reforço pré-natal, entre outras atividades para que tanto a mãe, quanto o bebê, tenham total assistência, segurança e saúde”, explicou a Secretária.
A Secretaria de Saúde tem agendado para os próximos dias uma atividade com as Unidades Básicas de Saúde, visando maior controle dos casos de mortalidade e mapeamento de cada caso, para aprimorar as políticas e qualificar a atenção as gestantes.
O 5º Objetivo do Milênio refere-se à taxa de mortalidade materna a cada 100 mil nascidos vivos, ou seja, a meta era reduzir em 3/4 a mortalidade materna, que conforme a recomendação máxima da Organização Panamericana de Saúde (OPAS) é de 20 casos a cada 100 mil nascidos vivos. O óbito materno é aquele decorrente de complicações na gestação, geradas pelo aborto, parto ou puerpério (até 42 dias após o parto). Neste objetivo, Toledo alcançou 100% da meta. A secretária de Saúde, explicou que desde 2011 a mortalidade materna em Toledo tem sido zero. “Nos últimos anos os números foram caindo, e desde 2011 não tivemos mais nenhum registro de mortalidade materna aqui no município”.
O sexto objetivo era combater a AIDS, Malária e outras doenças transmitidas por insetos, tendo como meta estabilizar o número de casos e reverter a propagação da AIDS.
No Município, entre 2.001 e 2.011, houve 372 casos de doenças transmitidas por mosquitos, dentre os quais 18 casos confirmados de malária, nenhum caso confirmado de febre amarela, 34 casos confirmados de leishmaniose, 354 notificações de dengue.
Neste quesito, diversos municípios de todo o estado não conseguiram atingir a meta. A enfermeira da Vigilância Sanitária, Carmem Garbin disse que em Toledo são feitos programas para prevenção destas doenças. “A malária hoje, quando aparecem casos em Toledo, são endêmicos, ou seja, importados de outras regiões, e quando fazemos o diagnóstico, logo começamos o tratamento”, contou.
Segundo o coordenador de Combate às Endemias, Genair Grunezld, o município tem tido uma diminuição de casos nos últimos anos. Genair conta que em 2012 Toledo havia contabilizado 258 casos de dengue. Já em 2013 o número diminuiu para 230 e este ano foram registrados apenas 20 casos. “Os números diminuíram, isso graças às diversas campanhas de conscientização que foram feitas para toda a população e os mutirões de limpeza realizados pelo município”, afirmou.
Sobre a reversão e combate à AIDS, o Centro de Testagem e Aconselhamento - CTA, responsável pelo aconselhamento, informação e orientação sobre HIV/Aids/Hepatite em 18 municípios da região oeste paranaense, tem realizado diversas ações de prevenção e sensibilização, em especial, com o público jovem, grupo onde o número de casos tem aumentado. “As campanhas visam mostrar para os jovens a importância da prevenção, já que nos últimos anos, o número de jovens de 13 a 19 anos com DST tem aumentado, seguindo a tendência mundial”, informou a coordenadora do CTA, Suzana Guizzo.
O Município teve de 1.990 a 2.012, 205 casos de AIDS diagnosticados; destes, 90 femininos e 115 masculinos.
No Município, a taxa de incidência, em 2.012, era de 23,7 casos a cada 100 mil habitantes, e a mortalidade, em 2.012, 4,1 óbitos a cada 100 mil habitantes.
No Município, em 2.012, do número total de casos de AIDS, 10,3% eram jovens de 15 a 24 anos, enquanto que as mulheres representavam 55,2% dos casos.
O sétimo objetivo é qualidade de vida e respeito ao meio ambiente, reduzindo pela metade a população sem acesso a água potável e a população sem acesso e saneamento e serviços básicos. Na primeira meta Toledo atingiu 89,8% e na segunda 106,4%.
No município, em 1991, 92,0% dos moradores urbanos tinham acesso à rede de água geral com canalização em pelo menos um cômodo. Em 2010, esse percentual passou para 95,6%.
Em 1991, 21,8% dos moradores urbanos tinham acesso à rede de esgoto adequada (rede geral ou fossa séptica), passando para 63,4% em 2010.
O oitavo objetivo do milênio é estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento. Para este último objetivo, não saíram dados sobre os percentuais alcançados nos municípios paranaenses.
A prévia apresentada pelo Observatório dos Objetivos do Milênio revela que as metas propostas pela pactuação feita para melhorar o mundo, dependem das políticas públicas municipais, estaduais e da União, mas mais do que isso, exige um repensar de modelos colocados, tais como, que educação e estudantes queremos e oportunizamos. É preciso concluir os ciclos (fundamental, médio e universitário), mas também precisamos discutir a qualidade desta conclusão e como isto é possível numa sociedade onde a concentração de renda é uma marca muito forte e influencia fortemente a permanência e a qualidade da permanência destes jovens nas escolas. Talvez 2015 chegará com tantas outras metas cumpridas, ou pelo menos registrando avanços significativos, então será a hora de reconhecer que avançamos, mas há muito o que fazer.
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