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ENTRE “ABORTISTAS”, “PRIVATISTAS” E ESCÂNDALOS: o que se perde com o vale-tudo eleitoral

As eleições do próximo dia 31 são parte de um processo histórico significativo. Foram as primeiras onde duas mulheres disputaram a Presidência, é o pleito que marca que o fim de oito anos de mandato de Lula e estamos diante da possibilidade de um grande processo de desenvolvimento. Foi um pleito acompanhado e discutido com interesse pela população há mais de um ano.

17/10/2010 - 21:46


O Brasil, apesar dos percalços, impeachments, e de ainda termos péssimos índices sociais, possui solidez institucional grande, os partidos conseguem, ainda que minimamente reger a vida política nacional, e há consenso de que as boas diretrizes dos governos anteriores devem ser continuadas. Esta base mostra que se ainda temos problemas na nossa transição democrática, estamos caminhando para saná-los e que o processo político tem se revelado um mecanismo eficaz neste sentido.

Em se partindo do pressuposto de que o eleitor faz sempre uma escolha racional que visa maximizar seu benefício na hora de votar, é natural que os candidatos numa disputa queiram mostrar-se como os mais capazes no sentido de potencializar este lucro e de mostrar que seu adversário não o é.

Por esta razão assistiu-se a um verdadeiro “leilão” eleitoral no primeiro turno, onde a disputa se centrou no valor do salário, no número de moradias, creches, km. de estradas a serem construídos, empregos a serem gerados, etc, assim, se este leilão foi pobre em termos do debate político, ao menos tem sua razão de ser.

Observa-se agora que um dos lados em contenda busca desconstruir ao outro acusando-o de “privatista” e associa isto ao desemprego e à piora nas condições de vida da população. Esta posição no entanto, deixa de discutir o sentido que a privatização teve quando ocorreu, ou seja, implementar um novo modelo de gerência do Estado, controlar a inflação, e a partir daí permitir todos os ganhos econômicos que tivemos nos últimos oito anos. Por outro lado, setores que apóiam o outro candidato partem para uma associação perigosa entre princípios religiosos e ações políticas, reavivando um fantasma do final do II Império: a separação entre Estado e Igreja.

Assiste-se também ao desenrolar/rememorar dos costumeiros escândalos, que, se não forem investigados e se o resultado desta investigação não for mostrado num curto espaço de tempo à população, terão sido mera jogada eleitoral, e não terão efeito pedagógico nenhum.

É triste ao perceber que este espetáculo está sendo protagonizado por dois partidos com uma tradição intelectual imensa, com penetração nos meios acadêmicos, empresariais e populares muito grande que estão não estão incluindo no pleito para debate com a população temas mais agudos da agenda da redemocratização que tanto lutaram para que acontecesse. Agindo assim ambos deixam de contribuir para que as eleições sejam parte de um processo de uma educação política maior, e para que a solidez institucional, que em se comparando o Brasil à América Latina é um grande trunfo e passaporte para o futuro, se aprimore.

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