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Medicamentos são descartados incorretamente em terreno baldio no São Francisco

Uma usuária da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jardim São Francisco localizou, neste domingo (27), em um terreno baldio próximo a sua residência, várias caixas de medicamentos espalhadas pelo chão. A maioria estava com as embalagens intactas e dentro do prazo de validade. As medicações foram recolhidas por servidores da UBS e serão destinadas para incineração. Trabalhos de conscientização serão intensificados com a população com vistas ao uso e destinação adequada e para lembrar que este tipo de ação é crime com pena de reclusão.

30/07/2014 - 20:43


A dona de casa Marli Rech avistou os medicamentos descartados próximo da sua casa. Na segunda-feira (28) procurou a UBS para comunicar os profissionais e verificar o que poderia ser feito. Ela havia observado que a data de validade dos medicamentos estava em dia e ficou revoltada com a situação. “Estou indignada. Mesmo que estivessem vencidos, ali não é lugar para jogar. Fiquei muito invocada, porque às vezes a pessoa vai no posto e precisa de um medicamento desse e não consegue, enquanto isso a pessoa faz uma coisa dessas com uns remédios caros desses”, desabafa.

A maioria dos medicamentos encontrados é de uso contínuo e controlado, disponibilizados para a população normalmente por meio da Farmácia Escola. Carbamazepina, divalproato de sódio, valproato de sódio, cloridrato de clomipramina, risperidona, cloridrato de fluoxetina, diazepam e carbonato de lítio são as principais composições encontradas no terreno.

“O que vimos foi um desperdício muito grande, só de carbamazepina, um antidepressivo, tinha uns 400 comprimidos. Provavelmente é de algum paciente que faz uso contínuo desse medicamento. Isso é uma prova de mau uso”, relata a enfermeira da UBS São Francisco, Diane Michely Cassaro. Ela comenta que existe uma tendência da pessoa pegar a receita com o médico, retirar o medicamento, mas não usar adequadamente. Algumas cartelas encontradas estão abertas, mas praticamente todas as medicações estão dentro do período de validade, a maioria para julho de 2015.

A diretora de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Saúde de Toledo, Fabiana Trento, diz que “só o carbamazipina extraviado custou para os cofres públicos aproximadamente R$ 30,00; Em uma farmácia tradicional, a mesma quantidade desse medicamento custaria aproximadamente R$ 150,00”.

Reincidência

O que chamou a atenção dos profissionais é que não foi a primeira vez que aconteceu isso na região da unidade. Na metade do ano passado foi encontrada próximo à igreja católica do bairro uma sacola de mercado cheia de medicamentos, anti-hipertensivos (utilizados para tratamento da pressão alta).

A diretora de Assistência Farmacêutica, Fabiana Trento, diz que é um desafio conscientizar os usuários sobre o uso correto dos medicamentos. “Temos uma dificuldade muito grande para que a população retire apenas a medicação que ela tem necessidade e que vai fazer uso”. Os remédios controlados só podem ser retirados na Farmácia Escola e “às vezes o usuário retira a medicação só ‘pra não perder a receita’, isso é errado”, frisou.

Orientações serão intensificadas

“Desde 2012 fazemos um trabalho de conscientização com a comunidade para que não façam isso e se necessário que tragam até a unidade para fazer o descarte correto”, contou Diane. Segundo a enfermeira, a partir de agora serão intensificadas as orientações na entrega do medicamento. “Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS’s) farão essa orientação nas residências visitadas. Os médicos e a equipe como um todo vão reforçar para as pessoas retornarem à unidade devolver a medicação se por algum motivo tiverem que interromper o tratamento”, explicou.

Descarte legal

Fabiana Trento alerta que a melhor destinação para os medicamentos vencidos é devolver em uma unidade de saúde. “Eles podem ser entregues em qualquer UBS do município ou até mesmo da Farmácia Escola. Também aceitamos a devolução de medicamentos que não estão mais sendo usados, pois em casa corre o risco de uma criança ingerir ou de acabarem fazendo o uso incorreto, causando danos para a saúde. Se o descarte acontecer de maneira incorreta também podem causar danos para o meio ambiente”, frisou.

Todo o medicamento devolvido para a unidade segue o protocolo de gerenciamento de resíduos para o descarte correto. Cada item é relacionado em uma ficha específica com todos os dados da unidade e do medicamento descartado. Eles são classificados como Resíduos Químicos e são coletados por uma empresa especializada, que fará a incineração em local apropriado. Essa empresa recolhe mensalmente cerca de 1.200kg a 1.600kg de resíduos químicos no município. O custo do serviço é pago pela Secretaria de Meio Ambiente de Toledo.

A enfermeira Diane Cassaro lembra que o controle da qualidade dos medicamentos é rigorosa e mesmo quando as pessoas devolvem medicamentos dentro do prazo de validade e com embalagens lacradas a legislação não permite sua reutilização. “Como todo medicamento é preciso ter o controle de temperatura, da umidade, da qualidade da medicação e cuidados no acondicionamento, infelizmente temos que descartar todo o medicamento que retorna, mesmo que esteja intacto e dentro do prazo de validade”, lamenta.

Crime ambiental

O Secretário de Meio Ambiente, Leoclides Luiz Roso Bisognin, cita que a Lei de Crimes Ambientais, em seu artigo 54, prevê que causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora é crime com pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa. Denúncias sobre o descarte ilegal podem ser realizadas para o Setor de Fiscalização da Secretaria de Meio Ambiente, pelo número (45) 3277-6578. Se identificado o infrator, esse sofrerá multa por descarte em local indevido e ainda será denunciado na Promotoria de Meio Ambiente para as sanções legais.

 

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