Representantes do governo, do setor público, do setor privado, de organizações não governamentais e de meios de comunicação da República Dominicana estiveram na região desde a última segunda-feira (04) visitando boas práticas sustentáveis e verificando as questões metodológicas utilizadas nas ações realizadas pelos municípios dentro do contexto do Programa Cultivando Água Boa (CAB) da Itaipu Binacional. Nesta quinta-feira (07) a comitiva passou por Toledo. O objetivo principal é conhecer e aprender as experiências exitosas, pois o mesmo programa será adotado naquele país.
A visita aconteceu no Projeto Florir Toledo, projeto ligado à Secretaria Municipal de Assistência Social e Proteção à Família (SMAS). Segundo o coordenador do Florir, Oséias Soares dos Santos, o Projeto surgiu de uma iniciativa da Itaipu Binacional, denominada Jovem Jardineiro, e as ações em Toledo cresceram e se tornaram uma referência na Bacia do Paraná 3. “Nos sentimos valorizados, pois a Itaipu percebeu a importância do projeto realizado aqui em Toledo e, para nós, é uma grande alegria poder compartilhar essas experiências e servir de exemplo para outros países do mundo. Isso também aumenta a nossa responsabilidade no trabalho com esses jovens”, afirma Oséias.
A secretária de Assistência Social e Proteção à Família, Ineiva Terezinha Kreutz Louzada, deu as boas vindas aos visitantes em nome do prefeito Beto Lunitti e comentou sobre alguns projetos que também são realizados no município. Em seguida jovens que participam das aulas de Canto Coral no projeto saudaram a todos com a apresentação das músicas “Vamos Fugir”, de Gilberto Gil e Liminha, e “Tanto Mar”, de Chico Buarque com a regência de Djonatan Ledur, regente dos corais da SMAS.
Este foi um momento de interação e descontração entre os jovens do Florir e os integrantes da comitiva, que retribuíram a apresentação com um coro improvisado onde o Encarregado de Projetos do Fundo Especial para o Desenvolvimento Agropecuário da República Dominicana, Carlos Dominguez, interpretou as canções “Amor ya no me quieras tanto”, de Rafael Hernandez e “Por Amor”, de Rafael Solano.
O grupo teve a oportunidade de ouvir as experiências dos jovens do Florir Toledo, os motivos pelos quais gostam de fazer parte do projeto e até relatos emocionados de como eram suas vidas antes de se integrarem a essas atividades. A coordenação do Florir Toledo apresentou um vídeo institucional sobre a participação dos jovens em atividades do Cultivando Água Boa, com destaque para o envolvimento na Expedição do Rio São Francisco.
O estudante Paulo Esdras Ramos da Silva, 15 anos, foi um dos jovens que se emocionou ao contar que na época que entrou no projeto fazia pouco tempo que havia perdido o irmão. Agora, após um ano em e meio de envolvimento com as atividades ele é tratado como “o garoto sorriso” pelos demais integrantes. “Aqui é minha segunda família. Nós temos uma união muito forte, que contagia e é o ponto essencial que as pessoas percebem quando vêm nos visitar”, afirma. Ele disse ainda que as atividades que mais gosta de praticar é do Canto Coral, Capoeira e Jardinagem, além de poder fazer muitas amizades por meio das práticas realizadas durante o ano.
O superintendente de Meio Ambiente da Itaipu Binacional, Jair Kotz, contou que de tantas outras iniciativas que poderiam ser apresentados para os dominicanos, o Florir Toledo foi escolhido por considerarem importante a atividade realizada com a juventude no projeto. “É um trabalho com a juventude e da juventude para com o meio ambiente, enquanto uma ferramenta de socialização, de educação ambiental e uma ferramenta de construção da cidadania, principalmente de uma cidadania planetária, de um cidadão mais sustentável, de uma cultura de sustentabilidade. E nesse sentido incluímos também o projeto de tratamento das feridas com as plantas medicinais. O que estamos fazendo é mostrar pra eles como é possível uma região produtiva, com todo o desenvolvimento e a qualidade de vida que tem fazer tudo isso sem desprestigiar o meio ambiente”, comenta.
O diretor do Departamento de Interação Regional da Itaipu, Gilmar Eugênio Secco, também destacou o trabalho do Florir Toledo e da Unidade de Tratamento de Feridas. “Toledo é referência pelo trabalho executado em toda a Bacia do Paraná III. Ele já era vitrine pra toda região e agora com as visitas que está recebendo, para o mundo inteiro. Eu destaco isso graças a dois componentes muito fortes, primeiro, o apoio da Administração, que desde o início entendeu a importância desses projetos. Segundo, a felicidade de ter uma grande equipe técnica envolvida. São expoentes que acreditam e se dedicam ao projeto”, frisa Gilmar.
Plantas Medicinais
Outro projeto, este promovido pela Secretaria de Saúde, apresentado aos visitantes foi o Arranjo Produtivo Local de plantas medicinais (APL), que tem por objetivo formar uma cadeia sustentável na própria região. Toledo é destaque regional em projetos com plantas medicinais e foi selecionada para receber investimentos da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que estabelece diretrizes para o desenvolvimento de ações direcionadas à melhoria da qualidade de vida da população e do complexo produtivo na área da saúde. Este projeto também é desenvolvido em parceria com o CAB e foi apresentado aos visitantes.
Troca de conhecimentos
Desde a última segunda-feira (04) 22 pessoas de 12 instituições, do Estado, do setor público, do setor privado, de organizações não governamentais da República Dominicana estão visitando experiências exitosas do Programa Cultivando Água Boa na região. Nesse período, segundo Gilmar Secco, eles tiveram contato com várias metodologias e práticas do CAB, desde a seleção de uma microbacia a ser recuperada; a reunião de sensibilização, quando se convence a comunidade a aderir; a formação do Comitê Gestor; as Oficinas de Futuro, que contemplam o “Muro das lamentações” (avaliação da situação atual), a “Árvore da Esperança” (onde se quer chegar) e o “Caminho a diante” (quais são os passos para atingir os objetivos); o ajuste das parcerias, para buscar outros financiadores para prosseguir o projeto; o “Pacto das Águas”; e a realização das ações práticas previstas.
Toda essa troca de conhecimento foi oportunizada pela Itaipu Binacional para oportunizar aos estrangeiros a implementação do Programa CAB em seu país. O responsável pela comitiva e Diretor do Programa Cultivando Água Boa na República Dominicana, Yossi Abadi, explicou que ainda estão na primeira fase desse processo e que a visita à Toledo foi fundamental para aprender com a cidade, para visualizar a experiência e obter as ferramentas e metodologias que possibilitem replicar o projeto na República Dominicana.
Inspiração
“Nós saímos daqui com uma inspiração tremenda. Nós como seres humanos às vezes temos muitos defeitos, mas aqui vimos que esses defeitos foram convertidos em uma esperança, uma esperança para os jovens que antes tinham muitos problemas, e hoje em dia transformaram em oportunidades. Para nós é emocionante ver como essa comunidade apóia esse crescimento, ver a harmonia que existe entre o chefe do executivo, a prefeitura, as famílias, as empresas privadas, todos com uma só harmonia que permite o êxito. Esses meninos, esses jovens, em dez anos são o futuro dessa região e, portanto, garantirão seu sucesso. Nós viemos aprender como replicar esse sucesso em nosso país”, exalta Yossi.
Ele conta que essa visita foi o primeiro passo, que nos próximos meses receberão uma delegação de representantes do Cultivando Água Boa do Brasil para eleger a primeira microbacia em seu país e começar a elaborar os projetos e programas para replicá-los por lá.
“Toledo é inspirador em muitos aspectos, não somente nos aspectos da agroindústria, do desenvolvimento sustentável, do cuidado com o meio ambiente e da educação. Nós vimos aqui jovens que aprenderam a amar a terra, amar o meio ambiente e quem ama cuida. Nós vimos aqui que a próxima geração será muito melhor que esta e vai começar a construir um futuro melhor para esse povo, isso é magnífico”, salienta Yossi ao encerrar a entrevista.
Assim como esta comitiva, outros países já visitaram os projetos do CAB na região, entre eles a Guatemala, Chile e Peru. Estas nações estão contando com o apoio dos municípios lindeiros para implantar os projetos em seus territórios buscando uma integração entre natureza, tecnologia e sociedade, para atingir mudanças e resultados produtivos, inclusive na esfera administrativa.
