Rosana resgatou que o bullyng é uma prática antiga na sociedade, embora não era conceituada da forma que é hoje. Havia uma naturalização da violência, mas que os atos de violência física ou psicológica sempre deixaram marcas no desenvolvimento afetivo ou intelectual das crianças. “O bullyng é como uma garrafa nova, moderna com um vinho antigo. Hoje não cabe, não é aceitável a naturalização desta violência, que pode ser física, verbal, sexual, psicológica, material ou virtual”.
A investigadora apresentou dados de uma pesquisa realizada em 2013, pela Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, que perguntou a cinco mil alunos, quais atos que levam ao bullying e os resultados são assustadores. Com 41% ficou o bullying físico e sexual, com 11% os culturais e religiosos, com 8% o familiar e intelectual e com 5% o bullying econômico e étnico.
A palestrante aconselhou os pais a terem cuidado ao participar de redes sociais e postarem fotos e vídeos dos filhos, já que aquilo também poderá ser usado como forma de ciberbullying por colegas ou mesmo por pedófilos. “E por ser no meio virtual fica ainda mais difícil identificar o agressor, por isso é importante tomar cuidado e também ser atento”, disse.
Rosana definiu o ciberbullying como uma agressão ainda mais perversa. “É um modo dissimulado de agressão verbal e escrita praticada de forma virtual. Utiliza-se de ferramentas da internet e de outras tecnologias de informação e comunicação com o intuito de maltratar, humilhar e constranger. É uma forma de ataque perverso que extrapola os muros da escola tendo suas dimensões incalculáveis”, disse.
Rosana Botelho advertiu que a ação somente é considerada bullying quando há intenção no ato e este é repetitivo. “Se não há intenção de cometer aquela violência nós não podemos tratá-la como bullying”, afirmou. Ainda chamou a atenção dos pais e também professores para o uso do celular na escola, sendo que é com este meio que mais acontecem às violências de ciberbullying.
A palestrante disse que simplesmente suspender o aluno que pratica o bullying ou cyberbullying não resolve. “Suspender é só excluir o aluno do ambiente em que praticou o bullying ou cyberbullying. É preciso envolver as famílias do agressor e agredido, é preciso sensibilizar a sociedade que estas práticas, embora não estejam tipificadas como o crime de bulling, os atos violentos são tipificados como algum tipo de infração ou crime, no nosso código penal. Se promovido por menores de 12 anos devem ser tratados junto ao Conselho Tutelar e se maiores de 12 anos como medidas sócio educativas”.
Durante a palestra foram apresentados vídeos de histórias vividas por vítimas do bullying ou cyberbullying que repercutiram de forma grave na vida de crianças e adultos, alguns casos que levaram as vítimas a cometerem suicídio. Rosana Botelho insistiu com os pais para que assumam seu papel de educadores e formadores de cidadãos com limites e valores sociais. “Vocês são autoridade e exemplo dos seus filhos, deem limite, façam com que eles se coloquem no lugar do outro, os façam refletir se a agressão fosse contra eles, como se sentiriam... É preciso sensibilizá-los que estão atentando contra a vida, a felicidade, o futuro de outra pessoa”.
Rosane orientou aos pais para que observem os sintomas de seus filhos, observem o comportamento deles no cotidiano, monitorem a Internet, as redes sociais, e principalmente, não tenham medo de por limites. “O caminho começa pelo o que está acontecendo aqui, a iniciativa do Colégio La Salle, falar sobre o assunto, esclarecer, provocar a reflexão. E em casa, muito diálogo. É preciso fortalecer vínculos, defender e ensinar valores humanos, respeito ao próximo. E ainda, ensinar se proteger, a não se expor nas redes”.