Um debate democrático e qualitativo. Foi assim a tarde do último sábado (30), quando dezenas de artistas, membros do poder público e da sociedade civil se reuniram no Auditório Acary de Oliveira, na Prefeitura, para a realização da II Conferência Municipal de Cultura de Toledo (CMCT). O objetivo do encontro era discutir a estrutura e a gestão da Cultura no município e deliberar com toda a sociedade sobre os programas estratégicos propostos para o Plano Municipal de Cultura, em fase de elaboração pelo Conselho Municipal de Políticas Culturais (CMPC) e Secretaria de Cultura. Seis pré-conferências foram realizadas no último mês antecipando as discussões em cada segmento.
A secretária de Comunicação e presidente do CMPC, Rosselane Giordani, saudou os participantes em nome do prefeito Beto Lunitti e ratificou a importância do evento. “Hoje (30) damos mais um passo rumo a consolidação do Sistema Municipal de Cultura. Esse encontro demonstra um momento democrático onde todas as expressões e linguagens culturais são representadas e os anseios e expectativas de cada um podem ser manifestados e traduzidos em forma de propostas que nortearão a construção do Plano de Cultura para os próximos dez anos”, explicou Rosselane.
Para facilitar a condução dos trabalhos, a conselheira estadual de Políticas Culturais, Moema Viezzer, apresentou a palestra com o tema “Que Cultura queremos para Toledo?”, onde além de compilar as propostas levantadas nas pré-conferências fez apontamentos e observações sobre temas relevantes para a condução dos debates. Antes de iniciar sua fala, o professor de Sociologia da Unioeste, Paulo Dias, fez a leitura da poesia “A face da solidão” e os presentes fizeram a leitura coletiva do poema “Viver é Plural”, ambos de autoria de Moema e Tereza Moreira.
“Fiz essa introdução numa perspectiva pedagógica, esperando contribuir para que esta Conferência fosse um momento especial de Aprendizagem Transformadora, pois concordo com Margaret Mead que costumava dizer ‘Ninguém é mais inteligente do que todos nós juntos’ e Paulo Freire que dizia que ‘Sozinho ninguém educa ninguém; os seres humanos se educam em comunhão’. Tivemos ótimas experiências em todo esse processo, como a sensibilidade de cada grupo, que em vários casos elaboraram propostas mais abrangentes que servem para os demais”, avaliou Moema. Ela disse ainda que “temos que trabalhar algo que seja interessante para os grupos artísticos de Toledo, que haja uma interconexão entre eles, deles com a população e de Toledo com as outras localidades”.
Após a fala da Conselheira deu-se início ao processo de leitura, debate e aprovação das propostas apresentadas nas pré-conferências. Nesse momento todos os conferencistas tiveram a oportunidade de melhorar e fazer novas proposições para contribuir com o processo democrático. As propostas foram organizadas e apresentadas por temática para facilitar o entendimento e a discussão da plenária:
Primeiro veio as de interesse geral, de formação, capacitação, divulgação, intersetoralidade, transversalidade, recursos econômicos e orçamento. No segundo bloco foram apresentadas as propostas de Artes Plásticas e Visuais (pintura, desenho, fotografia, escultura, artesanato, artes aplicadas e artes gráficas); Música, Movimentos Urbanos e Sociais (fanfarra, corais, bandas, músicos, grupos de hip hop, grafitagens); Artes Cênicas, Circo, Dança, Audiovisual (atores e/ou grupos de teatro, grupos circenses, escolas e/ou grupos de dança e cinema); Memória e Patrimônio Material e Imaterial (museus); Literatura (escritores, poetas e cordelistas); Cultura Popular, Folclore, Tradicões Étnicas e Gastronomia (festas gastronômicas e grupos folclóricos).
Avaliação
Com a finalização dos trabalhos e a aprovação das propostas da II Conferência Municipal de Cultura de Toledo, os participantes avaliaram de forma positiva a organização do evento. “Foi fundamental essa Conferência, principalmente pelo processo organizado que a precedeu, onde qualificou e ampliou o debate em cada segmento, possibilitando que se chegasse aqui com boas propostas para o Plano Municipal de Cultura. A sociedade civil cumpriu um papel muito importante, pois a diversidade cultural representada aqui possibilita a construção de uma agenda positiva de Políticas Públicas para o próximo período”, avaliou a representante da Marcha Mundial das Mulheres, Amanda Teixeira.
A artesã e conselheira de Políticas Culturais, Marilene Lessa de Lima, também elogiou a qualidade dos debates e lamentou que outras pessoas não tenham participado. “Achei a Conferência bem abrangente. Contemplou todas as linguagens, mesmo quem não participou das pré-conferências saiu daqui contemplado. Na minha visão foi muito bom. É uma lástima não termos mais pessoas envolvidas, pois nós vamos construir um Plano Decenal de Cultura. O evento foi amplamente divulgado em todas as suas etapas, mas infelizmente nem todos os interessados estiveram presentes. O debate foi bastante democrático e todos puderam participar”, ressaltou Marilene.
Representantes de universidades públicas contribuíram com as discussões e também saíram satisfeitos com a condução do encontro. “A gente trabalhou bastante na construção de um plano multicultural intersetorial, mas esse é um processo que precisa ser contínuo. Essa vontade de olhar o outro, de prestar a atenção ao outro, isso é cultura. Nem tudo foi contemplado, por isso a revisão também deve ser constante. Eu fiquei satisfeita, a abertura para ouvir as diferentes manifestações e participações na construção do processo”, avaliou a Antropóloga e professora do curso de Ciências Sociais da Unioeste, Andrea Vicente da Silva.
A secretária de Cultura, Geni Fabris, lembrou os presentes de que o trabalho não encerra nesse momento. “As tarefas continuam depois da Conferência. A sistematização e revisão das propostas e a construção do Plano Municipal de Cultura são algumas de nossas funções, enquanto Secretaria de Cultura e Conselho de Políticas Culturais. Daqui dois anos teremos a possibilidade de revisar o plano que será definido ainda esse ano”, explica.
Entre as mais variadas propostas aprovadas na II CMCT, Geni destacou a reestruturação do Conselho Municipal de Políticas Culturais com a ampliação da representatividade paritária das diversas linguagens artístico-culturais do município.