Com a intenção de verificar in loco como funcionam os teste de aquisição sísmicas, uma comitiva de ativistas ambientais da sociedade civil organizada de Toledo e da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida – e 350.ORG, estiveram no município de Lindoeste, próximo a Cascavel, nesta terça-feira (31). Os testes estavam sendo realizados próximos à Bacia Hidrográfica do rio Gonçalves Dias, o qual margeia integralmente toda a região limítrofe do Parque e desemboca no Rio Iguaçu.
O Parque Nacional do Iguaçu, autarquia federal, dista seis quilômetros das ações de aquisição sísmica de caminhões da Agência Nacional de Petróleo (ANP). A biodiversidade na maior UC do Paraná, e uma das mais importantes do Brasil, pode correr riscos incalculáveis, já que a empresa contratada pela ANP não entregou o Relatório sobre o Impacto ao Meio Ambiente (RIMA).
Na ocasião, o grupo constatou que os testes provocam sismos, contrapondo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), que já alegou que os testes não causam nenhum tremor, realizando apenas raios X do solo. Por meio de imagens e vídeos, foram confirmadas as vibrações do solo. Segundo a engenheira agrônoma e coordenadora regional da COESUS e 350.ORG, Tika Zilmer, o barulho gerado pelos caminhões é diferente e muito alto. “Não sabemos o que realimente é propagado nestes testes”.
Ainda de acordo com Tika, a rodovia BR-163, que está em trabalho de duplicação, tem o trânsito coordenado pelos funcionários da Global, empresa contratada pela ANP para a realização dos testes. “Percebemos que eles coordenam à medida que os caminhões realizam o registro do solo. Os caminhões andam poucos quilômetros e os dois comboios, formado por cinco caminhões, param a cada 15 minutos, tornando a rodovia já estreita, congestionada permitindo apenas o trânsito dos caminhões responsáveis pela duplicação”.
Também foi verificado que os moradores da região autorizam os testes sem serem informados sobre o que é o fracking. “Eles passam e dizem que estão ligados a ANP, Petrobrás e que eles tem licença para fazer os testes à procura de gás e petróleo. Então pedem para os moradores assinarem a autorização, e que se houver algum problema, como por exemplo rachadura nas casas, eles serão indenizados. A indenização é algo contraditório, já que a ANP diz que os testes são inócuos”, comentou Tika.
As ações desrespeitam inclusive a Lei Estadual 18.947/2016, que proíbe testes com finalidades do fracking através de aquisições sísmicas. “Após a aprovação da lei, a ANP diz que os testes são apenas estudos geológicos. Muda a nomenclatura, mas a finalidade é a mesma e não há a fiscalização de nenhum órgão, como prefeituras, IBAMA ou IAP”, concluiu a coordenadora.
Enquanto nenhuma medida é tomada, a empresa segue o cronograma de estudos pouco conhecido pela população e questionando se ativistas possuem autorização para realizar imagens em via pública.