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Do necessário pacto em torno do desenvolvimento

Ao retomar a coluna comento uma notícia publicada no jornal Valor Econômico no dia 24 de maio dando conta que o governo, a FIESP, a Força Sindical e a Central Única dos Trabalhadores sentaram-se à mesa para articular um pacto em torno da industrialização do país.

02/06/2011 - 06:28


Muito embora pouco se tenha avançado no encontro, sua existência é por si só alvissareira, mas não obstante, o fato merece alguns comentários e vou tecê-los tendo em vista a realidade local e a nacional.

É bastante positivo o fato de que trabalhadores, governo e empresários tenham se reunido para discutir o tema, e eis aí um belíssimo exemplo a ser replicado nos níveis estadual e local tendo em vista que, industrialização não necessariamente quer dizer poluição e destruição do nível de vida da população, mas, pode significar melhores empregos, melhores salários e agregação de valor aos produtos de uma região. Tudo depende de como o processo será feito!

Posto isto, cabe um olhar sobre o nosso processo nacional de industrialização e refletir sobre ele na tentativa de identificar e discutir nas características deste alguns erros a não serem repetidos. Vive-se hoje um período de crise nas economias centrais e uma abundância de recursos no sistema financeiro internacional, ao mesmo tempo em que nossa economia agroexportadora nos proporciona recursos crescentes, mas há ameaças ao recebimento de recursos externos vindos da própria crise financeira internacional.

Este processo já foi vivido entre os anos 50 e 70 do século passado e resultou no que se chamou de Processo de Substituição de Importações onde partindo da fabricação de parcos bens de consumo assalariado, chegamos à industrialização pesada, ainda que incompleta e tardia.

Boa parte deste processo foi custeada com o endividamento de empresas públicas então criadas para atuar em setores estratégicos como petróleo e energia. Justificou o governo à época esta necessidade em virtude do pouco interesse da iniciativa privada nestes setores, tidos como de risco alto com a necessidade de capitais vultosos e pouco mercado.

A classe trabalhadora apoiou este processo. Postas as características gerais dele, quais problemas ocorreram? Tudo caminhou muito bem sob o ponto de vista econômico até a Crise do Petróleo nos anos 70, onde o dinheiro que era investido pelos países centrais nas economias do Terceiro Mundo subitamente foi carreado em sua maior parte para o Oriente Médio. Alguma semelhança possível com os dias de hoje??

As conseqüências foram as mais nefastas possíveis! Estagnação do desenvolvimento econômico, desemprego e inflação a muito custo superados com a privatização e com a conquista da estabilidade econômica!!

Queremos novamente repetir este processo?? Por um largo período de tempo viveu-se naqueles anos sob ditaduras, ou seja, a possibilidade de discussão dos rumos a serem tomados pela industrialização nos ditames democráticos praticamente inexistiu!

Não é esta a realidade agora! Mas torna-se premente que governos, empresários, trabalhadores, todos enfim discutam como aplicar os recursos que ainda abundam antes que eles faltem, não?

Por Gustavo Biasoli Alves

 

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