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Sujeito, democracia e mudança na pós-modernidade

A coluna hoje discute alguns aspectos sujeitos sociais da pós-modernidade e também possibilidades de transformação. Em meados do século XIX Karl Marx e Friederich Engels pensaram o proletariado como único portador de possibilidades de mudança e de transformação na sociedade capitalista.

13/06/2011 - 11:16


Vivendo numa sociedade na qual homens, mulheres e crianças chegavam a trabalhar até dezoito horas por dia sem direito a nenhum descanso fazia sentido propor que as mudanças sociais mais radicais se dariam a partir do mundo do trabalho. Mas, e hoje que o trabalho continua sendo um aspecto importante, porém não mais tão central assim na vida das pessoas?

O que a pós-modernidade viu foi o surgimento de uma série de novos sujeitos sociais com as mais diversas identidades sociais possíveis de gênero, etnia, opção sexual, etc. Sob o ponto de vista político, o que estas fazem é questionar o velho tripé do liberalismo liberdade, igualdade e fraternidade, e desta forma então, questionar as estruturas e as formas de se fazer política.

O movimento operário de finais do século XIX foi capaz de fazer com que a burguesia abrisse mecanismos de contestação política pela via da democracia de massas criando uma possibilidade de se dizer que todos os homens eram iguais  na medida em que seu voto era apenas um, e que portanto todos eram iguais.

Claro, esta é uma visão extremamente reduzida do pensamento liberal, e o leitor poderá aprofundá-la consultando as obras de Jean-Jacques Rousseau, John Stuart Mill e Giles Lipovetsky, entre outros.

Quais as possibilidades de mudança hoje em dia, então? Em primeiro lugar, o entendimento de que vivemos numa época em que as diferenças vieram à tona. Em segundo, o entendimento de que diferença não deve querer dizer desigualdade, nem de reconhecimento delas e nem de gozo de direitos. Em terceiro lugar está o conhecimento de onde e como as diferentes posições sociais estão sendo formuladas, por quem, e através de quais mecanismos estão sendo expressas e divulgadas.

Esta posição aprofunda um pouco o que o pensador Robert Dahl definiu como Poliarquia. Definindo-a como a (imperfeita) forma de democracia moderna, Dahl viu no surgimento de diversas formas de poder e na garantia de seu exercício legal a forma como a democracia poderia existir no mundo de hoje.

Escrevendo em meados da década de 50, portanto, num contexto ainda bastante marcado pelo fim da Segunda Guerra, a posição era bastante natural e revolucionária, porém é insuficiente para o entendimento e a discussão da realidade que se tem hoje, visto que, dada a entrada em cena de novos atores sociais e da proposta de novas formas de identificação, esta nova forma adquiriu importância, de tal forma, como propõem Bourdieu e van Dijk, ocorre hoje uma dominação que é política pela via simbólica.

Isto não quer dizer que outras formas de dominação deixaram de existir! Apenas coloca-se que a esta surgiram outras que teem adquirido destaque. Seguindo com as colocações do pensador francês, tem-se que também é querer exercer dominação dizer qual é o papel do negro, da mulher, do índio, a forma correta de usar a linguagem, de se vestir, o que se deve ensinar, etc.

Coloca-se então a necessidade, em termos de estudo, de se identificar como, onde, e através de quais mecanismos as novas formas de dominação ocorrem e sob o ponto de vista prático, dialogar com os propositores das novas e velhas formas de dominação e com os dominados buscando a cultura da tolerância e o alcance de um novo nível de igualdade.

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