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AMBIENTE

Grupo da UFPR é destaque em ações de agroecologia

O projeto tem se destacado como um espaço constante de troca de experiências e desenvolvimento de novas técnicas neste campo.

19/01/2018 - 16:49


O Grupo de Estudos em Agricultura Ecológica (GEAE) da UFPR completa  37 anos de existência em 2018, buscando ser um contraponto à agricultura  convencional. O projeto tem se destacado como um espaço constante de troca de experiências e desenvolvimento de novas técnicas neste campo.

"A agricultura ecológica é o equilíbrio entre a produção de alimentos e a responsabilidade ambiental." explica a estudante de Engenharia Agronômica, Jaqueline Tila Cremonese. Ela destaca algumas das vantagens deste ramo alternativo como a oferta de alimentos sem agrotóxicos e a diminuição da contaminação do meio–ambiente e da intoxicação de  produtores rurais, um problema recorrente no campo.

A estudante, que se uniu ao projeto em 2017, aponta ainda o papel da  agricultura ecológica na valorização de sementes crioulas e no  empoderamento dos agricultores por se tornarem menos dependentes de  tecnologia estrangeira, como sementes transgênicas, herbicidas,  inseticidas e fungicidas.

"Buscamos métodos alternativos de combate a pragas, doenças e plantas  espontâneas como: controle biológico, plantas repelentes, cobertura de  solo, cultivos consorciados e caldas alternativas." explica a estudante.

Utilizar a própria dinâmica dos ecossistemas para melhorar a  produtividade é um dos princípios da agroecologia. Jaqueline menciona  alguns destes métodos como a utilização de plantas leguminosas com o  objetivo de enriquecer o solo com nitrogênio, conhecida como técnica da  adubação verde, e a utilização de plantas, como as gramíneas, para  produção de biomassa. "Para a melhoria da fertilidade do solo, a matéria  orgânica tem papel fundamental" completa a estudante.

Abordagem multidisciplinar

Guilherme Silvestre, que participa do grupo desde 2012, explica que  há uma série de elementos que envolvem a prática, o que demanda uma  abordagem multidisciplinar. "A produção de alimentos é influenciada por  inúmeros fatores tais como: aspectos sociais e culturais, capacidade  tecnológica, conjuntura política e agrária, uso dos recursos naturais,  hábitos de consumo, entre outros". Foi no GEAE que o estudante, que é  formando do curso de Engenharia Agronômica, encontrou esta perspectiva.

A iniciativa conta com um espaço no Campus Cabral, onde o grupo desenvolve suas atividades, Guilherme conta que "além das capacitações que ocorrem no GEAE para a  comunidade interna e externa da UFPR, o grupo também utiliza a área  experimental para testar e desenvolver métodos e processos alternativos  para a agricultura sustentável".

Economia

A agroecologia tem ganhado destaque também na economia. A preocupação com alimentos mais seguros tem levado muitas pessoas a procurar os alimentos livres de agrotóxicos que, desta forma, aparecem como produtos com maior valor agregado.

"Os agricultores familiares tem buscado a agricultura ecológica,  principalmente por esta apresentar menores riscos à saúde, aumentar a  diversificação da produção e pela busca da agregação de valor através da  certificação orgânica, que tem seu mercado crescendo principalmente nos  centro urbanos. Um exemplo disso são os grupos de agricultores  agroecológicos Dois pinheiros e Solo vivo de David, os quais  passaram a abastecer as feiras orgânicas que acontecem nos campi da  UFPR" aponta Cremonese.

Em relação à questão da produtividade, Jaqueline explica que muitas  desvantagens da produção convencional não são levadas em conta como o  alto consumo energético, o custo ambiental e os aspectos sociais  negativos relacionados a este modelo. Além disso, a estudante aponta que a agroecologia tem se mostrado uma alternativa também no quesito quantitativo.

"Os sistemas agroflorestais de base ecológica, também conhecidos como SAF, tem se mostrado tão produtivos e viáveis economicamente quanto a  agricultura convencional, principalmente devido à redução gradativa da  necessidade de insumos externos" revela a estudante.

Casa ecológica

Um dos projetos que mais chama a atenção no grupo completou 10 anos  em 2017, é a casa ecológica construída com a técnica do Superadobe, que  utiliza sacos de polipropileno preenchidos de solo argiloso como  estrutura básica da construção. Além desta, o reaproveitamento de  materiais e utilização de materiais com menor custo ambiental, como o  bambu fazem parte da edificação que é utilizada como espaço cultural.

Durante o Ciclo de Agronomia deste ano, a casa foi palco de um laboratório prático do curso de Bioconstrução. Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer algumas das técnicas utilizadas na iniciativa e  também botaram a mão no barro para ajudar na reforma do local.

Fundação do grupo

No ano de 1981, Curitiba sedia o 1º Encontro Brasileiro de  Agricultura Alternativa (EBAA), o objetivo do evento era refletir as  críticas à agricultura convencional, devido aos seus impactos negativos  nas relações sociais e em relação ao uso dos recursos naturais. A época  ficou marcada por uma grande expansão desta modalidade de manejo, com  processos de industrialização chegando à agricultura. Como reação a este tipo de produção houve uma crescente preocupação com as questões  ambientais e a criação de muitas organizações e movimentos em defesa de  uma produção mais equilibrada.

O GEAE foi um dos resultados do encontro. Fundado no mesmo ano, surge como uma iniciativa de alguns alunos e professores do Curso de  Agronomia da UFPR. A partir de então vai articular diversas ações na promoção e produção de conhecimento em torno de uma agricultura mais sustentável.

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