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GERAL

Professora da PUC-SP defende o fim do “primeiro-damismo” em Conferência Municipal de Assistência Social

Comunicação, criatividade e a consciência de ser um agente público devem nortear os trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). As referidas diretrizes foram apontadas pela doutora em Serviço Social pela Pontifícia da Universidade Católica (PUC-SP), Raquel Raichelis Degenszajn, durante a palestra realizada nesta quinta-feira pela manhã (16/6), no segundo dia da IX Conferência Municipal de Assistência Social.

16/06/2011 - 15:20


Especialista em políticas públicas e processos de democratização, a renomada professora também defendeu a profissionalização do setor e pregou o fim do chamado “primeiro-damismo”.

Segundo Raichelis, ainda se valoriza o ser em detrimento do saber. “Não é nada pessoal, contra essa ou aquela esposa de governador, prefeito ou presidente, mas precisamos pôr fim a esta tradição histórica que reserva às primeiras-damas esta tarefa de cuidar da área social. Esse fato emperra o processo de profissionalização do setor e cultiva o familismo”, criticou a professora, lembrando que existem vários municípios paulistas com os chamados fundos de solidariedade. “Eles concorrem com os recursos dos fundos de Assistência Social e ainda são gerenciados pelas primeiras-damas. Isto vem desde os anos de 1930 em diversas partes do país e não deveria mais continuar”.
A professora ainda destacou o avanço das políticas sociais nos últimos anos e relatou experiências dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) itinerantes ou flutuantes, como ocorrem na Região Amazônica. “Os atendimentos são feitos em barcos. Uma prova da descentralização e de adequação a uma determinada realidade. O Brasil é heterogêneo e cada município deve encontrar o melhor meio de prestar esse serviço à população”, explicou Raichelis, enfatizando que as últimas pesquisas indicam o aumento do investimento das administrações municipais em recursos humanos. “Segundo dados do IBGE (Munic 2005/2009), há um aumento de 30% nas contratações, sendo apenas 3% deste montante em Assistência Social. Outro dado preocupante é que esta ampliação traz precarização, com 73% destes profissionais sem qualquer vínculo trabalhista”.
Raichelis afirma ainda que hoje há 12 diferentes profissões envolvidas no SUAS. “É algo recente, estando em fase de construção essa identidade de ser um trabalhador do SUAS. Ele precisa ter a consciência de que é um agente público, mesmo que atue em entidades privadas”, enfatiza a pesquisadora, destacando que se deve cobrar dos poderes públicos mais concursos e estímulos para que os aprovados se fixem nos cargos. “As pesquisas apontam uma grande rotatividade. Portanto, além do ingresso através do mérito, as administrações precisam propiciar planos de carreira e capacitação continuada para que os profissionais possam enfrentar com maior segurança um trabalho cheio de tensões, conflitos e desafios”.
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