A paralisação dos caminheiros chega ao oitavo dia. No Paraná segundo PRE são 157 pontos de mobilização. O pronunciamento do presidente Michel Temer não garantiu o fim do movimento grevista. Apesar de considerarem um avanço as medidas anunciadas eles querem que elas estejam garantidas em forma de lei. As lideranças horizontais (fora das entidades de classe tradicionais) defendem o retorno apenas após essas garantias.
As lideranças divulgaram em pronunciamento oficial em sua página do Facebook, que até o momento do discurso do presidente Michel Temer em rede nacional, a categoria ainda não tinha visto o texto do documento, que já se encontra no Diário Oficial da União desta segunda-feira. “Uma coisa é certa: não vamos trocar uma lei por um decreto, já que a lei nos dá muito mais segurança de que a medida não será revertida a qualquer momento”, disseram.
O projeto de lei defendido pelos caminhoneiros elimina a cobrança de PIS-Confins sobre o óleo diesel até o fim do ano. A proposta já foi aprovada na Câmara dos Deputados e precisa ser aprovada pelo Senado, para então, seguir para a sanção presidencial. No pronunciamento feito pelos líderes, eles alegam que o Brasil pode estar a 24 horas do fim da greve. “Já conseguimos uma vitória parcial com a lei sendo aprovada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, mas o manifesto continua. No fim desta segunda-feira o Brasil pode estar em festa comemorando uma vitória, apesar de que quem vai decidir quando a greve vai terminar é a categoria”.
O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (ABCAM) divulgou uma nota oficial nesta segunda-feira a qual seu presidente, José da Fonseca Lopes, pede para que os caminhoneiros aceitem o acordo. “Amigos caminhoneiros, voltem satisfeitos e orgulhosos para o trabalho. Conseguimos parar este país e sermos reconhecidos pela sociedade brasileira e pelo Governo deste país. Nossa manifestação foi única, como nunca ocorreu na história. Seremos lembrados como aqueles que não cederam diante das negativas do Governo e da pressão dos empresários do setor. Teremos o reconhecimento da nossa profissão, de que nosso trabalho é primordial para o desenvolvimento deste país. Voltem com a sensação de missão cumprida, mas lembrando que a luta não termina aqui”, diz a mensagem.
Já a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) não trata a paralisação como encerrada. Segundo a assessoria, as medidas são levadas à base dos caminhoneiros. O caminhoneiro Tião Bala, por exemplo, acredita que o movimento deve seguir firme e forte. “Ninguém aqui fez acordo com o governo. São apenas quatro ou cinco que se sujeitaram, então, eles que voltem a trabalhar. Nós não queremos apenas a baixa do óleo diesel. Queremos também a diminuição do preço do álcool, da gasolina e do gás de cozinha”.
Paraná
A governadora Cida Borghetti anunciou neste domingo (27) a diminuição e o congelamento da base de cálculo do ICMS que incide sobre o óleo diesel. A partir de 01 de junho a base para calcular o imposto será R$ 2,95 e o valor valerá por 90 dias. A redução é de R$ 0,25 sobre a base atual e deve representar uma queda de aproximadamente R$ 0,04 sobre o preço do combustível na bomba. Em reunião prévia com caminhoneiros, a governadora destacou a disposição para o diálogo. "Estamos todos do mesmo lado, mas não podemos cometer nenhuma irresponsabilidade".
A governadora também anunciou linhas de crédito com juros mais baixos para a compra de caminhões e de insumos para veículos pesados. Os financiamentos serão disponibilizados pela Fomento Paraná e Banco Regional de Desenvolvimento Econômico (BRDE). Outra medida foi a suspensão de voos de autoridades em aeronaves do Estado. Os aviões ficarão à disposição para transporte de órgãos e pacientes.
Medidas
O acordo pronunciado por Temer na noite deste domingo reduziu até dia 31 de dezembro R$ 0,46 no preço do diesel, além do congelamento dos preços do diesel por 60 dias. Após estes 60 dias, os reajustes no valor aconteceram a cada 30 dias, o que permitirá certa previsibilidade do transportador para cobrança do valor do frete.
Há ainda a extinção da cobrança de pedágio por eixo suspenso em rodovias federais, estaduais e municipais, assim como uma tabela mínima de frete
e determinação para que 30% dos fretes da Conab sejam feitos por caminhoneiros autônomos.