Eventos que, na avaliação do consultor do Sebrae/PR, Edson Braga da Silva, que acompanha o desenvolvimento do Iguassu-IT há mais de dois anos, permitem aos empresários estar em constante aprimoramento de suas práticas e, principalmente, oportunizam transpor fronteiras de comercialização. “Assim como a tecnologia, que avança rapidamente, as empresas que produzem tecnologia precisam ser ainda mais velozes para acompanhar ou estar à frente do mercado.”
No Paraná, são seis os APLs do setor e o Iguassu-IT foi o último a ser fundado. Entretanto, conforme enfatiza Edson Braga, tem se destacado pela qualidade e evolução das empresas. “Hoje, 60 empresas de TIC da região estão associadas ao APL Iguassu-IT, o que fortalece o setor como grupo. O arranjo produtivo também se destaca pelo número de empresas habilitadas pelo MPS.BR (Melhoria de Processos do Software Brasileiro), são cinco certificadas e seis em processo de certificação”, explica o consultor do Sebrae/PR.
Somente no ano passado, as empresas pertencentes ao APL Iguassu-IT somaram um faturamento de mais de R$ 47 milhões, um aumento de mais de 50% em relação ao ano de sua fundação, em 2008. “O aumento da comercialização é fruto do trabalho para o desenvolvimento dos produtos e serviços dessas empresas”, assinala Edson Braga.
De acordo com o coordenador do Iguassu-IT, Vicente Ribeiro, os empresários associados ao APL têm se mostrado bastante dinâmicos e dispostos a movimentar ainda mais o mercado. “Temos registradas mais de 800 pessoas ocupando vagas nas empresas ligadas ao Iguassu-IT, com nível salarial médio maior que R$ 1,6 mil. Isso, sem levar em consideração as vagas não preenchidas, que no final de 2010, eram cerca de 100 oportunidades de emprego. É um setor importante para a economia local e regional”, classifica.
No entanto, Ribeiro complementa que, para alavancar ainda mais o setor, é preciso que a comunidade compreenda a importância do setor na economia. “O segmento de TIC é uma atividade transversal, ou seja, está alinhado aos diversos setores produtivos. Hoje, é praticamente inviável uma empresa se manter sem a informática, por exemplo. Com a competência de fornecedores locais ou regionais, o acesso a softwares, hardwares e comunicação, como a internet, faz a economia girar internamente, gerando ainda mais empregabilidade e renda”, salienta o coordenador do Iguassu-IT.
Relações internacionais
Empresário do segmento de telecomunicações em Cascavel, Adriano Stradiotto, foi um dos representantes do APL Iguassu-IT em missão técnica à Alemanha e Espanha, no início de maio passado. Para ele, esse é o momento ideal para o Iguassu-IT fechar parcerias e viabilizar novos negócios, inclusive internacionais.
“Fomos uma das empresas fundadoras do arranjo produtivo local e, no começo, tínhamos como objetivo principal equalizar as empresas. Agora, em um patamar mais igualitário, podemos projetar novos negócios a todo o grupo, uma vez que as empresas já estão mais consolidadas e qualificadas. Estamos amadurecendo a ideia da exportação, inspirados em referências que encontramos em missões técnicas como essa”, projeta Stradiotto.
Um dos pontos altos da missão à Europa, acrescenta o empresário, foi a possibilidade de conhecer os Parques Tecnológicos de Heidelberg, na Alemanha; e de Andaluzia, na Espanha. “Conseguimos ver, na prática, o quanto os parques tecnológicos e as incubadoras podem favorecer o desenvolvimento de empresas de TIC como temos aqui na região. Nesses locais, estão integrados o poder público, empresas, instituições de ensino e pesquisa com um objetivo em comum, o desenvolvimento sustentável”, conta.
Exemplos de empresas do setor, como a SAP (Sistemas, Aplicativos e Produtos para Processamento de Dados), com sede em Walldorf, na Alemanha, também servem de inspiração para o empresariado do Iguassu-IT. “Eles começaram com apenas quatro funcionários e hoje são uma das maiores empresas de software de gestão integrada do mundo. Atendem mais de 100 mil empresas em 120 diferentes países. A SAP é um grande exemplo de que a sinergia entre incubadoras, poder público, empresas, instituições de ensino e pesquisa, gera desenvolvimento”, define Adriano Stradiotto.
Já nos Estados Unidos, a experiência em participar do Interop 2011, evento que é referência na área de tecnologia mundial, trouxe ao empresário Cezar Bernardon, a confirmação de que empresas do Iguassu-IT têm produtos preparados para o mercado externo. “Participar de eventos como esse nos faz abrir os olhos e pensar em estratégias, a médio e longo prazos, de exportação dos nossos produtos. Nossa empresa, que tem sede em Cascavel, vem se preparando para isso e, no Interop, percebemos que estamos no caminho certo”, sintetiza Bernardon.
Acompanhar o que está acontecendo em países de “primeiro mundo”, que tomam a dianteira no que diz respeito à tecnologia, orienta o empresário cascavelense, ajuda a definir as estratégias de internacionalização. “Na minha percepção, a convergência, a conectividade e a interação entre as tecnologias têm sido pontos constantes nas temáticas abordadas internacionalmente e, esses temas, confirmam o posicionamento que nossa empresa vem trilhando. Por conta disso, muito em breve, estaremos com nossos produtos no mercado internacional”, prevê.
Na opinião de Cezar Bernardon, que também integra o APL Iguassu-IT desde as suas primeiras articulações, fazendo parte de um grupo, como no arranjo produtivo local, as oportunidades se ampliam até para conquistar novos mercados. “O APL tem todo um ‘ecossistema’ de funcionamento que possibilita vantagens aos empresários integrantes. Como grupo, as empresas passam a enxergar uma na outra e ganham maturidade para crescer, até mesmo, internacionalmente.”
Mercado brasileiro
Para o empresário de Medianeira, Leandro Scalabrin, também integrante do APL Iguassu-IT, a participação em missões técnicas e eventos é fundamental para poder medir o desempenho e evolução da empresa em relação às outras que estão ativas no mercado. “Em contato com outros empresários, podemos avaliar se estamos seguindo o caminho certo e, ainda, conseguimos sair da rotina, observar o mercado e enxergar a empresa do lado de fora”, diz.
Junto a outros empresários do Iguassu-IT, Scalabrin participou da primeira edição da BITS Business IT na América Latina, que aconteceu de 10 a 12 de maio, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. “Participamos de um fórum sobre inovação, onde pudemos confrontar realidades vividas por outras empresas no Brasil e em outros países. Essa troca de experiência possibilita a identificação de novos cenários para o setor, fechar novos negócios e promover parcerias com outras empresas”, define o empresário.
Da participação na BITS, reconhece Leandro Scalabrin, surgiu a oportunidade de comercialização em estados do Nordeste brasileiro. “Nas rodadas de negócios da feira, conhecemos uma empresa de Recife que pode funcionar como mais um canal de distribuição dos nossos softwares de gestão de ensino. Estamos em processo de negociação com a empresa para que, em breve, nossos produtos sejam comercializados em mais três estados brasileiros: Ceará, Pernambuco e Bahia”, indica o empresário que esteve em Recife na última quarta-feira, dia 6.
Empresários integrantes do APL Iguassu-IT também estiveram presentes no 10º Encontro de APLs de software do Paraná, na segunda quinzena de junho, em Ponta Grossa. Segundo um dos representantes do Iguassu-IT, o empresário Nérisson Leonhart, além da temática sobre internacionalização, discutida no encontro, outro assunto que chamou a atenção dos participantes foi a proposta chamada de “Investidores Anjo”.
“Conhecemos mais sobre essa proposta que vem acontecendo em todo o Brasil, na qual grandes empresários estão investindo em empresas de tecnologia. Entendi como uma boa alternativa para captação de recursos com um regime interessante, que pode ser em forma de sociedade. Acredito que um dos maiores benefícios de fazer parte de um APL é, justamente, a possibilidade de estar informado sobre as novas oportunidades, que são mais difíceis de conseguir, quando sozinhos”, afirma Leonhart.
O empresário enfatiza que, depois de integrado ao arranjo produtivo local, conseguiu apoio para crescer, aumentando, em três anos, de quatro para 19 colaboradores; de três para 65 clientes; de um para 12 parceiros. “Nossos produtos são softwares de gestão eletrônica de documentos e nunca vi o mercado tão aquecido quanto hoje. Estou em negociação com uma empresa de Brasília, para comercializar nossos softwares, que têm cadastradas mais de 20 revendas. Com o aumento da demanda, com certeza, será preciso aumentar ainda mais o quadro funcional”, analisa Nérisson Leonhart, de Medianeira.
O próximo encontro da rede de APLs de Software do Paraná está marcado para o mês de setembro, em Cascavel.
Da Assessoria
