500 Anos de História
Quem passa pelo município Guaíra, a pouco mais de 100 kilômetros de Toledo, não imagina que aquelas terras são habitadas há mais de 500 anos. Primeiro pelos indígenas guaranis, depois pelos jesuítas, pelos espanhóis, que lá fundaram em 1554 a Ciudad Real del Guayrá, pelos bandeirantes e por fim, pelos imigrantes de várias nações.
Os alunos do Colégio Estadual Jardim Marcanã, de Toledo, foram a Guaíra nesta quarta-feira (6), e redescobriram a história do Brasil e da região Oeste do Paraná. Na frente do Museu Municipal Sete Quedas viram a primeira locomotiva da região, adquirida em 1913 e responsável por transportar a erva mate extraída pela Companhia Mate Larangeiras (com ‘g’ mesmo, pois seu fundador chamava-se Thomaz Larangeiras) dos ervais nativos do local.
Já no museu encontraram expostos artefatos indígenas e espantosos animais do pantanal, como o jacaré de papo amarelo, o tamanduá bandeira, a sucuri, o tucano e o maior dourado já pescado no município. Maquetes bem feitas mostram a grandeza do Rio Paraná e como Guaíra foi planejada a exemplo de Paris, formando uma teia de aranha.
Impossível não se emocionar com a imagem das extintas Sete Quedas e imaginar como seria ter visto este local que foi alagado anos antes dos alunos nascerem, para a construção da hidrelétrica de Itaipu. No informativo distribuído pela Secretaria Municipal de Turismo está bem descrito este sentimento: “Um imenso silêncio tomou conta das ruas de Guaíra em 13 de outubro de 1982, quando foram fechadas as comportas de Itaipu. O barulho constante das quedas transformou-se em quietude”. É a deixa para que os professores trabalhem temas importantes como o desenvolvimento dos municípios, a modernidade, a expansão do capitalismo, as multinacionais e os impactos da ação do homem sobre a natureza.
Outra visita importante é à base do exército, que recebe recrutas de municípios vizinhos, como Marechal Cândido Rondon, Terra Roxa e Mercedes. Lá os alunos podem conhecer o dia a dia dos recrutas e soldados, saber como funcionam os treinamentos, a rotina de trabalho e as duras lições de disciplina e resistência. Dentro da área militar está a antiga estrada que levava às Sete Quedas. Depois de uma boa caminhada a estrada termina abruptamente as margens do gigantesco Rio Paraná, na divisa com o Lago de Itaipu. Deste local os alunos podem visualizar onde havia as pontes que outrora ligavam as cachoeiras.
Mais paradas obrigatórias para quem visita Guaíra: a Igrejinha de Pedra e o ateliê do artista plástico Frei Pacífico. A Igreja Nuestro Señor Del Perdón, ou apenas Igrejinha de Pedra, foi construída pela Companhia Mate Larangeira em 1934. Um dos ícones da evangelização católica no município, foi erguida com pedras encaixadas no estilo espanhol e suas telhas vieram das ruínas da Ciudad Real del Guayrá. Seus vitrais são argentinos e retratam a história dos padres jesuítas, rendendo em seus detalhes um tributo aos índios guarani.
Para quem gosta de arte, o ateliê de Frei Pacífico reserva um acervo de tesouros. Esculpidas na madeira ou moldadas no barro, as imagens retratam histórias da cristandade e da cultura indígena. O desenvolvimento biológico do homem, a maternidade e a santa ceia, bandeirantes, índios e padres jesuítas brotam da imaginação do artista e recriam cenas onde a história do oeste do Paraná e do sul do Brasil mais uma vez revive.
Além destes locais, os alunos do Colégio Maracanã visitaram o rústico e charmoso Cine Teatro Sete Quedas e ali perto a Base Náutica, onde é realizada a tradicional Festa das Nações. A última parada foi na comunidade quilombola Manoel Ciriaco, no distrito de Maracaju dos Gaúchos, onde os alunos ouviram relatos sobre a vida na comunidade, os dilemas e dificuldades enfrentadas pelos quilombolas.
Marcos Alves Feitosa, que estuda no 1º ano do Ensino Médio, não conhecia Guaíra. “Eu gostei muito, vi coisas diferentes aqui e lembrei bastante do que a professora de história ensinou pra gente”, comentou, dizendo ter gostado de todos os locais visitados. Já sua colega Flavia Caroline Previati, afirmou que seu local preferido foi a base do exército, mas até o final da viagem já estava indecisa entre a comunidade quilombola. “Foi muito interessante conhecer outras culturas, também foi legal ver o dia a dia dos soldados e conhecer onde eram as antigas Sete Quedas”, relatou.
Viagem Internacional
Os alunos do curso de espanhol ofertado pelo Centro Estadual de Língua Estrangeira Moderna – CELEM, no Colégio Estadual Prof. Ildo José Fritzen, em Entre Rios do Oeste, viajaram um pouquinho mais longe: 148 kilômetros até nossa vizinha Argentina e a cidade de Puerto Iguazu.
“Esse passeio tem o objetivo de oportunizar a vivência do aluno à língua espanhola de forma prática”, destaca a professora do CELEM Elisandra Zimmermann. Em Puerto Iguazu, os alunos conheceram o parque temático “La Aripuca”, que abriga mais de 30 espécies de madeiras da selva missioneira do norte da província de Missiones. No local, os estudantes também tiveram contato com a cultura indígena através dos belos artesanatos, ouviram o som da Arpa e experimentaram o famoso mate argentino.
Visitar Puerto Iguazu é ter a oportunidade de ver o lado brasileiro das Cataratas do Iguaçu, já que o turista que vai a Foz do Iguaçu está no lado brasileiro olhando para o lado argentino, e vice e versa. A maior parte das quedas d’agua fica no lado argentino e são vistas do Brasil, mas vale a pena conferir todos os ângulos de uma das mais incríveis maravilhas naturais do mundo.
Da Assessoria
