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GERAL

Agroecologia e sucessão na propriedade rural são temas centrais de evento em Rondon

Discutir a agroecologia e sucessão familiar nas propriedades rurais, esse foram dois temas centrais das discussões realizadas durante os encontros realizados ontem e hoje na Unioeste/Campus de Rondon. O evento de abrangência regional envolveu a Unioeste, Emater, Itaipu Binacional, Iapar, Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa), Biolabore e Prefeitura.

14/07/2011 - 16:34


O objetivo foi debater com a sociedade de modo geral a necessidade da implementação de políticas públicas que dêem suporte para a agroecologia nas propriedades rurais. Além disso, o debate focou a necessidade de políticas que atendam às necessidades do homem do campo e sua família, ou seja, que tenham como foco a problemática da sucessão familiar, e todas as implicações do processo. Esses temas foram debatidos durante o 4º Encontro Regional de Agroecologia, 3º Encontro Regional de Controle Alternativo, 9º Encontro de sementes e Biodiversidade e a 19ª Feira Vida Orgânica.
Nesta quinta-feira (14) o professor Doutor João Fabrini (Unioeste) palestrou sobre “Sucessão familiar: aspectos políticos, econômicos e sociais”. O tema gerou debate entre os participantes, muitos filhos de agricultores, que relataram as dificuldades de se permanecer no campo frente os atrativos que a cidade proporciona. Também foi apontado como aspecto central a discussão a questão do preconceito que os trabalhadores rurais enfrentam diante da sociedade urbana.  O professor Fabrini reinterou que realmente existe uma prática preconceituosa em relação ao produtor rural e seus familiares.  “Quando alguém quer maltratar outra pessoa, diz que ela é caipira, em tom pejorativo. Existe sim esse preconceito, como se urbano fosse superior ao rural”, analisou. Fabrini destacou que outra questão que influencia na sucessão da propriedade são os atrativos da modernidade: “os filhos dos agricultores tem direito a Internet, telefone celular, ao conforto que a modernidade pode trazer. Mas é preciso que haja políticas publicas que possam atender essas demandas. Mas isso é resultado de organização, de mobilização para poder alcançar. É direito de todos e dos adultos e idosos, que também tem suas demandas para permanecer no campo”, frisou Fabrini.
 A professor Maria de Fátima Erlich, da escola do campo de Três Passos/Distrito de Rondon, relatou que a questão do preconceito já se manifesta ainda na escola de nível fundamental, na qual as crianças filhas de agricultores já sofrem discriminação, que repercute no aprendizado dos jovens. Ela detalha ainda que as condições de ensino são precárias nas escolas do campo. “Os alunos se sentem envergonhados de assumir que estudam em uma escola do campo, veem como algo ruim , preferem a cidade por se sentirem menosprezados por estarem no campo”.  Além do preconceito, a professora relata a dura rotina dos alunos: “a realidade dos alunos é sair as quatro da manhã para chegar as seis na escola e a tarde retornarem para trabalhar nas propriedades em suas casas”. A professora ainda relata que os alunos não podem ocupar o laboratório das escolas, pois o sinal da Internet não chega, o que limita o aprendizado. Maria de Fátima relata ainda queos alunos freqüentam a escola até o nono ano do ensino fundamental e quando têm que estudar na cidade muito desistem e a evasão cresce assustadoramente. “Até o fim do ensino fundamental eles freqüentam normalmente, quando tem que ir para a cidade a evasão é muito grande. Eles se sentem menosprezados”.
Audiência pública
No evento também foi realizada uma audiência pública sobre a implantação de Sistemas de Produção Agroecológica na Agricultura Familiar no Estado do Paraná. O deputado Elton Welter participou da audiência e discutiu seu Projeto de Lei que dispõe sobre incentivos à implantação da agricultura agroecologica.   O objetivo da audiência foi recolher subsídios para a elaboração do projeto de iniciativa do deputado estadual Elton Welter.
O deputado Welter explicou que esta é oportunidade para discutir a criação de um sistema permanente de políticas públicas para o sistema agroecologico, ou seja, para que os consumidores de forma gradativa possam consumir alimentos sem o uso de agrotóxico. “A ideia é desafiadora e temos que caminhar para a diminuição do uso de agrotóxicos e, consequentemente, ter políticas públicas permanentes sem o uso de agrotóxico”. O deputado frisa ainda que o objetivo principal é a sustentabilidade ambiental. O cuidado com o meio ambiente, com a saúde dos produtores e dos consumidores. “Há uma tendência mundial que devemos produzir alimentos sem uso de agrotóxico e achar alternativas economicamente viáveis para que possamos produzir alimentos com qualidade e ter mais renda para o produtor”, destacou Welter. O deputado detalhou que a legislação pretende motivar e fazer com que seja atendido preferencialmente nos programas de aquisição de alimentos os produtores que produzem orgânicos para servir para na merenda das escolas. “A ideia da criação deste sistema é fomentar, criar alternativas, integrar políticas públicas de crédito e de assistência técnica para que consigamos superar as dificuldades. Porque há uma tendência de consumir produtos sem agrotóxicos, porém é muito forte a presença e o estímulo do uso de agrotóxico. Nós precisamos mudar a cultura com o tempo. Temos que começar a trabalhar para que tenha políticas continuadas sem o uso do agrotóxico”.
O projeto está sendo discutido amplamente com os técnicos, produtores que trabalham na atividade sem o uso do agrotóxico para que isso vire um efeito cascata com o tempo. Uma audiência pública estadual já foi realizada no início de junho em Curitiba e outra, regional, ocorreu em Londrina no último dia 21. Segundo os organizadores no vento de hoje foi possível conhecer propostas e sugestões sobre o projeto, que visa incentivar a produção sustentável e menos agressiva ao meio ambiente em nossa região, fortemente marcada pela presença da agricultura familiar.
O deputado destacou que a ideia das audiências é tirar uma matriz técnica e a conceituação da Lei, com a finalidade de se ter êxito no futuro e para haja uma visão mais conservacionista do ponto de vista do uso do agrotóxico. “Quero trabalhar para emancipar o produtor a ter mais renda, oportunidades de fornecer alimentos com mais qualidade”. Welter informa que o projeto está nas Comissões permanentes, e que foi solicitado para segurar o projeto por um tempo enquanto acontecem as audiências públicas. O deputado quer incorporar sugestões vindas das audiências para finalizar a formatação e então levar a votação na Assembleia.


Confira também reportagem em vídeo.

Por Rosselane Giordani

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