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Fazenda Esperança: um lugar de recomeço e reencontro com a vida

O tempo para quem está recomeçando e buscando um novo sentido para a vida passa diferente. Até mesmo as ações cotidianas e de trabalho ganham um novo significado. É nesse tempo de reflexão e de mudança que os meninos da Fazenda Esperança vivem. Em busca da cura da dependência química das drogas e do álcool, esses homens se tornam meninos novamente em busca de autoconhecimento, de um objetivo na vida e na luta por seu sonho maior: reconstruir suas vidas ao lado das famílias. Na primeira reportagem da série DROGAS: Esperança e fé na luta a dependência, o coordenador da Fazenda Esperança em Toledo, Paulo Cezar Rodrigues, conta como são as etapas do tratamento realizado na instituição.

15/07/2011 - 13:34


Segundo Paulo, para falar da história da Fazenda Esperança em Toledo não pode se esquecer do início em Guaratinguetá em São Paulo. "Os trabalhos iniciaram em 1983 quando um jovem chamado Nelson se aproximou de jovens que usavam drogas e um deles pediu ajuda. Logo alugaram uma casa, uma chácara e depois ganharam uma Fazenda. No início era chamada de Casa da Bondade e tornou-se Fazenda Esperança, por causa de uma reportagem no programa Fantástico da Rede Globo", conta Paulo. Em Toledo, a trajetória da instituição iniciou no ano de 2000, sendo que a data da fundação foi no dia 14 de junho. Paulo explica que para abrir uma Fazenda Esperança em qualquer lugar do mundo há três requisitos básicos: a área deve ser escriturada; ter o apoio da comunidade e do Bispo.
Em Toledo a Fazenda tem 11 anos de história na recuperação de dependentes quimicos e alcolatras. Atualmente a capacidade de atendimento é para 30 internos, e já estão em tratamento 23 pessoas. O coordenador da Fazenda relata que os internos são de Toledo, mas que a maioria vem de fora. "Acolhemos pessoas de outros estados como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, e até mesmo de outros países como Colômbia, Rússia, Paraguai e Argentina".
O tratamento
O coordenador relata que o tratamento é simples. "Eles chegam e são amados por nós e são impulsionados a amar. Eu diria que o tratamento consiste em três passos básicos da Fazenda Esperança: trabalho, a convivência e a espiritualidade. "O interno tem que trabalhar, tem que se auto-sustentar. Possuímos diversas atividades como cultivo de horta, artesanato, agricultura, suinocultura, gado,  e os trabalhos relacionados a limpeza e manutenção das casas. O outro ponto é a convivência. Aprender a sair de um mundo egoísta e aprender a dividir com o grupo. E a mais importante é a questão da espiritualidade. De buscar Deus, de colocar a Palavra em prática. Fazer a troca de experiência da Palavra entre eles. Colocar em prática o amor", explica Paulo.
Dificuldades
Segundo Paulo a maior dificuldade dos internos é a questão da vivência e do egoísmo. "Isto é um fato muito grave, porque todos vêm de um mundo egoísta e consumista, mas aqui eles são impulsionados a dividirem. E uma grande dor que todos sentem é a questão do desamor, do preconceito, da rejeição", conta o coordenador que salienta que um dos fatores que influencia é a desestrutura familiar. "Hoje vemos várias famílias desestruturas, abaladas, cada um só pensa em si. Não para mais para sentar e trocar ideias. É muito fácil colocar o filho no computador e eu ficar fazendo outras coisas". Ele conta que noventa por cento dos internos tem os pais separados. "Claro que o pai não teve culpa que o filho é usuário de droga, a escolha é pessoal, mas o que fica muito claro é a questão de desestrutura. Pois não tem uma referência de pai na família, de amor entre pai e mãe. Este é o grande mal da sociedade".
Padrinhos
Os internos da Fazenda tem a seu lado na caminhada da recuperação pessoas que também vivenciaram a dependência química. O coordenador da Fazenda Esperança relata que após alguns meses de tratamento o interno já está apto e em condições de ajudar aqueles que estão chegando. O interno que está nessa fase pode se tornar um 'padrinho' na Fazenda, ou seja, ele se torna um ajudante e auxilia outros internos no processo de recuperação. "Muitos deles quando completam o tratamento querem retornar para ajudar na causa e é o casos dos padrinhos, que estão diariamente se doando para ajudar a salvar vidas".
Fernando Zanin é chamado de padrinho dentro da fazenda, pois tem a responsabilidade de ajudar os meninos nos momentos mais difíceis. Mas antes de Fernando chegar a ser padrinho ele passou umlongo tempo de sua vida 'perdido' e sem saber que sentido dar a sua vida. "Precisei dar passos e começar a andar. E perceber que existe uma vida nova, e essa busca que fazemos aqui dentro. Dentro da vivencia da palavra, do que a gente acredita", conta. Fernando considera que sua vivência como padrinho foi um benção: "Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos.Pois no começo ninguém tinha um preparo, a vivência da palavra foi mostrando que era possível".
A história de Fernando 32 anos não é diferente de tantas outras histórias de jovens que se envolvem com drogas e álcool. Na reportagem de amanhã Dirceu José dos Reis e Evaldo do Carmo dão depoimento de como conheceram as drogas, e do estrago que a experiência causou em suas vidas.

Confira ainda reportagem completa em vídeo.

Por Rosselane Giordani

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