O mineiro Evaldo, olha para o chão na hora de contar o tempo em que as drogas tomaram conta de sua vida, e enche os olhos de lágrimas ao lembrar da família que o espera em Minas Gerais. Seu tempo na Fazenda Esperança já terminou e agora ele quer recomeçar a vida.
Lembrar do tempo triste da dependência ainda doi muito. Voltar no tempo e recordar que o primeiro passo para recuperar a esperança de viver foi admitir que era um dependente químico, isso foi um marco que Evaldo não esquece, e nos conta emocionado:
- O primeiro passo que dei foi admitir que era um dependente químico. Eu achava que não era viciado - conta Evaldo.
Aos 17 anos Evaldo começou a beber. A dificuldade em se aproximar das pessoas nas rodinhas o atormentava e o copo na mão lhe dava coragem. Aos 19 anos a responsabilidade prematura de ser pai pela primeira vez trouxe consequencias: o rompimento no relacionamento com a mãe de seu filho. A partir do sofrimento gerado pela separação a bebida foi a fuga. Do alcool para a maconha; da maconha para a cocaína. E o 'fundo do poço' aos 32 anos quando experimentou o crack.
- A droga me fez perder tudo, a dignidade e a confiança da minha família. Joguei tudo por água abaixo - lamenta.
O ex-dependente conta com lágrimas nos olhos o dia em que sua filha de 16 anos lhe pediu para parar de usar drogas dentro de casa.
- Eu estava na minha casa, usando droga dentro do banheiro, e minha filha entrou e dissse para eu parar de usar essa porcaria. Pedi ajuda aos meus pais para livrar da dependência.
Outro personagem dessa história de luta e fé contra a dependência é Dirceu José dos Reis.
A fala mansa de Dirceu revela que hoje ele 'anda devagar, porque já teve pressa, mas leva esse sorriso no rosto porque já chorou demais'. O canto conhecido por muitos na voz de Almir Sater também pode ser a poesia que narra a história triste desse londrinense que andou na vida por caminhos tortos. Mas, aprendeu nos trancos e barrancos o valor e o sabor de uma vida sóbria. Hoje aos 46 anos, Dirceu dá o seu testemunho de que o alcool entrou na sua vida aos 11 anos e que essa escolha só fez ele perder na vida:
- Perdi tudo e não construi nada. Perdi minha juventude, minha moral, o respeito e o nome. Perdi tudo através do alcool.
Mas Dirceu não perdeu a família.
- Graças a Deus! - diz ele.
E foi essa família que lhe deu uma segunda chance. O filho que estuda para ser padre em Maringá lhe apontou o caminho: Fazenda Esperança.
- Aqui começa uma nova vida, como diz na placa lá na entrada - diz Dirceu ciente de que a consciência da vida veio com a cura.
O alcoolismo levou Dirceu a viver em um mundo egocentrico.
- A muito tempo eu não sustentava mais a casa. Trabalhava para o meu consumo. Eu não vi os meu filhos crescer. Mas hoje aprendi a dar valor a minha família e a vida. Agradeço a Deus por estar vivo. Tenho 46 anos e muita vida pela frente. Hoje eu me reencontrei.
Confira reportagem completa em vídeo.
Por Rosselane Giordani
Depois da escuridão, a cura que liberta e transforma
Histórias de vidas que servem de lição e de reafirmação do valor da vida. Assim, também é a história de Dirceu José dos Reis (46 anos), que busca a cura do alcoolismo na Fazenda Esperança em Toledo. Na segunda reportagem da série DROGAS: Esperança e fé na luta contra a dependência, os depoimentos de Dirceu José dos Reis e de Evaldo do Carmo (37 anos) revelam o drama e o reencontro com a esperança de viver.
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