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Tendência de recordes de exportação poderá não ser mantida em vista de quebra de safra

O Brasil vive um momento de contrasenso, ao mesmo tempo em que comemora o aumento expressivo nas exportações de trigo em 2011 em relação a 2010, também acende o alerta vermelho em relação a produção. Isto porque o Departamento de Economia Rural já tem a estimativa de uma quebra de 20%, e essa é uma estimativa inicial. De acordo com o técnico João Luiz Nogueira esses são os primeiros números, mas a tendência é aumentar a quebra. Nogueira informa que a área da regional de Toledo cairá para 50 mil hectares, tendo em vista que esta área já chegou até a 80 mil hectares.

22/07/2011 - 16:54


O técnico informou ainda que os complexos soja e milho tiveram um crescimento significativo, mas principalmente o trigo, que foi o produto que mais cresceu em termos de valores 2011 em relação a 2010. “Falava-se que o trigo não tinha qualidade para exportação e vem conquistando o mercado lá fora. Ele buscou uma brecha no mercado Europeu que era abastecido pelo Oeste Europeu em função da crise na produção destes países O Brasil entrou como exportador buscando o mercado e aliviou os estoques, o que melhorou a liquidez”, comentou o técnico do Deral. Entretanto, ele avalia que mesmo com o crescimento nas exportações, ainda não se atende às necessidades dos produtores. “Os preços saíram de um patamar de zero para R$ 26, o preço de balcão, e isso está muito longe do que almeja o produtor e do que ele merece. Mas é um alento”. De acordo com Nogueira, a exportação que está acontecendo é a safra de trigo estocada de dois anos atrás, que infelizmente o mercado interno não absorveu. “Você ter um aumento nas exportações de 107% é sinal de que o trigo tem condições de avançar e buscar no mercado lá fora. Até 2001 não exportávamos e quando houve a crise na Europa abriu-se uma porta para o milho e passamos a exportá-lo. Hoje estamos exportando 11 a 12 milhões de toneladas e em um momento de crise quando deveríamos exportar menos e este milho ficar para o nosso abastecimento”.

Apesar da notícia boa do acréscimo nas exportações, Nogueira ressalta que há um aspecto preocupante quanto ao mercado de trigo. “Infelizmente a cada dia a área reduz, a produção reduz, e agora neste período do mês de julho estamos viajando na região e fazendo reuniões conversando com produtores e técnicos, e estamos percebendo que estávamos muito preocupados com a quebra do milho, mas a quebra da safra do trigo em uma estimativa inicial deve ficar próxima a 20%. Infelizmente, a tendência para a produção será muito pouca”.
O mercado interno
Na avaliação do técnico do Deral, diante de um cenário de pouca oferta de grãos, estoque ajustado, demanda crescente é muito arriscado para o Brasil não ter uma estratégia para ser auto suficiente na produção, pelo menos produzir aquilo que consume. “No caso do trigo, nós consumimos 10,5 milhões de toneladas. Quando produzimos bem, produzimos em torno de 5,5 milhões de toneladas. Este ano dificilmente produziremos 4 milhões toneladas. Teremos que importar mais e aumentar a nossa dependência do produto importado em um momento que os países do mundo estão preocupados com a produção e o fornecimento de grãos”, analisa. O técnico faz essa análise pautado no fato de que o G-20 já expressa uma preocupação em relação a demanda crescente no consumo de grãos, além disso observando-se os preços no mercado é notória a tendência de alta nos preços. “Quando você olha a tendência dos preços futuros, você olha em Chicago e percebe que a soja o preço para agosto é 13,80 o bucho, mas para março é 14 tendência de alta. O milho é 6,80 para setembro, mas para maio passar de 7. Quando você olha o trigo, o preço alto no mercado externo é de 6.92 em Chicago para setembro, mas para maio é 7.81. Percebe-se a tendência dos preços”.
Na opinião de João Luiz Nogueira a política do governo para fazer frente a esse cenário é suicida. “A tendência é diminuir a área do trigo. Neste ano, já foi muito reduzida, e agora teremos uma frustração de safra e uma redução maior no ano de 2012. Uma estratégia, onde você aumenta a dependência do grão importado no momento em que o mundo está preocupado em se abastecer estrategicamente - é uma política suicida, porque ficaremos dependentes de um produto caro. O trigo vai se tornar um produto caro. Vamos pagar muito para importá-lo quando poderíamos dar um estímulo ao produtor para produzir internamente”.
 
Confira entrevista completa em vídeo.
 
Por Rosselane Giordani
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