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PECUÁRIA

Fetaep lança Plano Safra 2011/2012 com objetivo de levar informações aos agricultores familiares

O departamento de Política Agrícola da Fetaep (Federação os Trabalhadores Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do Paraná ) realizou nesta quarta-feira (27) no Centro Social Dorcas,  em Toledo, o lançamento regional do Plano Safra 2011/2012. Segundo os organizadores o objetivo da regionalização é orientar dirigentes sindicais, lideranças comunitárias, técnicos de extensão rural pública e privada, além de instituições financeiras vinculadas ao meio rural, sobre o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

27/07/2011 - 15:22


O diretor de Política Agrícola da Fetaep, José Carlos Castilho, explica que a Fetaep está realizando esse trabalho de divulgação do Plano Safra por perceber que muitos agricultores ainda não tem acesso as informações e há ‘um temor’ por parte dos agricultores em realizar financiamentos. “O produtor tem medo de financiar e tem pouco acesso a informação. Nós precisamos que o pequeno produtor se oriente para buscar os recursos que estão disponíveis no Pronaf. No ano passado 16 bilhões e gastamos 12 bilhões. Os agricultores não estão buscando o crédito que estás disponível. Por isso precisamos divulgar as informações”, disse.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Luiz Schaefer disse que há recursos, mas é preciso saber aplicá-los para que nenhum pequeno agricultor precise vender sua propriedade. Schaefer destaca que o processo de organização dos produtores é fundamental para se ter informação e acesso ao crédito. “No passado, quando Santa Rosa, Maripá, Ouro Verde e São Pedro eram integrados a Toledo, chegamos a ter 15 mil associados. Atualmente ainda resiste uma cultura de medo do crédito, pois muitos perderam suas propriedades pela falta de pagamento, porém, as condições mudaram”, explica Schaefer, contabilizando que há quatro mil pequenas propriedades no município e cerca de mil sindicalizados.
O tom do discurso do gerente de Mercado do Agronegócio do Banco do Brasil, Sergio Mnatovani, também foi de reforçar que é preciso levar informação ao produtor. O gerente destacou que a política de crédito alcança êxito, devido ao diálogo e à credibilidade dos parceiros envolvidos. “Nunca houve tantos investimentos à agricultura familiar e a experiência do Paraná com o programa Trator Solidário vem sendo replicada no Brasil”, pontua o gerente, detalhando que a iniciativa nasceu de um desafio do governo estadual em 2007 e que atingiu a marca de 6 mil tratores financiados.“Os juros são pequenos e o prazo é longo. Os beneficiários deste programa são pequenos agricultores, que também podem financiar outros equipamentos como plantadeiras”. 
O chefe regional da Emater Ivan Raupp reforçou que o grande desafio é conscientizar os pequenos produtores da necessidade da organização para que eles possam barganhar melhor e colocar o seu produto com regularidade e quantidade suficiente no mercado. “A Emater tem procurado não apenas contribuir no assessoramento técnico e divulgação da política pública, mas também no esforço em conjunto com o poder publico municipal e sindicatos de apoiar a gestão das pequenas organizações econômicas dos pequenos produtores, que são as pequenas cooperativas e associações. O objetivo é que por meio dessas entidades os produtores acessem esses mercados institucionais, como o PAA e PNAE: Aquisição Direta e Alimentação Escolar, além de outros supermercados e redes varejistas como um todo”. Raupp informa ainda que a Emater tem uma proposta de assessoria, treinamento e capacitação que é ofertado as organizações. “Os técnicos estão orientados a trabalhar na visão de cadeia produtiva, e não apenas na assessoria às pequenas propriedades. Isto porque o maior gargalo está na comercialização”.
Sobre os recursos disponíveis o gerente da Emater avalia que houve avanços também por parte do produtor que está investindo no incremento de suas atividades. “A cada ano é um processo que vem se aperfeiçoando. Na área de abrangência da Emater temos aproximadamente 5 mil produtores acessando recuso da política pública. Desses produtores, 70% estão financiando para investir.  Quando o produtor acessa crédito de investimento ele está procurando intensificar e aperfeiçoar o seu sistema produtivo, não é apenas para custeio da lavoura. E o investimento provoca mudança na pequena propriedade”, avalia Raupp. O gerente da Emater destaca ainda que no atual Plano Safra, o Pronaf Mais Alimentos passou de 100 mil para 130mil, com redução das taxas de juro. Ele afirma que a tendência é que o acesso a essas linhas se aperfeiçoem.
Sobre os desafios para o fortalecimento da agricultura familiar Raupp frisou que primeiro é preciso entender que existe um grupo na agricultura familiar que são dos produtores mais capitalizados que acessam as agroindústrias, e estão investindo na avicultura e suinocultura comercial. Entretanto, há outro segmento de agricultores menos capitalizados, com menor acesso à informação, que tem mais dificuldade de tomar conhecimento da política pública. Segundo Raupp esse é o grande desafio: levar informação as comunidades mais distantes, aos produtores menores, que não acessam o credito. “Na região são 25 mil produtores, sendo que 10 mil tem propriedades abaixo de 4 alqueires -são produtores muito pequenos. É para este segmento que temos que ampliar a divulgação e dar assessoria técnica para que invistam corretamente”, defendeu o gerente da Emater.
O deputado estadual, Elton Welter que preside o bloco da agricultura avalia que é preciso apostar mais na organização dos produtores. “Agora, depende de nos organizarmos e aperfeiçoarmos as políticas públicas existentes de fomento. Não se trata de nenhuma afronta aos abatedouros, mas precisamos de alimentos de qualidade. Hoje, se quisermos comprar o frango orgânico, não temos onde comprar”, aponta Welter, que preside o bloco de agricultura familiar na Assembleia Legislativa. Welter defendeu ainda que é necessário que os produtores se organizem e recebam apoio para isso. “Já já existe o Pronaf, programas para recursos da merenda escolar e para adquirir alimentos dos produtores. O que precisa agora é organizar os produtores para fornecer alimentos. Existe dinheiro e lei, depende agora da organização”, disse o deputado.
Welter defendeu ainda que é preciso fomentar políticas públicas municipais que articulem a organização do segmento. “Faltam ainda políticas públicas municipais, e a insistência de articulação entre trabalhadores rurais em conjunto com o poder público local, Emater, Seab. É preciso articular isso e  trabalhar no convencimento dos agricultores, e também firmar um compromisso político público do gestor no sentido de garantir essa compra dos alimentos pelas leis que já existem”, argumentou.
O secretário municipal de Agropecuária e Abastecimento, Eloir Pape, frisou que hoje o crédito rural está chegando exatamente onde se quer. “Agora, a batalha deve ser por uma escola eficiente”, frisou Pape, avaliando que a tecnologia acaba não sendo utilizada em sua plenitude. “Os agricultores, em média, usam apenas 30% dos recursos disponíveis das máquinas. Além da educação, a outra ponta a ser cuidada pela produção passa pela preocupação ambiental. No último ano, Toledo alcançou a marca de um milhão de suínos para abate, mas que nos deixaram 455 mil toneladas de dejetos”, alerta Pape.
 
Confira reportagem vídeo.
 
Por Rosselane Giordani
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