1144x150 %284%29

OPINIÃO - LIMITES: a ordem do dia.

Atualmente, duas entre três discussões realizadas sobre a e na Escola pautam-se em situações de violência vivenciadas. Até o momento, essas vivências vêm dividindo opiniões e gerando entendimentos ou responsabilidades unilaterais. Sendo assim, torna-se necessário, como já vem advertindo Bernard Charlot, que compreendamos que “[...] a escola não se apresenta mais como um lugar protegido e até mesmo sagrado, mas como um espaço aberto às agressões vindas de fora” (2005, p. 126). Isto implica em entender que a questão da violência perpassa muito mais na questão do limite do que no quesito indisciplina diretamente.

12/11/2010 - 08:11


A partir desta mudança de paradigmas, podemos constatar que o ambiente escolar tornou-se um misto de ações. Por exemplo, o acúmulo de incivilidades nas escolas voltadas para o ensino básico ou superior (como palavrões, piadas de mau gosto, indiferença, recuso ao trabalho, entre outros) está amplificando o desconforto e a geração de doenças (síndromes psicossociais) entre docente-discentes. Todavia, se por um lado isto não justifica acusar um único nicho como responsável por esta transformação, como educar nos dias de hoje?

Defendemos a necessidade de se colocar limite. Mas, que limite?

Muitas pessoas viveram em sua própria educação a experiência de duros limites, constituídos em regras e proibições. Autoridade misturada com autoritarismo sempre foi confundida como verdade absoluta, pois se exige que a criança, o adolescente e até mesmo o adulto apresente total submissão e resignação. Ser boazinha era sinônimo de atender às regras, jamais ser espontânea e nunca criar ou questionar algo. Neste contexto, observamos que a liberdade em expressar suas ideias e pontos de vista confunde-se com enfrentamento e desrespeito.

Contudo, a sabedoria popular ou científica contrariamente nos mostra que o limite está em oferecer liberdade, introduzindo as noções de responsabilidade e respeito ao outro e em respeito a si mesmo - caso contrário, estamos falando em invasão e em desrespeito. Colocar limites é ensinar que existe a frustração, que apesar de desagradável, faz parte do mudo ao vivo e a cores. O limite nos ajuda a perceber quem somos. O respeito nos ensina que temos limite e aumenta nossa consciência pessoal. A responsabilidade nos ensina que tudo tem seu preço, pois estamos sempre em relações de troca, colhendo aquilo que semeamos.

Portanto, cabe terminar esta conversa voltando às questões centrais sobre o limite. Em especial pararmos e refletirmos sobre que limite estamos ensinando, praticando e proporcionando às nossas crianças e adolescentes em nossas casas, escolas e sociedade? A quem cabem as devidas partes de responsabilidades em articular o ensino de valores morais, regras educativas ou normas sociais? Ressaltamos ainda que está na falta de limite a geração de indisciplina, pois a disciplina é social e não só individual. Ao colocar regras claras e bem fundamentadas para as crianças e adolescentes os preparamos para a vida real, na qual nem tudo acontece do jeito e na hora que se quer, pois para sermos democráticos não se sugere que devemos ceder a todas as exigências dos nossos filhos, discentes ou cidadãos. Mas, também não significa imposição e dizer não o tempo todo.

 

BIBLIOGRAFIA:

CHARLOT, B. Relação com o saber, formação dos professores e globalização: questões para a educação hoje. Porto Alegre: Artmed, 2005.

Sem nome %281144 x 250 px%29