A irmã de Cecília, Sueli Gonçalves Meira relata que desde segunda-feira a situação de saúde da irmã tem declinado. “ela tinha muita dor de cabeça, febre, vômito com sangue e por último evacuava sangue. Aí agravou, já não respirava, não se alimentava. O que falavam para nós é que era gripe (H1N1). O caso dela é grave, muito grave”.
A superintendente do HOESP – Hospital Bom Jesus, Michelle Okano, disse que transferir um paciente para uma unidade de saúde que não tem os equipamentos necessários, é expor o paciente. “Não temos respirador, a paciente precisa deste equipamento, o caso dela é grave. É perder tempo trazê-la até aqui se não temos os equipamentos para cuidá-la. Não adianta mandar a paciente com procedimento zero, pois não há vaga, não temos respiradores e se o caso é grave, como será atendida? Isso é um prejuízo a paciente”.
Michelle disse que a situação está no limite, pois o Hospital tem 12 leitos de UTI SUS e 14 pacientes. O Sistema oferece 113 vagas, mas o Hospital tem internado 152 pacientes.
A enfermeira e o médico que acompanharam Cecília disseram que estavam prestando serviço a secretaria de Saúde apenas para transportar a paciente com mais segurança, mas o diagnóstico e o encaminhamento foi feito via Hospital Fumagali de Marechal Cândido Rondon.
O promotor José Roberto Moreira disse que assim que o Ministério Público tomou conhecimento do caso propôs uma ação civil pública com um pedido de liminar de antecipação de tutela encaminhada ao judiciário para que determinasse que o Estado do Paraná atendesse a paciente sob multa diária por omissão de socorro. Até o término da entrevista, a ação pública aguardava o pronunciamento do Juiz. No entanto, Moreira manteve contato com a gestora do HCO para que um leito de UTI fosse disponibilizado, com o compromisso que fosse pago pelo Estado, pois a situação da paciente era extremamente urgente. Segundo o Promotor, a situação não admitia a espera para negociação administrativa com o Estado. Moreira ainda tentou manter contato com o diretor da 20ª Regional de Saúde de Toledo, Edson Simionatto, mas sem êxito. As informações eram que estava em viagem à Curitiba, não atendia o celular e nenhuma pessoa foi nomeada para responder em seu lugar.
Diagnóstico
A saúde pública de Toledo está um caos e o diagnóstico do Ministério Público da Saúde é preocupante, porém em conversa mantida pelo Promotor com médicos do SUS da cidade, eles falam que o SUS daqui é bom em comparação com os Municípios do mesmo porte que Toledo em outras regiões. “De fato, os casos urgentes, especialmente os que dizem respeito a neurologia, nos últimos meses, tem preocupado muito a Promotoria de Saúde Pública, por várias vezes fui acionado para intervir a favor de pacientes que aguardavam em portas de hospitais, dentro de ambulâncias ou mesmo dentro do hospital aguardando transferência para outro local. Hoje, a imprensa acompanhou uma pequena mostra do que ocorre na nossa regional de saúde diariamente. O Promotor de Justiça no hospital tentando resolver uma situação e chegava outro paciente de Guaíra, no qual tive que intervir também”, salienta.
Auxílio
O Promotor de Justiça, José Roberto Moreira, orientou que quando um cidadão apresentar um problema de saúde pública e não for atendido, ele tem três alternativas: procurar um advogado e propor uma ação judicial; procurar um representante do Ministério Público ou se for algo relacionado a risco de vida ou omissão de socorro procurar as Polícias Civil ou Militar.
Audiência Pública
Para o próximo ano, o Ministério Público de Toledo pretende realizar uma audiência pública de saúde para discutir os problemas da 20ª Regional da Saúde de Toledo e estabelecer um plano de metas para ser encaminhado ao Governador do Estado eleito, Beto Richa. Devem participar da audiência gestores, classe médica, enfermeiros, conselheiros, promotores e a comunidade em geral de Toledo e região.
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Texto Selma Becker e Graciela Souza