Apesar da desaceleração no aumento do custo da cesta básica entre fevereiro e março, o peso dos alimentos essenciais continua alto no bolso do trabalhador que recebe salário-mínimo. Em março o aumento da Cesta Básica foi de 0,64%, desacelerou em relação a fevereiro que fechou em 4,95%, no entanto, no acumulado de 12 meses, o custo da cesta teve alta de 7,36%, reduzindo ainda mais o poder de compra da população de baixa renda.
Um trabalhador que recebe um salário-mínimo precisa dedicar quase metade do seu rendimento líquido apenas para garantir a alimentação básica individual em Toledo, segundo o último relatório do Núcleo de Desenvolvimento Regional da Unioeste. O levantamento mostra que, em março de 2025, o custo da cesta básica individual chegou a R$ 661,65, o equivalente a 47,12% do salário-mínimo líquido (R$ 1.404,15). Em horas de trabalho, isso significa 95 horas e 53 minutos do mês.
Para uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças é considerando três adultos equivalentes), o custo da cesta básica atinge R$ 1.984,95, valor 41,36% superior ao salário líquido mensal. Na prática, isso mostra que um único salário-mínimo não é suficiente nem para alimentar uma família, nem tão pouco cobrir moradia, transporte e outras necessidades básicas.
A variação do custo da Cesta Básica de fevereiro a março deste ano foi de 0,64%.Esse aumento representa o segundo mês consecutivo de alta no custo da cesta, embora com desaceleração em relação a fevereiro.
A Coordenadora da Pesquisa, Crislaine Colla explica que a desaceleração tem a ver com a sazonalidade dos produtos. “É importante ressaltar que os produtos que fazem parte da cesta básica apresentam sazonalidade em seus preços, que estão relacionados a diversos fatores, como: fatores climáticos, fatores cambiais, fatores macroeconômicos, entre outros”, destacou a Pesquisadora.
O café com o preço em alta desde o ano passado é um exemplo desta volatilidade. “Com a redução da oferta do produto, em razão da estiagem e queimadas, de fatores especulativos nas negociações na bolsa de valores, redução da oferta internacional e manutenção da demanda, o café já teve um aumento acumulado de 97,55% nos últimos 12 meses, ou seja, praticamente dobrou seu preço e é uma situação que tende a se manter, com previsão de redução apenas para o ano que vem. O tomate também teve um aumento significativo em março e ocorreu devido a uma menor oferta da safra de verão, o que significa dizer que estes produtos assim como outros são muito sazonais e em determinados períodos do ano tem tendência de aumento e em outras uma tendência de redução”, avaliou a Coordenadora da Pesquisa.
Cesta Básica X IPCA
Nos últimos 12 meses, o custo da cesta básica em Toledo subiu 7,36%, enquanto o IPCA - principal índice que mede a inflação no Brasil - acumulou alta de 5,06% no mesmo período. Isso mostra que os alimentos essenciais ficaram mais caros do que a média dos preços da economia.
Poder de compra em queda
A alimentação representa mais de 35% dos gastos das famílias de baixa renda, quando o preço da Cesta Básica aumenta, o poder de compra desta população é pressionado. “Famílias de baixa renda destinam uma parte significativa de sua renda à alimentação, então quando se observa um aumento no custo da cesta básica, seus efeitos negativos são mais substanciais às pessoas e famílias com renda mais baixa”, avalia Crislaine Colla.
Preços em alta
Entre os produtos que mais subiram em 2025 estão tomate (+28,32%), café (+21,22%) e batata (+17,98%), refletindo os impactos da sazonalidade, clima e dinâmica dos mercados globais. Ainda que alguns itens tenham caído, como feijão (-12,74%) e óleo de soja (-9,69%), a tendência geral é de alta.