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CULTURA

Independência tecida a muitas mãos

Pelo segundo ano, a Embaixada Solidária ocupa a avenida celebrando o Brasil que acolhe e os povos que aqui recomeçam

08/09/2025 - 18:26
Por Assessoria


Há cores que não cabem numa bandeira só. Na manhã cívica de 7 de setembro, elas se derramam pela avenida em tecidos, turbantes, bordados, camisetas, fitas nos cabelos e sonhos nos olhos. O cortejo avança como um rio de sotaques: há quem traga o ritmo do Caribe nos passos, o cuidado africano no arranjo das saias, a delicadeza andina nos ponchos, o brilho árabe nos adornos — e o abraço brasileiro que costura tudo, generoso, largo, plural. Pelo segundo ano consecutivo, a Embaixada Solidária desfila representando mais de 40 países e todos os estados brasileiros, lembrando que a independência se escreve no plural: é conquista diária, compartilhada, construída a muitas mãos.

A avenida como livro aberto de culturas

O vento abre as bandeiras como páginas de um livro vivo. Em cada estandarte, uma história de travessia; em cada rosto, um capítulo de coragem. Muitos carregaram, com liberdade, a bandeira de seus países, gesto que mata a saudade e afirma que a independência é patrimônio de todos os povos. À frente, tremulou a Verde e Amarela deste Brasil continental, seguida por tantas outras cores que, juntas, desenharam um mapa de afeto. Foi dia de agradecer ao aconchego e ao acolhimento dos brasileiros — vizinhos que abrem portas, indicam caminhos, compartilham temperos e esperanças.

Crianças nascidas aqui conduziram as fitas do futuro; mães e pais que chegaram de longe seguraram firme os bastões da esperança. A música — feita de tambores, palmas e assovios — se misturou ao burburinho de línguas que se encontram: português, crioulo, espanhol, francês, árabe, wolof… O som que brotou da avenida foi o do pertencimento. Não há estrangeiros quando a cidade decide ser casa.

Universidades: cooperação e afeto lado a lado

Não vieram apenas migrantes e voluntários. Somaram-se estudantes de diferentes universidades com as quais a Embaixada Solidária mantém laços de cooperação — e também de afeto. Jovens de múltiplas áreas caminharam lado a lado, segurando cartazes, câmeras e cadernos, como quem pesquisa o presente para desenhar um futuro mais justo. Na convergência entre conhecimento e solidariedade, Toledo virou uma esquina do mundo e, bem pertinho das margens do Lago Municipal Diva Paim Barth — o mais belo cartão-postal da cidade paranaense — todos os povos se encontraram numa festa de agradecimento ao Brasil.

Parcerias que sustentam recomeços

Ao lado das universidades, vieram representantes do Comitê de Voluntários da BRF. Em parceria com o Instituto BRF, a Embaixada executa um de seus principais programas: o Segurança Alimentar 360º – Desafio Perda Zero, além de outras iniciativas. O programa organiza a força da rede para reduzir desperdícios, dar destino responsável aos alimentos e fortalecer a tríade que sustenta autonomia: segurança alimentar, formação e geração de renda social. É independência na prática: prato cheio, qualificação e oportunidade.

A comitiva contou ainda com representantes da Fiasul, presença que reafirma o compromisso da indústria com a inclusão produtiva e a valorização do trabalho de quem recomeça. A Fiasul tem, hoje, 34% de mão de obra migratória em seus quadros, dado que traduz em números aquilo que a avenida mostrou em afeto: quando a porta do trabalho se abre, a independência ganha chão, carteira assinada e futuro.

Bandeiras, saudades e futuro

As bandeiras, tantas, foram abraços de pano. Cada cor lembrava uma memória: um prato típico, uma canção de infância, a praça da cidade natal, a travessia difícil. Muitos as levaram para matar a saudade e para declarar, silenciosamente, que a pertença não se perde na estrada — se expande. A independência, assim, deixa de ser apenas data e vira princípio de convivência, compromisso de reconhecer a dignidade de cada povo que escolhe o Brasil como casa.

A beira do lago: partilha que vira pacto

Encerrado o desfile, o pelotão — feito de tantas origens — se reuniu em um piquenique à beira-lago, um dos lugares preferidos do toledano e agora apreciado por pessoas do mundo inteiro. Toalhas no gramado, cestas abertas, pratos típicos, frutas, pães e sucos passaram de mão em mão, junto com lembranças, contatos e planos. Na simplicidade do encontro, a independência se teceu, se repartiu e se viveu — como pacto cotidiano de respeito e convivência em solo brasileiro.

Obrigado, Brasil

O Brasil, que já foi porto de chegadas e partidas tão duras, se apresenta — aqui — como mesa posta e rua aberta. Agradecer é pouco: é preciso reconhecer. Reconhecer as políticas e as mãos anônimas que amparam; os brasileiros que ensinam o caminho do posto de saúde, do ônibus, da escola; a indústria que abre vagas; o comércio que confia; a vizinhança que compartilha o que tem. A Embaixada Solidária vem para dizer “obrigado, Brasil” com o corpo inteiro. E para lembrar que não se trata de caridade, mas de cidadania: quando um recomeça, todos avançamos um passo.

Independência cotidiana: construída a muitas mãos

Ao longo do dia, a independência ganhou outros nomes: trabalho, estudo, abrigo, documento, segurança, paz. Bandeiras não são apenas tecidos — são pactos. E, na avenida, os pactos se renovaram: o de quem acolhe e o de quem chega; o de quem oferece a mão e o de quem a aperta; o de quem ensina e o de quem aprende. A independência do Brasil se fortalece quando reconhece a dignidade de cada povo que o escolhe como lar. E a Embaixada Solidária, nessa marcha de cores e afetos, é o lembrete vivo de que a nossa maior riqueza é gente — diversa, criativa, trabalhadora — que transforma lembranças em futuro e território em casa.

 

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