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ECONOMIA

Cesta básica de Toledo volta a subir após cinco meses de queda e pressiona orçamento das famílias

Segundo o relatório do NDR – Unioeste as altas estão relacionadas ao fim da safra de inverno e à redução da oferta no mercado. Uma cesta básica familiar custa 42,30% acima do salário-mínimo líquido 

21/11/2025 - 14:33
Por Redação


Depois de cinco meses consecutivos de redução, o custo da cesta básica de alimentos em Toledo voltou a subir em outubro de 2025. A alta de 4,35% interrompe o ciclo de queda observado desde maio e reflete, principalmente, o encarecimento de itens sensíveis à sazonalidade, como tomate e batata. Os dados foram divulgados pelo Núcleo de Desenvolvimento Regional da Unioeste (NDR).

Custo maior e impacto direto no salário do trabalhador

O valor da cesta básica individual passou de R$ 638,39, em setembro, para R$ 666,02 em outubro—aumento de 3,64% em 12 meses. Isso significa que um trabalhador que ganha salário-mínimo líquido precisa comprometer 47,43% de sua remuneração apenas para adquirir os alimentos essenciais, proporção superior aos 45,46% registrados no mês anterior.

O tempo de trabalho necessário para comprar a cesta também cresceu:

  • Setembro: 92h31min
  • Outubro: 96h31min
Ou seja, quase 44% da jornada mensal é consumida apenas para custear a alimentação básica.

A cesta básica familiar é calculada considerando os custos alimentares de uma família de 3 pessoas – que seria uma família média, composta por 4 pessoas, com 2 adultos e 2 crianças (sendo que as 2 crianças correspondem a 1 adulto), chegou a R$ 1.998,05, valor 42,30% acima do salário-mínimo líquido, o que evidencia que um trabalhador não consegue sustentar sozinho as despesas alimentares do mês.

Produtos que puxaram a alta

Entre os 13 itens analisados, sete subiram de preço, com destaque para:

  • Tomate: +42,58%
  • Batata: +27,25%
  • Banana: +13%
  • Óleo de soja: +3,15%
  • Arroz: +2,13%
A Unioeste atribui as altas principalmente ao fim da safra de inverno e à redução da oferta no mercado. O tomate, especialmente, foi responsável pelo maior impacto no índice geral.

seis produtos ficaram mais baratos, ajudando a conter uma alta ainda maior:

  • Feijão: –5,96%
  • Leite: –3,89%
  • Açúcar: –3,87%
  • Farinha de trigo: –2,80%
  • Carne: –1,25%
  • Café: –0,48%
O feijão liderou as reduções devido à maior oferta de lotes com maior umidade, enquanto a queda do leite foi resultado de aumento de produção, conforme análise do DIEESE.

Evolução em 12 meses mostra forte volatilidade

O relatório indica que, entre novembro de 2024 e outubro de 2025, o custo da cesta básica subiu 3,64%, mas com grande oscilação mensal: 4 aumentos e 8 quedas no período. Desde o início da pesquisa, em abril de 2021, o preço da cesta acumula aumento de 36,31%.

Os produtos com maior alta nos últimos 12 meses foram:

  • Café: +55,40%
  • Tomate: +53,45%
  • Margarina: +14,65%
  • Banana: +9,43%
E os maiores recuos:

  • Feijão: –44,95%
  • Batata: –36,31%
  • Arroz: –35,31%
A volatilidade é atribuída a fatores climáticos, sazonais, macroeconômicos, cambiais e de oferta.

Toledo no comparativo com outras cidades

Toledo tem uma das cestas mais baratas entre as cidades analisadas, mas registrou forte aumento mensal. Em outubro, custou R$ 666,02, valor maior apenas que Recife, Belém, Pato Branco, Francisco Beltrão e Dois Vizinhos.

As maiores altas no mês ocorreram em:

  1. Cascavel: +5,03%
  2. Francisco Beltrão: +4,46%
  3. Toledo: +4,35%
São Paulo segue com a cesta mais cara (R$ 847,14), 27,20% acima da de Toledo.

Quanto deveria ser o salário-mínimo?

Segundo a metodologia do DIEESE, o salário-mínimo necessário em Toledo deveria ser de:

  • Setembro: R$ 5.363,09
  • Outubro: R$ 5.595,21
Esse valor seria 3,69 vezes maior que o salário-mínimo vigente (R$ 1.518,00). Em nível nacional, o mínimo necessário seria ainda maior: R$ 7.116,83.

Inflação nacional e cenário estadual

O IPCA de outubro registrou alta de 0,09%, o menor índice para o mês em 27 anos. Em 12 meses, a inflação soma 4,68%, impulsionada pelos grupos de vestuário, despesas pessoais e saúde.

No Paraná, o Índice de Preços Regional (IPR) para alimentação e bebidas também avançou (+0,30% no mês), reforçando o movimento observado em Toledo.

Poder de compra 

O relatório confirma que o custo da alimentação em Toledo voltou a subir e permanece sujeito a elevada volatilidade. Mesmo com quedas expressivas em produtos como arroz e feijão, os aumentos de itens voláteis — especialmente tomate e batata — foram suficientes para pressionar o orçamento das famílias.

A pesquisa, que já soma 55 meses de acompanhamento, mostra que Toledo segue a tendência nacional: inflação relativamente controlada, mas alimentos ainda exercendo forte impacto no cotidiano dos trabalhadores, sobretudo os de menor renda.

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