Depois de cinco meses consecutivos de redução, o custo da cesta básica de alimentos em Toledo voltou a subir em outubro de 2025. A alta de 4,35% interrompe o ciclo de queda observado desde maio e reflete, principalmente, o encarecimento de itens sensíveis à sazonalidade, como tomate e batata. Os dados foram divulgados pelo Núcleo de Desenvolvimento Regional da Unioeste (NDR).
Custo maior e impacto direto no salário do trabalhador
O valor da cesta básica individual passou de R$ 638,39, em setembro, para R$ 666,02 em outubro—aumento de 3,64% em 12 meses. Isso significa que um trabalhador que ganha salário-mínimo líquido precisa comprometer 47,43% de sua remuneração apenas para adquirir os alimentos essenciais, proporção superior aos 45,46% registrados no mês anterior.
O tempo de trabalho necessário para comprar a cesta também cresceu:
- Setembro: 92h31min
- Outubro: 96h31min
Ou seja, quase 44% da jornada mensal é consumida apenas para custear a alimentação básica.
A cesta básica familiar é calculada considerando os custos alimentares de uma família de 3 pessoas – que seria uma família média, composta por 4 pessoas, com 2 adultos e 2 crianças (sendo que as 2 crianças correspondem a 1 adulto), chegou a R$ 1.998,05, valor 42,30% acima do salário-mínimo líquido, o que evidencia que um trabalhador não consegue sustentar sozinho as despesas alimentares do mês.
Produtos que puxaram a alta
Entre os 13 itens analisados, sete subiram de preço, com destaque para:
- Tomate: +42,58%
- Batata: +27,25%
- Banana: +13%
- Óleo de soja: +3,15%
- Arroz: +2,13%
A Unioeste atribui as altas principalmente ao fim da safra de inverno e à redução da oferta no mercado. O tomate, especialmente, foi responsável pelo maior impacto no índice geral.
Já seis produtos ficaram mais baratos, ajudando a conter uma alta ainda maior:
- Feijão: –5,96%
- Leite: –3,89%
- Açúcar: –3,87%
- Farinha de trigo: –2,80%
- Carne: –1,25%
- Café: –0,48%
O feijão liderou as reduções devido à maior oferta de lotes com maior umidade, enquanto a queda do leite foi resultado de aumento de produção, conforme análise do DIEESE.
Evolução em 12 meses mostra forte volatilidade
O relatório indica que, entre novembro de 2024 e outubro de 2025, o custo da cesta básica subiu 3,64%, mas com grande oscilação mensal: 4 aumentos e 8 quedas no período. Desde o início da pesquisa, em abril de 2021, o preço da cesta acumula aumento de 36,31%.
Os produtos com maior alta nos últimos 12 meses foram:
- Café: +55,40%
- Tomate: +53,45%
- Margarina: +14,65%
- Banana: +9,43%
E os maiores recuos:
- Feijão: –44,95%
- Batata: –36,31%
- Arroz: –35,31%
A volatilidade é atribuída a fatores climáticos, sazonais, macroeconômicos, cambiais e de oferta.
Toledo no comparativo com outras cidades
Toledo tem uma das cestas mais baratas entre as cidades analisadas, mas registrou forte aumento mensal. Em outubro, custou R$ 666,02, valor maior apenas que Recife, Belém, Pato Branco, Francisco Beltrão e Dois Vizinhos.
As maiores altas no mês ocorreram em:
- Cascavel: +5,03%
- Francisco Beltrão: +4,46%
- Toledo: +4,35%
São Paulo segue com a cesta mais cara (R$ 847,14), 27,20% acima da de Toledo.
Quanto deveria ser o salário-mínimo?
Segundo a metodologia do DIEESE, o salário-mínimo necessário em Toledo deveria ser de:
- Setembro: R$ 5.363,09
- Outubro: R$ 5.595,21
Esse valor seria 3,69 vezes maior que o salário-mínimo vigente (R$ 1.518,00). Em nível nacional, o mínimo necessário seria ainda maior: R$ 7.116,83.
Inflação nacional e cenário estadual
O IPCA de outubro registrou alta de 0,09%, o menor índice para o mês em 27 anos. Em 12 meses, a inflação soma 4,68%, impulsionada pelos grupos de vestuário, despesas pessoais e saúde.
No Paraná, o Índice de Preços Regional (IPR) para alimentação e bebidas também avançou (+0,30% no mês), reforçando o movimento observado em Toledo.
Poder de compra
O relatório confirma que o custo da alimentação em Toledo voltou a subir e permanece sujeito a elevada volatilidade. Mesmo com quedas expressivas em produtos como arroz e feijão, os aumentos de itens voláteis — especialmente tomate e batata — foram suficientes para pressionar o orçamento das famílias.
A pesquisa, que já soma 55 meses de acompanhamento, mostra que Toledo segue a tendência nacional: inflação relativamente controlada, mas alimentos ainda exercendo forte impacto no cotidiano dos trabalhadores, sobretudo os de menor renda.




