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Pesquisadora lamenta a falta de humanização e o descaso com o público feminino

Nesta sexta-feira (23), a Casa de Notícias inicia algumas entrevistas com pessoas que foram fontes jornalísticas e, principalmente se destacaram em suas áreas de atuação. A primeira entrevista é com a enfermeira, Jussara. Ela conversou com a Casa sobre a sua pesquisa para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), do curso de enfermagem, da Pontifícia Universidade Católica (PUC), campus Toledo. Ela e sua colega fizeram um diagnóstico do perfil das mulheres que faziam os exames preventivos contra o câncer de colo, em Toledo (sede) no ano de 2009, em Toledo e diagnosticaram que  em 2009, 50% dos casos de câncer de colo de útero estavam relacionados ao HPV.

23/12/2011 - 19:56


Perfil

Jussara veio do Município de Sul Brasil, interior de Santa Catarina. Veio para Toledo sem conhecer ninguém e nada. No entanto, ela tinha um sonho. O sonho de continuar estudando enfermagem. Em Santa Catarina, ela contou que não estava tendo condições para bancar o curso. Então, ela decidiu fazer o Enem e conseguiu uma bolsa em Toledo.

Durante a sua graduação, Jussara participou de movimentos estudantis, como o Centro Acadêmico e Diretório Central de Estudantes (DCE). Segundo ela, o objetivo era defender e lutar pelos direitos dos acadêmicos. “Sou uma pessoa que vivo na faculdade. Eu amo a minha faculdade. Por mais que já tenha terminado – sempre que possível - participo de todos os eventos”.

Jussara se considera uma enfermeira que ama a saúde pública. “A minha paixão é saúde pública. Tive várias oportunidades de vivenciar, porém durante a vida acadêmica tive uma indecisão se eu queria continuar no curso ou não. Você estuda bioquímica, fisiologia, filosofia é uma roda na sua cabeça. No entanto, durante o projeto comunitário - projeto obrigatório da faculdade– eu me encontrei. Foi por meio de palestras e conversas numa ONG que fui me encontrando e não troco por nada esta minha vida”.

 

Políticas Públicas

Jussara confessa que se pudesse influir nas políticas públicas, ela começaria pelas escolas. “Eu começaria educando os alunos com a saúde, porque quando levamos a saúde para as escolas, não levamos somente a saúde para as crianças, mas levamos saúde para os pais, para os professores e para a comunidade. Por meio de campanhas é possível atingir um bom número de pessoas. Assim, a informação é multiplicada com outras pessoas”.

Profissionais

A enfermeira contou que durante a pesquisa de seus TCC conheceu profissionais que admirou e outros que ela não deseja se inspirar. “Você vê a vontade e o amor a profissão que contagia todos os funcionários e os seus colegas. Nós - na saúde pública - precisamos ser simpáticos e cativar o nosso público”.

Mulheres

Um fator que marcou Jussara é a falta de humanização e o descaso com o público feminino. “Há falta de humanização e respeito com o ser humano desde a assistência básica até o hospital. São fatos de não deixar a pessoa se expressar. Não, eu não quero fazer isso. Nós sabemos que se o paciente não deseja fazer tal procedimento, ele não é obrigado a fazer. Há falta de respeito com as mulheres e com todas as pessoas, isto é algo que me marcou profundamente”.

Ao ser questionada se as mulheres conhecem os seus direitos, Jussara respondeu que não. Ela disse que as mulheres não sabem que há programas direcionados a elas. Nós temos no Brasil o Programa de Atenção Integral a Mulher que vai desde a coleta de preventivo, a imunização destas mulheres, exames avançados como mamografia, entre outros e elas não conhece o direito de viver com saúde e sem violência. Atualmente tem se visto muitos programas que mostram a população o direito de ir e vir da mulher, do respeitar a sua decisão, de falar eu não quero mais ser espancada e eu vou procurar ajuda. Não é somente a violência física, mas também pode ser uma palavra que causa magoa”.

Mensagem aos colegas

Jussara lembrou que conversava com os seus calouros para aproveitaram a faculdade. “No ensino superior conhecemos muitas pessoas que podem auxiliar nos nossos estudos e na profissão. Se pudesse eu voltaria no primeiro ano e faria tudo com mais vigor e vontade. Eu participaria muito mais das ações. É uma fase que não volta, sempre me diziam isso e hoje eu concordo. É uma fase que você esta crescendo e evoluindo, então você tem que aproveitar muito bem todos os momentos. Eu repito a frase que um dia a professora me falou: Você vai ter que escolher entre ir para a festa e deixar de estudar e vice-versa. Este misto de sensações e acontecimentos que vem desenvolvendo durante a universidade são sensações que não voltam. São únicas e que devem ser aproveitadas, porém não podemos perder de vista o nosso futuro, os nossos objetivos enquanto cidadão e humanos. Buscar a aperfeiçoar e levar a vida acadêmica com muita seriedade”.

 

Entrevista Selma Becker

Texto Graciela Souza

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